Ana Lícia 22/01/2016Maravilhoso e Encantador.. ( Resenha retirada do blog Livro, Filmes e Encantos)A Contadora de Filmes traz a história de Maria Margarita, caçula de uma família de mineiros com quatro irmãos, Mariano, Mirto, Manuel e Marcelino. Uma família que ama ir ao cinema todos os finais de semanas. Mas que com o acidente de trabalho do pai, que ficou paralítico, e recebendo uma pensão que era metade de seu salário, tiveram os gastos cortados, assim não foi mais possível a família ir ao cinema. A mãe de Maria Margarita,a Maria Magnólia foi embora com o ocorrido. Sim, é muitos emes. Mas tem uma explicação na história.
“Como em casa o dinheiro andava a cavalo e a gente andava a pé, quando chegava um filme no acampamento da Mina e meu pai – só pelo nome do ator ou da atriz principal – achava que parecia ser bom, as moedas eram juntadas uma a uma, o preço exato da entrada, e me mandavam assistir.Depois, ao voltar do cinema, eu tinha de contar o filme a família reunida na sala.” (pág. 5)
Acompanhamos a vida de Maria e seus familiares, ela nunca brincou de bonecas, suas brincadeiras eram sempre com seus irmãos de bolinha de gude e jogo de palitinhos, matando lagartixas. E era muito boa nestas brincadeiras. Até fazer xixi, Maria fazia como os irmãos, de pé. (Confesso que rir na hora que ela conta esta parte da vida) Pois é de uma maneira tão gostosa, como se ela tivesse conversando conosco do nosso lado.
Vivendo apenas os cinco agora. O pai então teve a ideia de fazer um concurso entre os filhos para ver quem iria ao cinema toda semana assistir um filme, e ao voltar contar a história para família. Maria Margarita ganhou o concurso e começou a contar a trama para família. Com o passar do tempo ela foi ganhando fama e os vizinhos também iam ouvir a contadora de filmes, com o tempo Maria ia a atender a domicílio, Senhoras idosas entre outros, e foi aí que fatos tristes começaram a chegar até Maria. Começo de uma puberdade conturbada. Mesmo com acontecimentos tão tristes na vida desta jovem, as vidas vividas nos filmes por ela, através de sua narração eram como um refúgio.
“Era lindo, depois de ver o filme, encontrar meu pai e meus irmãos me esperando ansiosos em casa, sentados enfileirados que nem no cinema, penteadinhos e de roupa limpa, recém- mudada”
“Sua filha é uma fada contando filmes, vizinho, e sua varinha mágica é a palavra. Com ela, nos transporta.”
Que livro incrível. Confesso que me emocionei nas primeiras páginas. É de uma simplicidade e delicadeza, que você se apaixona de cara. Uma família que é apaixonada por cinema. Uma menina que tem um dom, o de contar tramas de todos os gêneros de maneira cativante. Fiquei encantada e solidária por toda a família, pois eles viviam na pobreza, em um povoado que tinha como renda principal A Mina de Salitre. O pai era muito simples e querido, gostei muito deste personagem. Que sofria muito com o abandono da esposa.
Neste livro curtinho, veremos injustiças sociais, o poder de quem tem mais, sob o mais humilde. E as consequências destas atitudes. Como pode afetar outras vidas, principalmente de uma adolescente inteligente, que só precisa de oportunidade para ter uma jornada decente e feliz. Mas este povoado não é um lugar de muitas possibilidades.
A História é linda, mesmo com um final triste, mas sabemos que é bem realista, pois é o que mais acontece em alguns povoados por aí. Pequenos e pobres. Cada familiar teve um destino que nos faz refletir, como este autor foi sincero na sua história.
“Ao chegar à esquina do cinema nós ouvíamos a música emergindo dos velhos alto – falantes e nossos corações se enchiam de júbilo.”
“Eu lia feito uma desmiolada”
A edição é maravilhosa. A Cosac Naify nunca decepciona e separei algumas fotos para mostrar um pouco do livro. Livro com orelhas, folhas amarelas com preto em papel grosso. Fonte no tamanho muito agradável.
Imagens no blog.
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