Resenhas - Sidarta

Stuart 26/10/2023

Obra profunda.
O livro retrata uma jornada até o transcendente. Falando sobre a história, primeiro o protagonista começa sua jornada já no círculo familiar, pois seus parentes eram quase todos devotos (brâmanes); isso foi crucial para que ele ao menos tivesse a faísca responsável por acender o fogo da busca pela transcendência. Após crescer, ele abandona a família e se junta aos samanas, peregrinos ascetas, a fim de abandonar as amarras materiais através de jejuns e outras tarefas para aprimorar o espírito. Contudo, o Sidarta sentiu que não houve efeito extraordinário em seu ser essa estadia com os samanas, pois, na sua visão, tudo isso era fugir do seu "eu", algo que poderia ser alcançado por qualquer um, tanto um bêbado quanto um samana; tal ideia também acompanha uma visão dele de que regras e doutrinas não seriam suficientes para fazer um homem atingir o "nirvana". Nesse tempo de questionamentos, um amigo seu, Govinda, que o acompanhou de forma resiliente, o conta sobre a existência de Gotama, um homem que teria atingido a "iluminação" e estava espalhando suas doutrinas. Ele decide dar uma chance ao Gotama, o Buda, e abandona o estilo de vida dos samanas, inclusive "enfeitiçando" um velho do grupo. Em um encontro com Gotama, ele questiona sua doutrina e, após uma longa discussão, ele chega na conclusão de que a "iluminação" só virá de experiências pessoais e a doutrina, por mais que tornasse as pessoas melhores, não era o suficiente. Assim, ele se despende de seu amigo, que vira discípulo de Gotama, e segue sua própria jornada, sentindo-se agraciado com a nova visão de mundo que conquistou após descobrir um pequeno segredo do caminho até o "nirvana". Ao chegar nos arredores de uma cidade, ele conhece uma mulher pela qual viria a se apaixonar chamada Kamala, e, através de seu preparo espiritual e grande treinamento ascético, consegue atrair sua atenção e logo em seguida fazê-la se apaixonar por ele. Para ficar com ela, que é uma mulher de alta classe, ele deve ser um homem rico e influente, então ele começa como conselheiro de um grande comerciante e cresce cada vez mais. Contudo, ele fica cada vez mais um homem materialista e aos poucos perde as capacidades que tinha de ser espiritualmente forte. Um dia, muitos anos depois do conhecer Kamala, ele fica abalado após saber que Kamala largaria tudo para conhecer o Gotama, tem sua última relação com ela e surta, pensando em tudo que perdeu nos últimos anos e no quão fracassada foi sua vida materialista. Ele foge e deixa tudo para trás, inclusive um filho que havia sido concebido naquele dia. Após chegar em um rio, desmaia e é ajudado por Govinda, que não o reconheceu, antes de acordar. Após acordar, eles conversam sobre suas vidas e cada um segue o seu caminho. Logo depois, ele encontra um barqueiro que havia conhecido há muito tempo e pede para, mais uma vez, dormir em sua casa; o barqueiro aceita e, após algum tempo, ele decide ficar ali com o barqueiro, pois se sente confortável na união com a natureza. Muitos anos se passam com ele ali e, após ocorrer um drama onde Kamala passa por ali com o filho a fim de ver Gotama antes de sua morte, ela morrer e o filho ficar sendo cuidado por ele, ele acaba sendo abandonado pelo filho que o odeia e fica extremamente consternado com isso. Depois de sucessivas tentativas fracassadas de recuperar o filho, ele entende que cada um deve seguir o seu caminho e se volta "ao rio", como recomendava o seu sábio amigo barqueiro. Ao fazer isso ele percebe que a voz da natureza, que ele recorrentemente escutava, era bem mais profunda do que ele pensava: era tudo; tudo era natureza. Ao compreender a totalidade através da compreensão da natureza que o rodeou por tanto tempo, seu amigo barqueiro seguiu para "a totalidade" e foi para a selva. Ele ficou ali e, após ter recebido a fama de ser um velho sábio que trabalhava de barqueiro, recebeu uma visita especial: era Govinda. Seu amigo de infância não o reconheceu novamente e começou a conversar com ele a fim de aprender mais sobre seus pensamentos e modo de vida. Sidarta o conta que eles se conhecem e, depois de uma profunda conversa, ele pede para que Govinda o beije na testa; quando Govinda fez isso, era como se o rosto de Sidarta desaparecesse e seu sorriso gentil desse espaço para inúmeros rostos e símbolos, representando assim como ele conseguiu se colocar como o próprio todo (funcionando em consonância com tudo). Ali ele percebeu que o atual Sidarta era idêntico no quesito transcendental ao seu mestre, o Gotama, e entendeu que muito provavelmente Sidarta atingiu a própria "iluminação", o nirvana.

