Diário da queda

Diário da queda Michel Laub




Resenhas - Diário da Queda


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Leila de Carvalho e Gonçalves 21/10/2017

A Trandmissao De Valores
Tendo como cenário a cidade de Porto Alegre, "Diário da Queda", de Michel Laub, enfoca a transmissão de valores entre três gerações de uma família. No caso, o avô, um sobrevivente de Auschwitz que guarda silêncio sobre seu passado; o filho, um comerciante de sucesso que se identifica com o judaísmo de uma forma negativa e autodestrutiva; e o neto, um escritor instável que assume o comando da narrativa e não se sente ligado as tradições judaicas.

O romance tem como fulcro uma cena de crueldade adolescente, protagonizada pelo narrador e seus colegas da escola judaica durante a festa de aniversário de João, um bolsista gói (não judeu) e pobre. A história, apresentada por meio de lembranças reunidas num momento catártico, expõe uma aguda reflexão sobre perdas, falta de afeto e a questão identitária que atinge seu ápice com a inversão de papéis, isto é, a vítima torna-se algoz, quando surge a primeira oportunidade.

As ideias destas três personagens, jamais nomeadas, são apresentadas mediante o fluxo de consciência e possuem um padrão hegeliano (tese, antítese e síntese), colocando em pauta o legado do Holocausto. Em linhas gerais, o filho só poderá construir sua própria história, se conseguir filtrar e transcender a inflexível discrição do avô e a obsessão do pai em torno deste assunto.

O livro "É Isso um Homem?", do italiano Primo Levi, que também esteve preso em Auschwitz, é citado ao longo da narrativa, abrindo novas indagações sobre o papel da memória. Exibindo um contundente testemunho sobre as atrocidades do nazismo, para Levi é preciso divulgar o que houve, por mais doloroso que seja, a fim de que se possa impedir uma nova tragédia. Eis uma boa sugestão de leitura, inclusive, ele está disponível na Amazon.

Com um desfecho bem escolhido, que resgata um fio de esperança, "Diário da Queda" foi uma grata surpresa. Trata-se de minha primeira leitura de um romance de Michel Laub e, certamente, não será a única.

Nota: Optei pelo ebook, mas tive a oportunidade de folhear o livro e os dois formatos primam pela qualidade, traduzindo o cuidado da Companhia das Letras com suas edições.
Aurélio prof Literatura 26/07/2019minha estante
Muito bom a resenha. Parabéns!! Depois veja a que produzi.




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Micha 06/05/2018

É daqui, com orgulho
Apresentado aos jovens leitores depois de figurar como leitura obrigatória no Vestibular da UFRGS, Michel Laub vem com uma prosa despretensiosa, mas profunda e importante de ser debatida. Afinal, trata-se de um "romance de formação" com todos os ingredientes típicos desse tipo de obra: aprendizado, reflexões, reminiscências, citações históricas e memorialismo. Ao relembrar episódios de sua infância, o protagonista tenta entender como chegou ao limite na fase adulta. Afinal, certas escolhas e atos que parecem ingênuos podem acarretar grandes transformações nas nossas vidas.
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Douglas.Soares 07/11/2020

Longe de ter sido um texto fácil. Muito menos rápido (e são poucas páginas). Terminei após muitas pausas reflexivas, e só fluía alguns trechos por dia. Tem muitas perguntas e respostas que não vão muito além. Mas, é curioso como ele se desenrola com tão poucos elementos, e como resume que uma vida toda pode ser pautada por um ato infeliz da juventude.
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Sonia 17/01/2021

Em forma de diário, o narrador vai intercalando histórias, pensamentos e narrativas que aconteceram em 3 gerações: a dele, do pai e do avô. Ele conta como foi afetado pela história de vida da sua família.
Gostei, mas achei um pouco repetitivo (talvez propositalmente)
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Natiele 28/09/2018

Recomendo
Só costumo escrever resenhas para livros que realmente me causam algum tipo de impacto. Mesmo sendo apaixonada por livros de historia em principal livros com relatos sobre a Segunda Guerra Auschwitz e afins peguei este livro meio que a contragosto por ser uma leitura Obrigatória para o vestibular, fui surpreendida positivamente em inúmeros aspectos.
A narrativa do autor e os sentimentos dos principais personagens mexeram comigo pois é um livro forte cheio de altos e baixos.
Ao final da leitura senti um certo orgulho por o autor ser de Porto Alegre.
Tesser 01/10/2018minha estante
Que tal um intercambio? hehehe


Natiele 03/10/2018minha estante
Hahaha adoraria


Tesser 05/10/2018minha estante
vamos falar a respeito então heheh


Natiele 05/10/2018minha estante
ah vamos sim!


