spoiler visualizarJesimiel 12/06/2022
Nietzsche Para Estressados
Chegamos em mais uma leitura, dessa feita: NIETZSCHE PARA ESTRESSADOS de Allan Percy.
Eu até acreditava que o livro seria teses defendidas e propagadas por Nietzsche, a qual vim descobrir após as primeiras páginas.
Neste livro, Allan Percy reúne 99 assuntos que são discutidos de forma breve à luz das ideias do filósofo Nietzsche, ou seja, o autor inicia uma temática geralmente citando “o que Nietzsche dizia”, e trás explicações e posicionamentos pessoais.
Não se trata de uma livro de auto-ajuda, mas de análise de casos e situações, para que o leitor venha refletir e aplicar no dia a dia através de seus ensinamentos.
É um livro que faz muita referência a outras obras (sem ser de Nietzsche), onde o autor cita vários escritores, mestres e filósofos, trazendo seus posicionamentos em determinados assuntos.
Trata-se de um convite para que o leitor descubra que a filosofia é uma necessidade humana, que mais sedo ou mais tarde, precisará dela.
No final do livro, Allan Percy chega a ser tão enfático que orienta-nos a desligarmos de ocupações vazias e colocar a filosofia na nossa vida.
Quais partes que mais gostei?
Cito:
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“Quem tem uma razão de viver é capaz de suportar qualquer coisa”.
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“Em outras palavras, devemos encontrar um motivo para nos levantar da cama todas as manhãs”.
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“O problema de muitas pessoas insatisfeitas com sua existência é que elas não pensam na vida que gostariam de viver. E a primeira condição para encontrar-se é saber aonde se quer chegar”.
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“O destino dos seres humanos é feito de momentos felizes e não de épocas felizes. A felicidade é frágil e volátil, pois só é possível senti-la em certos momentos. Na verdade, se pudéssemos vivenciá-la de forma ininterrupta, ela perderia o valor, uma vez que só percebemos que somos felizes por comparação”.
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Vai ter momentos no livro em que ele vai discutir essa comparação de felicidade. Interessante é que, hoje, em razão das Redes Sociais, isto tem sido motivo de grandes constrangimentos e frustração, pois sempre visualizamos as outras pessoas vivendo bem através de fotos, feeds, stories, e achamos que somos infelizes. Mas na verdade, enganamos a nós mesmos.
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Outra coisa legal e interessante é que, o autor, nos propõe a retiros na natureza para curar doenças da alma.
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“Para tratar quadros de ansiedade que nascem do excesso de trabalho e de uma longa permanência na selva de pedra, escapadas de dois ou três dias para a natureza podem ser mais eficientes do que a ingestão de medicamentos”.
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O autor chega a destilar um pouco do pensamento estoico em seus escritos.
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“O estresse não nasce das circunstâncias externas, mas da interpretação que fazemos delas. Talvez o segredo da felicidade seja deixar de nos preocuparmos com fatores e estatísticas que não dependem de nós e nos divertirmos mais”.
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“Não dizer as coisas a tempo é um importante fator de estresse no mundo tumultuado em que vivemos, pois possibilita interpretações equivocadas que acabam pesando contra nós”.
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“Passamos mais tempo reparando erros do que construindo coisas de valor. Assumir essa característica da nossa condição nos ajuda a ser humildes e, o que é mais importante, nos faz tomar consciência de quanto ainda precisamos nos aprimorar. Todo fracasso ou erro nos ensina como fazer melhor”
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“Como já dissemos, as pessoas mais felizes e realizadas são as que sabem aonde querem chegar e têm metas. Podemos alcançar nossos objetivos de forma mais ou menos eficaz, mas o fato de termos vivido em função de algo acrescenta um valor inestimável à nossa existência. Quando enxergamos a vida dessa maneira, nossa origem humilde e os erros que porventura tenhamos cometido no caminho perdem a importância. Como diz o Corão: “A Deus não importa o que você foi, mas o que será a partir deste momento.” Para ver com clareza e atuar de forma coerente, precisamos de algo parecido com um roteiro pessoal”.
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“O homem que imagina ser completamente bom é um idiota. Se a consciência nos torna humanos, a imperfeição também é um traço distintivo de nossa espécie. Passamos mais tempo reparando erros do que construindo coisas de valor”.
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“Nietzsche disse que a nossa natureza humana é imperfeita, e por causa disso cometemos muitas falhas na vida”.
