Otávio - @vendavaldelivros 04/07/2022
“Compreendeu que um destino não é melhor que o outro, mas que todo homem deve acatar o que traz dentro de si.”
Confesso que tinha muitos receios em ter minha primeira experiência literária com Borges lendo “O Aleph”. Em todos os lugares que lia sobre o livro, a máxima era de que definitivamente não era o melhor lugar para começar, que o livro era difícil, complexo e que precisava de, no mínimo, mais de uma leitura para que se entendesse tudo. E, de fato, ele é tudo isso, mas ainda assim foi uma experiência fantástica e marcante.
Publicado em 1949, “O Aleph” é considerado o ponto alto das ficções do argentino Jorge Luís Borges. Composto por contos descritos pelo próprio autor como correspondentes ao gênero fantástico, “O Aleph” tem uma linguagem particular, densa, que parte do princípio que você sabe as referências que estão sendo utilizadas ali e, ao mesmo tempo, faz com que duvidemos da própria realidade. Nos textos, as referências à Grécia, seus pensadores e sua mitologia são constantes, como também é a presença de conceitos filosóficos, teológicos e psicológicos.
Honestamente, não me sinto capacitado para falar sobre todas as qualidades desse livro, mas sou imensamente grato por tê-lo lido. Talvez, esse mesmo receio que me fazia ter medo de adentrar nas páginas de “O Aleph” tenha colaborado para que eu calçasse as sandálias literárias da humildade e somente me abrisse para aproveitar a obra.
Particularmente, ter lido boa parte desse livro em Buenos Aires foi mais um fator que colaborou para que a experiência tenha sido tão incrível. Borges cita ruas pelas quais passei mais de uma vez, o que tornava o fantástico ainda mais crível e a realidade muito mais nublada. Foi uma sorte e uma oportunidade legal de vida poder ter realizado isso.
Por fim, não posso terminar esse texto sem citar “A casa de Asterión”, que foi, de todos os contos, o que mais me impactou, o que mais me encantou e se tornou, de longe, umas das minhas melhores experiências literárias e filosóficas da vida. A verdade é que agora quero ler tudo que esse homem escreveu e fico muito feliz por ter mergulhado nos labirintos desse livro, mesmo com medo. Leiam Borges!