Ópera dos mortos

Ópera dos mortos Autran Dourado




Resenhas - Ópera dos Mortos


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kiki.marino 13/07/2021

Escutem as vozes do passado, feche os olhos e imagine o casarão,estas vidas... Uma narrativa fluida, quase onírica, personagens e seu monólogos solitarios e tristes. Também uma leitura queceu diria "relaxante",fui carregada pra este tempo distante ,entre nevoas...

Sobre Rosalina :"Um amor, uma flor sem ninguém para colher."
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Geovanna Ferreira 18/07/2020

Um dos melhores e mais esquecidos livros brasileiros
Por acaso conheci Ópera dos Mortos, ainda bem! A história da pomposa e decadente família Honório Cota é uma das mais tristes e esquecidas da literatura nacional, a meu ver.

O autor, Autran Dourado, é um mestre das palavras, não é à toa que fui um dos primeiros a lançar livros sobre o ofício do escritor. Autran dominava a linguagem, e por isso criou a sua própria, bem construída e rica. Além disso, o autor soube criar personagens densos, emaranhados em dramas complexos e comoventes.

A protagonista Rosalina é muito marcante, uma de minhas favoritas da literatura. Uma mulher divida entre a moral de sua família e seus próprios desejos, entre permanecer sufocada por um ódio familiar ou viver a própria vida. Como todos e tudo no livro ela é repleta de camadas. Mesmo tendo lido o livro 2 vezes acho que não tenha captado a protagonista em sua totalidade, o que está implícito, o não-dito, é quase um outro personagem da história, é bem gritante, tamanha a habilidade do escritor em criar uma atmosfera crível, tensa e melancólica.

Ópera dos Mortos traz críticas políticas, sociais, culturais, aborda em suas linhas e entrelinhas, o machismo, doenças mentais, elitismo, desigualdades, Minas Gerais e o Brasil de ontem e hoje. Realmente é tão intenso e sombrio que remete à opera, à tragédia grega, uma das grandes inspirações do livro e de Autran Dourado. Um livro que devia ser mais conhecido e apreciado, de uma qualidade técnica e psicológica notável.
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Luiz Gustavo 26/12/2020

Comecei 2020 concluindo a leitura de “O risco do bordado”, do Autran Dourado, e resolvi terminar o ano com outro romance do escritor. “Ópera dos mortos” apresenta a história de três gerações dos Honório Cota, família responsável pela fundação da fictícia cidade de Duas Pontes, com ênfase em três personagens: Lucas Procópio, o patriarca bandeirante; João Capistrano, seu filho, produtor de café; e Rosalina, herdeira do casarão e dos traumas da família. A história é narrada por uma voz coletiva, “a gente” da cidade, que incrementa os fatos com suas próprias ideias e suposições a respeito do que acontecia no casarão da família Honório Cota, da qual todos os habitantes de Duas Pontes haviam sido rejeitados após uma traição política. A maior parte do romance é focada na relação de Rosalina com Quiquina – negra e muda, filha de escravos, atua como empregada e protetora da única herdeira dos Honório Cota –, e José Feliciano, também chamado de Juca Passarinho, forasteiro que bate à porta do casarão em busca de trabalho. Essas três personagens transgressoras – a mulher branca que ocupa uma posição masculina de poder; a mulher negra que mantém a ordem dentro do casarão; o estrangeiro desterrado – ocupam o centro da narrativa, e atuam diante da voz coletiva da cidade que representa uma ordem autoritária, com raízes latifundiárias e escravistas. Embora haja uma linearidade na narração dos acontecimentos ao longo do romance, muitas vezes os tempos se misturam. Fatos e sonhos se fundem, personagens se entrelaçam, acontecimentos marcantes e/ou traumáticos ressurgem diversas vezes, e é preciso ter atenção para acompanhar o fio da meada (ou o risco do bordado, hehe). Embora o enredo tenha me parecido um pouco previsível, gostei muito da linguagem e da narração do romance, e há críticas muito interessantes ao funcionamento da cidade que permanecem terrivelmente atuais. Gostei mais de “Ópera dos mortos” do que do primeiro livro que li do Autran Dourado, e foi uma boa leitura para encerrar esse ano esquisitíssimo. Afinal, precisamos honrar nossos mortos, especialmente os coletivos, que nos acompanham mesmo quando não percebemos sua presença ao nosso redor.
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Jardel Leite 01/02/2021

A arte de se construir uma boa história
Onde eu estava que ainda não tinha lido nada deste grande escritor, Autran Dourado! Este livro chegou a mim assim, meio sem querer, visto em uma indicação de um blog e, ao abrir as primeiras páginas, fui obrigado a interromper todas as outras leituras e me dedicar, com calma e atenção à esta, "Ópera dos Mortos"!