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“Assumir essa característica da nossa condição nos ajuda a ser humildes e, o que é mais importante, nos faz tomar consciência de quanto ainda precisamos nos aprimorar”.
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“Todo fracasso ou erro nos ensina como fazer melhor”.
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“As pessoas mais inflexíveis e perfeccionistas sofrem as consequências de seus atos imperfeitos. Se algo dá errado, costumam colocar a culpa nos outros e ficam descontrolada quando alguém mostra qualquer falha que possam ter cometido”.
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“Nietzsche nos dá o seguinte conselho: é inútil querermos ser bons o tempo todo e fazer tudo certo – o que importa é estarmos dispostos a fazer um pouco melhor hoje do que fizemos ontem”.
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“Para aumentar a autoestima: 1. Viva para si mesmo, não para o mundo. As pessoas que não sabem amar a si mesmas buscam constantemente a aprovação alheia e sofrem quando são rejeitadas. Para quebrar essa dinâmica, devemos admitir que não podemos satisfazer a todos. 2. Fuja das comparações. Elas são uma importante causa de infelicidade. Muita gente tem qualidades e atributos que você não tem, mas você também possui virtudes que não estão presentes nos outros. Pare de olhar para os lados e trabalhe na construção de seu próprio destino. 3. Não busque a perfeição. Nem nos outros nem em si mesmo, já que a perfeição não existe. O que existe é uma grande margem para melhorar. 4. Perdoe seus erros. Especialmente os do passado, pois já não podem ser contornados nem têm qualquer utilidade. Aprenda com eles, para não repeti-los. 5. Pare de analisar. Em vez de ficar pensando no que deu errado, é muito melhor agir, porque isso permite aperfeiçoar suas qualidades. Movimentar-se é sinal de vida e de evolução. Só quem constrói o futuro tem o direito de julgar o passado”.
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“Dizem que passamos metade da vida resolvendo problemas. Isso é perfeitamente humano. A questão é saber se eles merecem a atenção que lhes dedicamos. Utilizando a linguagem cinematográfica, alguns problemas são grandes estreias, outros são filmes clássicos – que às vezes voltam a entrar em cartaz porque ainda não foram resolvidos – e, por fim, existem os filmes B, que são a maioria”.
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“Quem não sabe julgar o que merece crédito e o que merece ser esquecido presta atenção ao que não tem importância e se esquece do essencial”.
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Nietzsche destaca essa semente divina que vive no espírito humano. Nenhuma outra espécie foi capaz de voar aos céus e, ao mesmo tempo, rastrear as profundezas marinhas. Se conseguimos tudo isso utilizando apenas a décima parte de nosso cérebro, como afirmam alguns cientistas, aonde seríamos capazes de chegar? Pense nisso quando estiver se escondendo atrás de suas supostas limitações”.
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“Quando falamos sobre um projeto promissor a uma pessoa dessas, ela logo trata de apontar as falhas para nos desanimar, para que não sigamos adiante. Por esse mesmo motivo, convém ocultar nossos êxitos sempre que possível. Dessa forma poupamos sofrimento e evitamos a carga emocional negativa que poderia nos atingir”.
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“Não há razão para buscar o sofrimento, mas, se ele surgir em sua vida, não tenha medo: encare-o de frente e com a cabeça erguida”.
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“A consequência lógica de não pensar é seguir sempre os outros, abrindo mão da capacidade de tomar decisões e traçar o próprio destino”.
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“Um exercício para manter a mente aberta seria comprar, de vez em quando, um jornal com tendência política diferente da nossa, assistir à programação de uma emissora de TV que nunca sintonizamos ou, ainda, ler um autor de cujas ideias discordamos”.
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“A tensão que nasce do apego a uma opinião imutável a respeito de tudo – o que faz o resto do mundo parecer hostil – pode ser remediada com a prática da empatia. Basta se colocar no lugar do outro para ver as coisas do ponto de vista dele”.
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“Nietzsche dizia que “enganar os outros é um defeito relativamente insignificante”; o que nos transforma em monstros é o autoengano. Uma forma de mentirmos para nós mesmos – e grande fonte de estresse – é imaginar que estamos sempre certos e que o resto do mundo está errado”.
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“Existe uma piada que ilustra muito bem esse posicionamento: um motorista segue em uma estrada de mão única e escuta pelo rádio que um carro está circulando na mesma via, mas na contramão, colocando todo o tráfego em perigo. Após ouvir a advertência, o motorista diz: “Um carro, não. Todos!” Para o ser humano, é muito mais fácil concluir que os outros estão errados do que aceitar o próprio erro”.
