dani 01/02/2013
Sinopse: Emily Giffin, autora de “Ame o que é Seu”, novamente aborda o tema da infidelidade em seu romance contado em capítulos alternados pela esposa injustiçada e a outra mulher. Tessa Russo está comemorando seu aniversário de casamento, com seu belo marido, Nick, um cirurgião plástico pediátrico, quando seu pager toca. No hospital, ele conhece seu novo paciente, Charlie de 6 anos, que foi gravemente queimado enquanto brincava na casa do amigo. A mãe de Charlie, Valerie, uma advogada bem-sucedida, que criou Charlie sozinha, se sente culpada. Como Charlie passa por diversos enxertos e cirurgias para reparar os danos causados em seu rosto e mãos, Nick se aproxima de Valerie. Tessa, uma dona de casa que tem dúvidas sobre deixar sua profissão, reconhece o crescente distanciamento entre ela e Nick, mas não está certo sobre a quem atribuí-lo ou o que fazer sobre isso. O talento de Giffin reside em tornar seus personagens possíveis e referenciais, e os leitores irão se encantar por ambos
Questões do Coração é um livro tocante, sério e muito real. Apesar de se tratar de uma ficção, poderia acontecer com qualquer pessoa, assim como tenho certeza, deve ter acontecido e irá acontecer.
Emily Giffin aborda em sua estória temas para refletir, que nos deixa atordoados e, muitas vezes tristes, como: traição, desestruturação de uma família (como a separação dos pais), acidentes, negligência, fofoca, amizades, etc. Este nos mostra que, tudo aquilo em que acreditamos, tudo aquilo que amamos é frágil e fácil de se perder.
Sempre que fico sabendo de alguém que passou por uma tragédia, não penso no acidente ou no diagnóstico, nem mesmo no choque inicial ou no posterior sofrimento. Em vez disso, encontro-me recriando os momentos corriqueiros que antecedem a tragédia. Momentos que compõe nossa vida, momentos que passaram despercebidos e que, provavelmente, seriam esquecidos se não fossem os eventos que se seguiriam. As lembranças anteriores à tragédia. - Tessa
Assim que li a sinopse do livro me questionei, e fiquei curiosa, para saber qual era o elemento que uniria Tessa e Valerie. Ou seja, que trágico acidente faria com que suas vidas se cruzassem? Imaginei diversas situações e me surpreendi com o que as une.
Tessa e Valerie tem personalidades e vidas bem diferentes: Tessa Russo é mãe de dois filhos e esposa de Nick Russo, um renomado cirurgião pediátrico. Ela abandonou sua carreira para se concentrar em sua família. Sua vida parece perfeita. Valerie Anderson é uma advogada e mãe solteira de um garoto de seis ano, Charlie, que nunca conheceu o pai. Ela não acredita no amor, e sabe que tem que ser forte por si e pelo filho. Mas o que iria tornar suas vidas interligadas é justamente o marido de Tessa: Nick.
Numa noite, um grave acidente acaba unindo as duas mulheres, de uma forma que nenhuma das duas esperava. Elas não se conhecem, e na verdade, nem chegarão a se conhecer tão cedo. O que fará com que elas acabem se esbarrando de fora indireta são suas ações, atitudes e escolhas. E são justamente estes fatores que mudarão a vida das duas mulheres.
Este livro mexe com nossas emoções e nos faz questionar o que é certo, o que é errado, e se uma pessoa boa pode fazer algo ruim, que machuque outrem. A narrativa de Giffin é de longe, perfeita. Há muito tempo não via uma narrativa em que os personagens fossem tão bem construídos, de forma que parecem muito, muito reais. A forma que escolheu para desenvolver os capítulos ficou muito boa, alternando as visões de Tessa para Valerie. Os capítulos intitulados de Tessa são narrados em 1ª pessoa e os de Valerie em 3ª pessoa, o que torna a leitura ainda mais interessante.
Eu não vou falar muito da estória aqui, pois seriam spoilers (não que haja muito mistério sobre a trama). Mas o fato é que é interessante a leitura em si, pois não é a estória que é tão importante, mas os acontecimentos e sentimentos narrados. O que posso falar é justamente sobre os personanges.
Em primeiro lugar, eu tenho que falar que eu simplesmente amei Charlie, ele é um personagem muito interessante, além de ser maduro demais para sua idade. Tudo o que ele passa, depois do acidente, ficando hospitalizado e aguentando o tratamento, tendo apenas a mãe para se apoiar, e além disso alimentando esperanças e desejando ter um pai é simplesmente avassalador. E isto é pouco para descrever o que senti e me condoi por ele.