Uma história feita com o cuidado de preservar todas as expressões regionais do local onde passa, uma pequena cidade de Minas Gerais. Mas também uma escrita repleta de uma elegância narrativa, diferente em estilo, excepcional na estética e em que vamos sendo apresentados aos poucos, em pequenas doses de informações,  aos personagens e a todo o arcabouço psicológico que os envolve, numa construção de percepções exponencial.

Não há estereótipos aqui! Há sim uma riqueza de detalhes da natureza humana, das virtudes e dos vícios,  das angústias e medos, das mazelas, da dualidade dos gestos, emoções e pensamentos,  e de como cada ser encara as forças do destino!

E por falar em destino, não trata-se apenas de uma boa história sobre o destino de uma família poderosa dos tempos dos coronéis no interior brasileiro mas de uma história construída com cuidado, com zelo, não só nas palavras e no vocabulário riquíssimo mas nos personagens perfeitamente reais em sua humanidade.

Trata-se de uma trilogia (pesquisando, descobri que a continuação foi escrita duas décadas depois), mas que a leitura isolada deste primeiro livro de 1967 já é, por si só, capaz de nos prender em cada página. 

Para quem, como eu, não conhecia, bem vindos a esta obra-prima, Ópera dos Mortos, de Autran Dourado.
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Ferferferfer 12/11/2022

Excelente
"Quiquina era a ponte, o barco que nos levava àquela ilha. A ponte que contudo não podíamos atravessar, o barco sem patrão vagando no mar silencioso dos sonhos de impossível travessia. Porque a gente indagava Quiquina sobre a vida no sobrado. Se pediam notícias de Rosalina, ela ficava mais muda do que era, sem nenhum gesto, a fábrica de sua fala emudecia. Ela abaixava os olhos e presto se retirava. A gente sabia que era inútil, não mais perguntavam. Temíamos, com as nossas perguntas, perder também o convívio de Quiquina, aquela ponte que, ainda que não usada, havia. Aquele barco que mesmo vazio levava um pouco de nosso cheiro, do sal de nossas lágrimas"
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Eduardo Mendes 31/12/2022

Personagens presos ao passado
Quando quero fugir da minha bolha literária de temas, autores e gêneros, eu peço indicação de livro pra alguém. Foi assim que “Ópera dos Mortos” caiu na minha mão. O livro escrito por Autran Dutra em 1967 foi uma dica do meu pai. Confesso que não conhecia o autor e o que mais me chamou atenção na obra foi a construção lenta de uma história que explora a psicologia de seus personagens com uma beleza incrível.

Com poucos diálogos, o texto de Autran Dutra desnuda a alma dos personagens apresentando-os ao leitor de dentro pra fora; gradativamente seus medos, sonhos e lembranças inevitavelmente vêm à tona; ou seja: são personagens imersos em reflexões e sentimentos complexos e muitas vezes contraditórios. Assim, o autor apresenta diversas vozes que de certa forma estão presos a fantasmas do passado e faz da sua narração uma verdadeira “ópera dos mortos”.

A trama se desenrola numa pequena cidade imaginária no interior de Minas Gerais e boa parte dos eventos se passam no sobrado da importante família Honório Cota, que é respeitada por todos os habitantes da pacata cidadezinha.

Ali temos a ressentida Rosalina, cujo pai e avô foram figuras notáveis e marcantes da região. Curiosamente, Rosalina é uma mistura da personalidade tanto de seu avô quanto de seu pai, que eram, essencialmente, pessoas muito distintas. Essas camadas fazem da protagonista uma personagem extremamente complexa e interessante. É com Rosalina que acompanhamos a lenta degradação e decadência da família.