Tesser 14/10/2018minha estante
Você pode olhar na minha estante e ver se algum livro lhe interessa e dai podemos tentar uma troca ;)


Natiele 19/10/2018minha estante
Claro, eu vou dar uma olhada daí qualquer coisa mando mensagem para vc no privado




Marília 25/02/2022

Esse livro é bem interessante apesar de ter algumas passagens bem fortes sobre campos de concentração.
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Marco.A.Antunes 15/12/2022

Diário da queda, da inconformidade e do recomeço.
Essa obra é talvez tão repleta de sensibilidade quanto de reflexões. Não me lembro de outra leitura em que o cuidado com a dor e o ressentimento e o trauma fossem tão evidentes. Pensar agora sobre João, a queda, o trauma familiar e a tentativa incessante de se desvencilhar do desespero, que tão inevitavelmente se enraiza nessas pessoas a partir de algum momento decisivo causa algum tipo de nostalgia, uma catarse profunda e sincera.

O livro trata da violência, do trauma e de tudo aquilo que acaba formando um indivíduo de forma sempre inexplicável. Sobretudo, fala como a dor acompanha as pessoas por toda a vida e as desampara nos momentos de maior fragilidade e urgência, mas também como o compromisso de responder a esse sofrimento é tudo o que pode justificá-lo no coração humano e é o que de fato determina quem realmente somos. As dores mais profundas que vivemos, ainda que nos direcionem, não nos perdoam por nossos erros e por quem escolhemos ser, e essa talvez seja a responsabilidade de se tomar a vida com a coragem que ela demanda de nós.

Confesso que a única razão de não me maravilhar perfeitamente com essa obra seja uma questão de linguagem, talvez gosto pessoal. Os períodos muito longos, ocupando páginas inteiras, o modo de se expressar do autor que não tão diretamente dialogou com a minha sensibilidade. Nem por isso deixo de ser grato pela oportunidade de me debruçar sobre esse livro, que é um poço de delicadeza e diligência em tratar do desesperador e do inexplicável. O autor se dispõe a fazer uma contemplação sem fim de assuntos sem peso mensurável, e o conquista magistralmente.

Esse é um dos livros que só se precisa ler uma vez, e nunca mais ser o mesmo.
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Marto 20/10/2022

Escrita excelente
Gostei muito do estilo do texto, leitura fluida e com muito significado. Você ler rápido mas o livro te faz pensar e refletir de uma forma que não esperava
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Isabel.Costa 05/03/2021

Leitura densa
Livro que não me agradou. Cheio de traumas, questões não resolvidas que se perpetuam de geração em geração, envolvendo novos relacionamentos do filho que é o narrador.

Escrito em forma de diário e lembranças, não é fluída, requer um esforço para sair da zona de conforto.
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Isolda 22/11/2016

Cair, a arte fundamental
Diário da Queda é um livro muito bom. Um homem de 40 anos conta como sua vida mudou desde o episódio da queda de um amigo em que ele se coloca como corresponsável. Eles tinham 13 anos. Não pense, porém, que esse é o único baque da narrativa ou o mais impactante. O livro de Michel Laub viaja entre a Alemanha nazista, Porto Alegre e São Paulo numa trajetória de quedas e tropeços dos três personagens centrais: ele mesmo, o pai e o avô – um judeu que sobreviveu a Auschwitz, o campo de concentração, mas possivelmente passou a vida atormentado pela Auschwitz de suas lembranças, mais massacrante e letal. Documentar a própria história, uma herança genética que parece ter sido herdada do avô paterno, passa para o pai e para ele próprio. Cada um desses homens tem um motivo próprio, único e arrebatador para construir sua narrativa. Cada um tenta combater uma parte obscura da própria história com um remédio amargo: olhar para dentro dela mesma, equilibrando-se o tempo inteiro para não cair mais.
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ingrid968 28/04/2023

Profundo
Ainda tô tentando absorver e interpretar a leitura. Acho que as conclusões gerais que tiro nesse primeiro momento são:

? como tem fatos na vida de uma pessoa que marcam de um jeito tão profundo que impacta totalmente a sua formação como ser humano, e como isso transcende a pessoa e impacta seu filho/filha e as gerações seguintes.