Tessa por sua vez me surpreendeu. E sinceramente, não sei como ela aguentou tudo o que aconteceu com ela, de forma tão serena (apesar de abalada). Eu não teria nem um pouco da paciência dela, tenha certeza disto. De início ela parecia estar cercada por tudo o que há de bom, e sua vida parecia perfeita...aliás, perefita demais para ser verdade! E realmente não era! Apesar de sua história com Nick ser linda (o modo como se conheceram é um conto de fadas), ela engole muito sapo por sua causa, o que é terrível! E eu posso dizer que apesar de ser lindo, perfeito, etc eu não gostei de Nick? Posso? Por que realmente ele não me agradou nem um pouco: ele está longe de ser o homem que pinta ser! Nick é arrogante, cheio de si! Ele dá mais valor para seu trabalho, ele respira o trabalho, pensa no trabalho, come o trabalho, dorme com o trabalho (ooopsss, e não é que isso se torna algo real?...desculpem o trocadilho). Caramba, ele é muito irrittante. Sua imperfeição perfeita! Humf! Ele não dá nem um pouquinho de valor para seus dois filhos lindos (fofos) e vive mais no trabalho que em casa, além de dar muito pouco carinho para a mulher que supostamente ama. Tudo bem, temos que entender que ele é um cirurgião famoso e tal! Mas o que justifica depois ele ter tempo (E vontade) quando conhece Valerie e Charlie? Por que ele tem mais interesse em desconhecidos do que na familia? Nada justifica suas atitudes.
Só sabia de uma coisa. Sabia que meu marido estava paixonado por Valerie Anderson, a única mulher com quem fizera amizade a não ser eu. A mulher por quem saiu do trabalho no meio do dia para ir até a escola que eu queria que ele visitasse durante meses, conversando aos sussurros com ela no estacionameno. {...} A mulher que ele conheceu em nosso aniversário de casamento. Naquela noite estrelada quando tudo começou. Na noite em que viu o rosto dela e de seu filho pela primeira vez, a noite que, desde então, ele guardou e memorizou e, talvez, até viera a amar. - Tessa
E Valerie? Ela se mostra uma mulher determinada e confiante de inicio, mas no decorrer da trama acaba se revelando como uma mulher sem nenhuma auto-estima, sem personalidade. É impossivel não ficar triste com sua situação, com seu sofrimento (por si e seu filho). E é impossivel sequer imaginar pelo que ela passou e está passando. Mas nada justifica seus atos. Ela parecia ser uma mãe dedicada e atenciosa, mas acaba colocando o filho de escanteio por causa de um homem (não que não dê atenção ao filho, mas está mais preocupada com a noite maravilhosa de prazer que não poderá mais ter). E isso me deixa revoltada. Mulheres assim, que pensam pequeno, e que não conseguem viver por si mesmas, não tem personalidade. Ela que parecia tão determinada, se contradiz, afinal, ela tenta provar que não precisa de homem algum para cuidar de seu filho, mas só está tentando se enganar. Ela se apaixona por Nick, mas mesmo assim suas atitudes não são de uma mulher madura e sim de uma adolescente boba (claro, ela não tem culpa de estar amando-o, e isso é impossível de impedir, mas ela é culpada de saber que ele é casado e mesmo assim se envolver).
Ela se perguntava quem havia sido o idiota que um dia disse que era melhor ter amado e perdido que nunca ter amado. Nunca havia discordado tanto de algo. - Valerie
Eu não desgostei totalmente dela, mas me senti realmente triste com o rumo que a personagem teve (uma personagem que tinha tudo para me cativar). E quem rouba a cena então é Tessa, que mostra ser mais forte do que parecia.
Ufa! Expressei um pouquinho do que penso. Agora, o final do livro me surpreendeu (o finalzinho do finalzinho). Eu imaginei que o desfecho seria um e no fim foi outro.
Questões do Coração, como já disse, nos faz refletir, sobre o certo, o errado, sobre o que realmente nos é importante e o que realmente sentimos e, até mesmo em determinados momentos, deixamos de sentir. É um livro que nos faz pensar em como lidariamos com as situações que os personagens passam, e o a lidar com as situações mais inusitadas e terríveis, da melhor forma possível. Um livro que mostra que devemos ter força e determinação e, principalmente, confiarmos em nós mesmos. E acima de tudo, que muitas vezes para sermos felizes, devemos ter a humildade de saber perdoar.
Gosta de romance? Gosta de drama? Gosta dos dois? Então recomendo este livro para você.