O sobrado (a casa do Honório Cota) é praticamente um personagem na história, há sobre ele uma certa mística, um respeito por conta dos habitantes locais por ser de longe a mais bela construção da região.

A experiência de leitura foi incrível! Autran Dutra conduz o leitor com uma habilidade incrível, com controle narrativo, ritmo, apresentação dos personagens e domínio total sobre a história que é contada. Me surpreendi com a habilidade do autor em criar personagens multidimensionais e muito, muito reais. Livrão!

Quando quero fugir da minha bolha literária de temas, autores e gêneros, eu peço indicação de livro pra alguém. Foi assim que “Ópera dos Mortos” caiu na minha mão. O livro escrito por Autran Dutra em 1967 foi uma dica do meu pai. Confesso que não conhecia o autor e o que mais me chamou atenção na obra foi a construção lenta de uma história que explora a psicologia de seus personagens com uma beleza incrível.

Com poucos diálogos, o texto de Autran Dutra desnuda a alma dos personagens apresentando-os ao leitor de dentro pra fora; gradativamente seus medos, sonhos e lembranças inevitavelmente vêm à tona; ou seja: são personagens imersos em reflexões e sentimentos complexos e muitas vezes contraditórios. Assim, o autor apresenta diversas vozes que de certa forma estão presos a fantasmas do passado e faz da sua narração uma verdadeira “ópera dos mortos”.

A trama se desenrola numa pequena cidade imaginária no interior de Minas Gerais e boa parte dos eventos se passam no sobrado da importante família Honório Cota, que é respeitada por todos os habitantes da pacata cidadezinha.

Ali temos a ressentida Rosalina, cujo pai e avô foram figuras notáveis e marcantes da região. Curiosamente, Rosalina é uma mistura da personalidade tanto de seu avô quanto de seu pai, que eram, essencialmente, pessoas muito distintas. Essas camadas fazem da protagonista uma personagem extremamente complexa e interessante. É com Rosalina que acompanhamos a lenta degradação e decadência da família.

O sobrado (a casa do Honório Cota) é praticamente um personagem na história, há sobre ele uma certa mística, um respeito por conta dos habitantes locais por ser de longe a mais bela construção da região.

A experiência de leitura foi incrível! Autran Dutra conduz o leitor com uma habilidade incrível, com controle narrativo, ritmo, apresentação dos personagens e domínio total sobre a história que é contada. Me surpreendi com a habilidade do autor em criar personagens multidimensionais e muito, muito reais. Livrão!


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Renato 25/04/2021

Mortos e Vivos
Um exemplo perfeito da boa narrativa mineira e por consequência mundial. Tem a simplicidade de uma conversa de fim de tarde, mas que se aprofunda na intimidade dos personagens devassando medos, preconceitos, ressentimentos e paixões.
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danizinha 17/04/2009

brasileirinho
Autran é ótimo, sua narrativa então fora de questão adorei li em dois dias .
MUITO fantástico nda relacionado a terror qualquer um q ler vai identificar algo em si muito próximo ao q o livro narra
RECOMENDO
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Giordano.Sereno 15/07/2023

Bom livro! Gostei!
É um livro diferente. E, com certeza, não é para todo mundo. A forma de construção da narrativa utilizada pelo autor é de um estilo único. Causa estranhamento no início, mas, com o tempo nos acostumamos e no final já estava até gostando. O começo é um pouco lento. Mas melhora quando José Feliciano entra na história.
Gosto de livros com finais felizes. Não gostei do final que também achei um pouco aberto. Mas isso não inválida o livro que é muito bom.
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fabio.orlandini 04/03/2024

Grata surpresa
Esse foi o primeiro livro que li de Autran Dourado. Adorei sua prosa de contador, porém com estilo e com imersões de fluxo de consciência bem construídas. Um romance curto, poucos personagens, mas nos tornamos tão íntimos que nos sentimos moradores do casarão.
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Camilo 15/03/2009

Uma viagem sensorial
O romance é de uma beleza plástica incrível. É preciso ler com olhos de quem quer descobrir o que há por trás das imagens, das descrições e do mistério que parece percorrer cada um dos personagens. Reflete um quê de barroco, de reflexo de um mundo barroco, com suas contradições que convivem simultaneamente. A linguagem de Autran Dourado beira a poesia.
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nflucaa 29/04/2024

Oralidade em fluxo de consciência? Sim!
Livro impressionantemente bem escrito. Parece linguagem oral, parece muito que estamos ouvindo um mineiro falando! Não só, parece que estamos dentro da cabeça de cada personagem através da boca do narrador que narra suas consciências em fluxo: lembra muito o estilo maravilhoso de Saramago escrever. É um livro gostoso de ler, no mínimo.

