Lili Machado 27/02/2014Todas as paixões que levam ao assassinato – inveja, ciúme, ganãncia, amor, ódio – são, aparentemente, atemporais.Publicado em 1944, esta é uma das únicas estórias da autora que não se passa no século XX e, sim, no Egito antigo.
Esta talvez seja a estória em que a autora melhor descreve os sentimentos dos personagens e sua relação com o modus vivendi naquele contexto.
“There´s no reason why a detective story shouldn´t be just as easy to place in ancient Egypt as in 1943 in England. People are the same in whatever century they live, or where.” – Agatha Christie
Com a trama inspirada em cartas recentemente publicadas, de um sacerdote de Ka, da 11a Dinastia, trata-se de uma família em que os filhos maiores, já casados e com filhos, trabalham com o pai em suas terras.
O filho mais novo de Imhotep, adolescente, quer se envolver nas atividades profissionais e ser tratado como adulto, em 2000 a.C.. A filha, recentemente viúva, retorna para viver com a família, trazendo consigo sua filha. Vive com o grupo, também, a mãe do dono da casa, meio cega mas muito sábia. A rotina das suas vidas muda quando o pai traz para viver com eles a sua concubina, pessoa maldosa, que se diverte em formar intrigas. Fatalmente, a concubina é assassinada, seguindo-se depois outras mortes, que fazem suspeitar de fenómenos sobrenaturais.
Agatha Christie muda completamente o compasso e leva o leitor ao Egito antigo – mas todas as paixões que levam ao assassinato – inveja, ciúme, ganãncia, amor, ódio – são, aparentemente, atemporais. Tanto a trama quanto o final, são brilhantes e satisfatórios, como em todos os seus romances.
As pesquisas de Christie são incansáveis e ela consegue nos trazer os detalhes exatos – tipos de moradia, de alimentação, vestuário – da vida no Egito antigo, inspirada pelo trabalho com seu marido, o arqueólogo Max Mallowan.
O amigo leitor não terminará o livro, tornando-se um especialista em egiptologia – mas terá passado bons momentos de entretenimento.