Demorou para fazer esse resumo, mas ele é necessário para entender a linha da história e seus significados filosóficos e até morais. Enfim, recomendo para todos o livro. É uma obra rica demais, que merece mais atenção na leitura e reflexão acerca do que foi dito nela. Certamente você vai gostar!

tatsu 25/10/2023

(Escrito no dia 13/10/2020)
Foi uma vibe muito parecida com a de "O Alquimista", sobre tudo ser uma coisa só e nós encontrarmos no que acreditamos por nós mesmos (??) Algo meio assim. Sobre renascimentos espirituais e busca por sentido. Adorei o livro, por mais que tenha levado um tempo meio desnecessário pra ler. Por coincidência, conheci a música "All Apologies" do Nirvana nesse período, e ela fala um pouco sobre nada se diferenciar de nada. Todos nós seguimos o mesmo curso, como num rio.
Também relacionei muito a história com "O Alquimista" no sentido de estabelecer uma barreira entre "os conhecedores" e "os medíocres". E meu espírito egoísta só falou ainda mais alto por causa disso KKKK. Não sei como melhorar nisso. Eu sou parte de um todo. E eu sempre existi assim como todo o resto do mundo. Não tem como eu ser "especial". Isso é meio assustador.
Enfim, foi muito bom Lucas (meu irmão) ter me falado sobre o livro e recomendado. Adorei e recomendo. Gosto da linguagem e toda a subjetividade do livro :) Seu valor e significado; sua mensagem.

Gustavo.Morsch 24/10/2023

(Re)conectando-se
Não me canso de ler este livro. A busca pelo sentido da vida é um caminho tortuoso... passear com as experiências do Sidarta, conseguindo (com alguma facilidade) aquilo que muitos chamariam de essencia da vida é muito interessante. Não se trata de abandonar tudo ou ter tudo, mas sobre saber escutar e se conectar.

duca nascente 18/10/2023

Simplesmente sensacional do inicio ao fim o cara simplesmente vira Buda no final de tanto que esse homem transcedeu no final. Um viva a Hermann Hesse

Akira 15/10/2023

Uma viagem no autoconhecimento
Depois de ter vislumbrado o talento de Herman em Demian, finalmente concluí a leitura de Sidarta e posso afirmar que este sem dúvida é meu livro favorito de todas as suas obras. Um livro com uma leitura simples e ai mesmo tempo complexa mas com mensagens profundas e metáforas para parar, refletir e repensar até mesmo a sua vida e a maneira de vê-la. Um livro que me fez embarcar em uma viagem de autoconhecimento, reflexão e que com certeza me marcou para sempre. Esse é uma daquelas obras que merecem ser lidas uma vez por ano. O auge de Herman Hesse e todo o seu talento para escrita pode ser visto de forma mais crua nesta magnífica obra.

Roger Ruiz 10/10/2023

Na busca de respostas, esqueci de viver
O livro traz uma profunda reflexão sobre "o que é a vida", questionamento pertinente feito por Antônio Abujamra em suas provocações. Saímos por aí, buscando respostas, conselhos, palavras de um sábio, a vida passa, esquecemos de experimentar, viver a vida, contemplar a simplicidade do que nos é dado.
Fazendo um crontraponto: Sidarta experimentou a vida, se envolveu com as coisas mundanas da vida, bebidas, jogatina. Vale uma reflexão neste ponto pois, se errarmos a dose, talvez não haja segunda chance.

Isadora 09/10/2023

Não leio muitos livros desse tipo, mas desse eu gostei bastante. Gostei de toda a história do Sidarta, desde a adolescência até a velhice, e dos personagens também. Adorei o final do livro e o Govinda descobrindo que o Sidarta era o Buda.