? como o afeto (e a falta de) muda a vida de uma pessoa.

Achei legal como o narrador ressignifica os aprendizados sentimentais que teve com as escritas de seu pai e avô, pra deixar uma narrativa com uma outra perspectiva (com mais detalhes e afeto) de lembrança.

Lição de casa pós-leitura: entender o que seria a inviabilidade da experiência humana
? Atualização: a inviabilidade do contato das gerações diante do tempo, ou seja, a dificuldade dentro das famílias de se relacionar e de conseguir quebrar o que marca todas as suas gerações. A memória e o silenciamendo entre gerações.
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Aguinaldo 08/09/2011

diário da queda
É sempre sutil, mas cada livro que encontramos conecta-se com os anteriores e futuros. Como leio vários livros simultaneamente é comum que estabeleça sempre associações (ou introduza contaminações) entre eles. Se no "A máquina de fazer espanhóis" valter hugo mãe inventa um futuro para um homem velho como seu pai nunca chegou a ser, nesse "Diário da queda" o que encontramos é a justificativa mental para a invenção de uma trajetória, ou melhor, de uma guinada na vida, uma mudança no futuro de um homem que pode não vir a se tornar pai caso continue com seus hábitos mais entranhados. Trata-se de uma boa história, num livro muito bem escrito. Lembra um tanto o "Quase memória", do Carlos Heitor Cony, mas "Diário da queda" é mais irônico e mais explicitamente literário. Michel Laub faz seu narrador contar a história de três gerações de homens, como em um recenseamento. Este narrador conta o que sabe de seu avô, o que sabe de seu pai e o que sabe de si próprio. Do primeiro as memórias são emprestadas, já que ele não o conheceu. Mas seu pai tampouco parece ter compreendido a complexidade do avô, um sobrevivente de Auschwitz radicado na Porto Alegre do final dos anos 1940. A relação do narrador com seu pai é igualmente difícil e ambígua. O livro parte da descrição de um acidente ocorrido durante o Bar Mitzvah de um colega de turma (gói) do narrador. A obsessão do narrador com sua culpa no acidente e todos os desdobramentos desta culpa (rompimento com os demais colegas, mudança de colégio, briga com o pai, tentativa de se redimir através de uma amizade artificial este colega, as traições cruzadas e seus relacionamentos afetivos complicados) servem como espelho para ele analisar a memória e os atos de seu pai e de seu avô, como se ele estivesse transferindo essa culpa original para alguém, por conta dos atos pregressos de seu pai e de seu avô. Há uma espécie de economia em seu texto (e registro isso não exatamente como um demérito). Ele não é nada verborrágico, nem se preocupa em criar metáforas elegantes, que adornem ou glamurizem o que se descreve. Os capítulos algo fragmentados basicamente constrastam as agruras do Alzheimer, a história judaica pós segunda grande guerra e a intoxicação do alcoolismo. O texto progressivamente acumula camadas de memória, que podem ser reais, tanto as individuais quanto as coletivas, mas também podem ser inventadas ou manipuladas, tanto individualmente quanto coletivamente. Laub apresenta um mosaico de reflexões sobre esses três grandes temas que certamente não irão deixar nenhum leitor indiferente. Bom livro. [início 31/08/2011 - fim 03/09/2011]
"Diário da queda", Michel Laub, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2011), brochura 14x21 cm, 151 págs. ISBN: 978-85-359-1817-5
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BiblioCaldas 03/07/2011

Raríssimas vezes tenho a oportunidade de ler esses autores que são elogiados pela crítica em geral. Pelo que pude perceber desse livro, as expectativas criadas em sua construção são concernentes. Laub acaba com o esquema da leitura linear, se movimentando, com seu narrador, ora pelos traumas do avô (Auschwitz), ora pelos do pai (lembranças) e ora pelos do próprio narrador (alcoolismo). Faz com que um tema, inesperadamente na história, se interligue com o outro, com uma certa lógica. Faz com que pensemos em alguns acontecimentos, históricos ou não, por outros pontos de vista; nas relações de "herança familiar" que recebemos, querendo ou não, de nossos pais e avós. Em minha singela opinião, vale a leitura.
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