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“Você atrai o que pensa”.
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“Liberdade e amor andam juntos. Amor não é reação. Se eu o amo porque você me ama, trata-se de mero comércio, algo que pode ser comprado no mercado. Amar é não pedir nada em troca, é nem mesmo sentir que se está oferecendo algo”.
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“Com este aforismo, Nietzsche faz referência ao perigo da comparação, com a qual sempre perdemos. A comparação e a inveja que a acompanha refletem uma admiração mal administrada, que, em vez de ajudar na superação pessoal, acaba agindo como um obstáculo à nossa capacidade. Esse sentimento, definido como “desgosto pela alegria alheia”, faz com que o invejoso tenha dificuldade de se relacionar de forma positiva com o que o cerca, já que as pessoas que ele inveja costumam ser muito próximas. Para combater a inveja, os psicólogos recomendam que deixemos de encarar a prosperidade alheia como algo que nos deprecia. O sucesso de um companheiro de trabalho não significa nosso fracasso. Ao contrário, nos mostra o caminho que devemos percorrer. Quando substituímos a inveja pelo desafio, os méritos e as qualidades dos outros se transformam em um convite para nossa superação. A melhor comparação é a que fazemos com nós mesmos. De onde estamos, podemos aspirar à conquista do lugar que gostaríamos de ocupar”.
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“O que quer que precise dizer, diga amanhã. As discussões e os mal-entendidos que nascem das ações impulsivas são grandes fontes de estresse”.
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“Quem não sabe guardar suas opiniões no gelo não deveria entrar em debates acalorados”
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“Como diz Nietzsche, é preciso deixar que as opiniões esfriem no gelo, a fim de tornarmos nossa vida mais fácil”.
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“Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na mente”.
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“O viciado em trabalho sofre com altos níveis de estresse, pois acha que nunca dedica horas sufi cientes à sua atividade profissional, o que acaba provocando danos à saúde, bem como à vida pessoal e familiar”.
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“Baseamos nossa autoestima na imagem que os outros têm de nós e é exatamente isso que Nietzsche critica com o exemplo do poeta”.
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“Todo grande feito foi concebido antes na imaginação. Na tela da mente visualizamos o que poderia acontecer antes de buscar os meios para tornar isso realidade. Os êxitos acontecem fora da imaginação, mas são primeiro alimentados por ela”.
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“O destino de um ser humano depende do tamanho de seus sonhos. O problema é que muitas pessoas os estacionam na infância ou na adolescência e adotam posturas derrotistas do tipo “A vida é assim mesmo” ou “O que posso fazer? Preciso ganhar meu sustento”.
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“Com essa atitude resignada é impossível fazer qualquer coisa relevante para o mundo. Como sugere Nietzsche em seu aforismo, nada é tão nosso quanto nossos sonhos. Por isso, quando abrimos mão deles, abandonamos também algo muito importante: a capacidade de transformar em realidade nossos desejos mais íntimos”
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“Faça uma lista com os grandes sonhos de sua vida. Quais se tornaram realidade? Quais fracassaram? Quais você abandonou no meio do caminho? E o mais importante: que sonho você vai tratar como seu objetivo a partir de agora?”
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“Quem não sabe dar nada não sabe sentir nada”
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“Quando sentimos que oferecemos algo ao próximo, de repente tomamos consciência de nosso valor. Ninguém é mais pobre que uma pessoa que não dá nada, pois é na doação que demonstramos nossa riqueza. E não se trata apenas de bens materiais”.
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“Entre essas últimas, encontra-se a ativista americana Hellen Keller, que mesmo cega, surda e muda foi capaz de desfrutar dos sentidos que lhe restavam em experiências quase místicas. São dela as seguintes palavras: Use os olhos como se fosse ficar cego amanhã. (...) Escute a música das vozes, o canto dos pássaros, as poderosas notas de uma orquestra, como se amanhã fosse ficar surdo. Toque cada objeto como se o sentido do tato lhe fosse faltar amanhã. Sinta o aroma das flores e o sabor de cada bocado de comida como se amanhã já não pudesse cheirar nem sentir o gosto de nada”.
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“Se praticarmos a arte da gratidão, tingiremos nossa lente emocional de boas sensações nas horas de dificuldade. Mesmo em situações de tensão e contrariedade, basta nos deixarmos alimentar pela beleza do mundo para conseguirmos encontrar o equilíbrio que nos permitirá superar as provações mais duras”.