Renatav 03/10/2023

Uma lição!
Segundo livro que leio do autor. O primeiro foi Demian, que faz muito tempo que li. Porém, acho que gostei bem mais desse. Queria ler há alguns anos, mas sempre ficava pra depois, mas agora me parece que li na hora certa. Gostei muito, o livro é lindo, uma lição!

Patrick.Ramos 01/10/2023

Gostei bastante dessa leitura. Fiquei envolvido com a história e seus personagens. O livro apresenta diversos pontos de reflexão, o que deixa a leitura muito agradável e gera certa reflexão no leitor.

Apesar de ser um livro curto, ele apresenta um enredo fantástico. Não é um livro sobre o verdadeiro Buda, mas ele aparece na história.

É o tipo de leitura que indicaria para alguém que está meio que perdido, tanto na vida como em seus pensamentos, procurando um caminho.

Alguns trechos que gostei abaixo:

...

"Só, talvez, que procuras demais, que de tanta busca não tens tempo para encontrar coisa alguma."

...

"E com isso te comunico uma doutrina que te fará rir, ó Govinda: tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas a mim me interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele nem a mim mesmo, de contemplar a ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência."

...

"Não é nos seus discursos e nas suas ideias que se me depara a sua grandeza, senão unicamente nos seus atos e na sua vida. "

Victória 01/10/2023

JEJUAR, ESPERAR, PENSAR
?Era preciso que eu vivesse assim por longos anos, sacrificando o meu espírito, esquecendo a arte pensar, olvidando a unidade. Careci passar por tamanha insensatez, por tantos vícios e erros, por um sem-número de desgostos, desilusões, tristezas, só para voltar a ser criança e para começar de novo. Foi necessário que me degradasse até o mais estúpido de todos os propósitos e pensasse no suicídio, para que me acontecesse a graça. Tive de pecar para que pudesse voltar a viver.?
Esse trecho do livro me marcou de uma forma muito profunda. Sempre estamos cercados de diversos prazeres efêmeros, bens materiais. Quanto mais aquisições temos, mais luxúria, mais achamos que estamos preenchidos. Não percebemos que isso é um vazio ilusório e que a volúpia e a morte possuem uma linha muito tênue.

Sal e pimenta do reino 27/09/2023

Pedra
Gosto de livros que nos ensinam sobre nossa naturalidade, que dão essa sensação de que a natureza nos ensinará muito mais do que qualquer troca que se possa ter, apesar de que nunca seremos capazes de evitar a linguagem e os significados, pois eles são sempre de nós mesmos. Mas existe um fluxo. Tô fazendo essa resenha muito tempo depois de ter lido, então não me lembro do que senti ao acabar o livro, mas tenho memória de uma tranquilidade de ver que a vida é o que é, simplesmente.

Ju 20/09/2023

Vida e espiritualidade
Sidarta é um romance filosófico que fala sobre a espiritualidade de maneira ampla através da história do filho de um brâmane que resolve seguir sua própria trajetória, percorrendo diferentes caminhos na vida em busca de autoconhecimento. Acredito que este livro da margem para diferentes interpretações e, para mim, Sidarta acaba encontrando o equilíbrio entre os prazeres mundanos e a vida espiritual no contato com a natureza. A leitura não é tão fácil nem tão prazerosa, mas a mensagem muito bonita.

Paulo1426 15/09/2023

Sidarta, uma jornada
Tal qual o título de minha resenha, a leitura de Sidarta foi uma belíssima jornada pelo descobrimento não só de Sidarta como si mesmo, mas também como eu. Abarcamos em um processo de autoconhecimento avassalador a medida que o personagem brilhantemente escrito por Hermann Hesse se aventura em si próprio. Lindo em todos os sentidos, esse livro nos faz enxergar o mundo de uma forma mais bela, unificada e complacente, aos futuros leitores, desejo-lhes a mais bela experiência. Om.

Gabriel 14/09/2023

Jejuar, pensar e esperar
É assustadoramente impressionante e lindo como em apenas 160 paginas um livro seja capaz de falar tanta coisa com tamanha beleza.

Eu tenho tantos elogios para esse livro que acho uma perda de tempo tentar capturar o sentimento e as reflexões que podem ser feitas em algumas palavras, a melhor forma de elogiar esse livro é recomendar.