Gabriel.Larrubia 12/08/2022
Entre quatro paredes... Como todos dizem quando falam desse livro, a peça de onde vem a frase "O inferno são os outros". Pelo jeito muitos se identificam e concordam, eu já me identifiquei muito com isso, mas espero ter mudado um pouco.
Tenho tido contato com psicanálise e por isso quando penso no Outro acabo lembrando do outro que costuma querer ser ouvido dentro de nós, nosso inconsciente.
Como os outros me veem é uma questão muito forte em mim tem bastante tempo, deixo de começar conversas na faculdade por medo de ser inconveniente e falar algo errado e ser conhecido como o cara estranho. Acabei fazendo alguns movimentos esses dias, que podiam ameaçar meu ego, me revelar através da percepção do outro que eu não sou tão bom assim ou coisa do tipo, que sou um covarde, né Garcin, mas acabei tendo surpresas muito boas.
Não to com minha edição aqui pra ver minhas anotações, acabei emprestando assim que terminei o livro, mas enfim. Sim, é impossível se definir sem o outro, mas quem precisa ser o outro? Por que Garcin precisa do amor especificamente da Inês? (isso é respondido na peça, mas apenas da perspectiva de como a Inês é enxergada, não das motivações do Garcin, um pouco até ok, mas como disse uma vez Dunker, "causas não são razões, e razões não são motivos". O outro dentro de mim vale menos que os outros fora? Enfim, a peça é muito boa, o argumento é bem sustentado, o inferno são os outros, mas lembro de uma música que diz que "se tem um paraíso no céu ou um inferno abaixo, isso não importa pra mim, porque eu vejo o rosto de satã quando olho no espelho (kkkkkk calma) e vejo Deus dentro de todas pessoas que conheço." Então sim, o inferno são os outros, mas o paraíso também tá lá, principalmente se depois de desnudados como minhocas, se aceitar o todo e não selecionar o que te interessa pra criticar. Ouvir.
Aliás vai ficar um pouco brega mas a relação da Estella com o espelho e com a própria imagem me lembrou bastante nossa relação com redes sociais etc... a imagem que criamos pra nós mesmos, somos o tempo todo os artistas no palco e o público, e também o público de nossa própria peça. Enfim!