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“Como exercício para perceber e agradecer a magia da vida, crie sua lista de maravilhas e pendure-a em um lugar visível da casa, para que não se esqueça das dádivas recebidas”.
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“Diz uma antiga lenda chinesa que um discípulo perguntou ao mestre: – Qual é a diferença entre céu e inferno? E o mestre respondeu: – É muito pequena e, no entanto, tem grandes consequências. Venha, vou lhe mostrar o inferno. Entraram em uma casa onde havia algumas pessoas sentadas ao redor de uma grande panela de arroz. Todas estavam famintas e desesperadas. Cada uma delas tinha uma colher presa pela ponta do cabo à mão, que chegava até a panela. Mas os cabos eram tão compridos que elas não podiam levar as colheres à boca. O desespero e o sofrimento eram terríveis. – Venha – disse o mestre, passado um instante. – Agora vou lhe mostrar o céu. Entraram em outra casa, idêntica à primeira. Ali também havia uma panela de arroz, algumas pessoas e as mesmas colheres compridas, mas todos estavam felizes e alimentados. – Não entendo – disse o discípulo. – Por que estão muito mais felizes que as pessoas da outra casa, se têm exatamente o mesmo? – Não percebeu? – sorriu o mestre. – Como o cabo da colher é muito comprido, é impossível levar a comida à própria boca com ela. Mas aqui eles aprenderam a alimentar uns aos outros. Quantos homens sabem observar?”
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“E, desses poucos que sabem, quantos observam a si próprios? “Cada pessoa é o ser mais distante de si mesmo”
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“Nunca comparar sua felicidade com a de ninguém “
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“O fato de nos compararmos com os outros não deixa de ser uma desculpa para deixarmos de lado a difícil tarefa de construir nossa própria vida”
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“Enquanto olhamos para o lado, observando o que fulano e beltrano estão fazendo, comparamos nossa vida à dos outros e nos lamentamos pelo que não temos”.
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“A melhor maneira de começar o dia é se comprometer a fazer feliz ao menos uma pessoa antes de o sol se pôr”.
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“Esta é a opinião do mestre vietnamita Tich Nhat Hanh: Quando pensamos no passado podemos experimentar sentimentos de arrependimento ou de vergonha, e, ao pensar no futuro, sentimentos de desejo e medo. Mas todos eles surgem no presente e o afetam. Quase sempre, o efeito que nos causam não contribui para nossa felicidade nem para nossa satisfação. Temos que aprender a evitar esses sentimentos. O mais importante é saber que o passado e o futuro se encontram no presente e que, se nos ocuparmos do presente, seremos capazes de transformar o passado e o futuro”.
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“Por isso, em vez de morder uma pedra, é melhor pensar no que fazer aqui e agora, com o que temos, para assim melhorar nossa vida”.
Lou Marinoff pergunta a si mesmo em seu livro Mais Platão, menos Prozac: não seria um grande privilégio poder conversar sobre nossos medos, angústias ou qualquer tipo de aflição com os cérebros mais privilegiados da história? Certamente sentiríamos um grande alívio espiritual se dialogássemos sobre a morte com Platão ou Descartes. Descobriríamos facetas desconhecidas de nós mesmos se lêssemos Kant, Aristóteles ou Montesquieu”.
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“É exatamente isso que propõem os filósofos terapeutas. Eles dizem que a psicologia e os medicamentos muitas vezes não bastam para que uma pessoa resolva suas neuroses”.
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“Na verdade, há quase 30 anos vem sendo praticado e já alcançou resultados muito satisfatórios em pessoas que sofriam uma decepção após outra com psicólogos ou psiquiatras, que oferecem tratamentos longos, caros, incômodos e, muitas vezes, prescrevem remédios com efeitos colaterais”.
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Os filósofos terapeutas ajudam seus clientes a identificar o tipo de problema que enfrentam para poder encontrar a melhor solução, que normalmente é o pensamento filosófico mais adequado à personalidade e à formação intelectual do cliente”.
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“É certo que algumas pessoas precisam ser medicadas ou até mesmo internadas em centros psiquiátricos, mas a imensa maioria da população não está doente – simplesmente passa por um momento complicado e um pouco de boa filosofia pode ser de grande ajuda para superar esses períodos de crise”.
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Recomendo a leitura.