Minha surpresa não para por aqui, não. O sobrado dos Honório Cota, personagem principal da obra ? sim, o sobrado é o personagem principal ? lembra muito a casa dos Buendía, do Gabo. Maravilhoso! E se o sobrado lembra a casa dos Buendía, é com alegria que se percebe que, não numa escala 1:1, mas num lembrar factível, a cidade dos Honório Cota também lembra a Macondo dos Buendía.

A história é o drama da família Honório Cota, que aqui não irei contar muito: o avô, Lucas Procópio, homem ruim, diabo encarnado, odiado de toda gente, respeitado na medida em que é temido; o pai, João Capistrano Honório Cota, homem gentil, respeitado por suas qualidades, de estirpe única, homem bom ? mas orgulhoso e, ao ser traído por sua gente quando se mete em política, se isola de tudo e todos. Tal orgulho passa à sua filha, Rosalina Honório Cota, que se afunda no sobrado herdado do pai, isolada, sem contato com o mundo. Também há Quiquina, a criada negra que é uma escrava-mãe da Rosalina, Quiquina que, ainda que seja muda, diz muito. E José Feliciano, seu Juca Passarinho, o agregado que se perde na maldição dos Honório Cota, na solidão inescapável e na loucura subsequente que acomete Rosalina, a patroa.

Esses são os personagens principais, todos orbitando o Sobrado, o principal da história. Do mesmo modo como quando a cada morte de um Honório Cota se para um relógio na casa, simbolizando a prisão no passado, o condenar de não conseguir seguir em diante (no tempo), também o próprio sobrado torna-se um cláusuro: um caixão que sentencia o presente à eterna prisão do passado (no espaço, também). Está aí a maldição dos Honório Cota, a Ópera dos Mortos: cantam na mudeza dos relógios parados, dos tempos congelados. Fazem-se presente no orgulho insuperável de Rosalina.

O final do livro é surpreendente e não comento-o para não arruinar a experiência de quem for ler. Vi que tem mais livros do autor sobre a mesma história, certamente irei lê-los. Um dos livros mais bem escritos que já li!
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Thiago 11/04/2016

Quando os relógios param.
Autran Dourado é sem sombra de dúvidas um dos maiores estilistas de nossa língua, e mesmo tendo sido reconhecido em vida, com a premiação do "prêmio Camões", "jabuti" e com toda a sua reeditada pela editora Rocco, ele é ainda muito pouco lido, é praticamente um ilustre desconhecido, e "ópera dos mortos", é um dos romances mais importantes, ao lado de "sinos da agonia" e "uma vida em segredo". A trama da obra se resume a chegada de Juca passarinho ao sobrado, depois de uma longa caminhada pelo sertão mineiro, pulando de emprego em emprego como um vagamundo, Quiquina a preta-velha e muda o recebe, quando ele pede um copo d'água, e depois ele pergunta se não precisam de alguém para trabalhar no sobrado como biscateiro, ele recebe o silêncio como resposta, e Quiquina fecha a porta, e quando ele ia embora ouve a voz de Rosalina, que o chama e o convida a trabalhar na velha casa.Por um tempo a vida transcorre tranquilamente, Juca passarinho se mostra um trabalhador diligente cuidando da horta, picando lenha e afugentando os moleques que roubam frutas e jogam pedras nas janelas e perturbam a vida das moradoras do sobrado, Mas Rosalina e Juca Passarinho começam a se envolver num misto de asco e desejo carnal violento, e com essa dicotomia acaba levando-os um fim trágico, e assim parando o último relógio do sobrado.
A trama é recheada de rememorações dos antepassados e da vida dos personagens antes e durante a chegada de Juca ao sobrado, e é narrado com muitos fluxos de pensamentos, as vezes dificultando para saber quem está narrando a história, ou se determinado fato realmente ocorreu, ou se foi somente um vislumbre do narrador.
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