O Temor do Sábio

O Temor do Sábio Patrick Rothfuss




Resenhas - O Temor do Sábio


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Jow 30/01/2012

Fortuna Exprimitur Artibus Falsis
The future doesn't pass and the past won't overtake the present
All that remains is an obsolete illusion
We are afraid of all the things that could not be, a phantom agony

The Phantom Agony - Épica

O homem sempre criou mitos para tentar explicar aquilo que ele não compreendia. Antigamente os mitos possuíam força, e eram ouvidos como uma dádiva de sabedoria. Os homens criaram os seus mitos através de alegorias fantásticas, onde seres conseguiam transpor a idéia do real, do lógico e do físico. Esqueceram eles que alguns homens comuns possuíam a capacidade inata de transformar o real a sua volta através de uma realidade comum, mas que os ignorantes de coração não conseguiam enxergar, esquecendo que todo ser concebido neste mundo tem uma natureza comum, que é inerente a todos, e a cada um dos seres. O que esses homens lendários faziam nada mais era que conseguir dar forma a todas as inquietações que o seu ser clamava, e se lançavam no mundo procurando algo que aliviasse a sede de sua alma por conhecimento. Uma alma que buscava a essência do viver, e também, a base de todas as outras coisas. E é buscando saciar a sede de sua alma que Kvote mais uma vez nos proporciona uma aventura sem tamanho.

Depois de uma longa espera e uma enorme expectativa Patrick Rothfuss não decepciona! Se em O Nome do Vento ele conseguiu nos cativar com sua narrativa original, convincente e cativante, em O Temor do Sábio ele vai muito além. Rothfuss cria um verdadeiro panteão de histórias, que proporciona ao leitor uma experiência surreal, e que nos faz devorar o calhamaço de 960 páginas em poucos dias. A narrativa de Rothfuss consegue ser ainda melhor que a de O Nome do Vento, a sua capacidade de incorporar as histórias contadas nas tabernas, nos livros, nas canções e principalmente no calor das fogueiras, faz com que se possível a completa imersão do leitor nas histórias e lendas locais. A filosofia criada por Rothfuss é tão bem elaborada que se passa por real, as lendas do Grande Taborlin, ou a história do Garoto que roubou a Lua são fantásticas e especulativas, mas ao mesmo tempo, são como as nossas grandes epopéias gregas, que sempre transmitem uma lição, que sempre nos dá a possibilidade de irmos além daquilo que sabemos. As criações lingüísticas de Rothfuss (Principalmente junto dos Ademerianos) são perfeitas, e a capacidade de eloqüência em suas falas, torna cada sentimento palpável através de cada página lida.

No decorrer da narrativa, a história de Kvote vai ganhando contornos interessantes, e devo admitir que sua saída da universidade foi algo que trouxe crescimento tanto para o personagem, como para a narrativa. Os interlúdios da história também deixam brechas interessantes para o desfecho da série, afinal Kvote além de sofrer ao contar as histórias, enxerga nelas todas as conseqüências que suas escolhas lhe proporcionaram. Tenho plena convicção de que o presente de Kvote ainda terá mais a nos revelar do que o seu passado.

Kvote é realmente um personagem em transformação. Sua construção ao longo dessas 1.500 páginas da série mostra um personagem em constante processo de lapidação, seja por vontade própria ou mesmo pelas grandes e inevitáveis dificuldades de sua vida. Mas, seu grande mérito é ser orgulhoso demais para desistir daquilo que ele sempre buscou. O orgulho de Kvote é algo inspirador, ele consegue transmitir as mais várias formas de busca através de um sentimento tão insensato. Talvez seu segredo consista em saber que não há mais nenhum lugar no mundo em que ele queira estar, e que a maioria das situações que ele viveu, muitas pessoas matariam pela simples menção de poder desfrutá-los.

Digo isso, porque quem não gostaria de ser um aluno fora do comum na maior instituição educacional de seu tempo? Quem não gostaria de cair nas graças de um mecenas tão rico quanto um rei? Quem não mataria para viver eternamente nos braços de Feluriana?! O mais irônico, e ao mesmo tempo belo, é que Kvote não faz nada disso por orgulho propriamente dito. Ele o faz para que o conhecimento e as oportunidades que aparecem em sua vida sofrível possam ser conhecidas, e principalmente, respeitadas.

É assim que Kvote traça o seu destino: saboreando seus momentos com sabedoria, experimentando na própria pele o sabor que as lendas vivas guardam, e buscando entender a mente de um amor que é furtivo, distante, incompreensível, inesperado, frágil e belo.

Enfim, O Temor do Sábio cumpriu o seu papel e nos deu um arco maravilhoso e duplamente interessante para o fim da saga. Só nos resta esperar pela conclusão da saga, que passará por um baú lacrado e sem chave, por um espectador e ajudante curiosamente interessado naquilo que Kvote está contando, por uma aventura digna de uma canção sobre o Chandriano, e por um silêncio de três partes, que pode muito bem ser preenchido com a morte.
Alan Ventura 30/01/2012minha estante
Gostei bastante da introdução onde você aborda os mitos gregos como a inquietação do homem em explicar aquilo que não compreendia. Muito bom saber que você, pelo contrário, compreende muito bem aquilo que leu, que escreve e que se propõe a dizer, você não é um criador de mitos, você é um mito! Meus parabéns.


Fran Kotipelto 30/01/2012minha estante
Cara, fica difícil falar sobre suas resenhas, a cada novo texto você escreve algo magistral. E usar música do Epica como referência é algo que não posso deixar de citar, porque Epica é foda, Rothfussé foda e você é foda! Parabéns.


Letícia 27/01/2016minha estante
Esta foi, com certeza, a resenha mais emocionante e instigante que eu já li.
Acho que se, por algum acaso, eu não gostasse do O Temor do Sábio (o que é impossível), eu com certeza mudaria completamente o meu ponto de vista sobre este livro incrível.
E eu li os três livros até então lançados ouvindo Epica, então a citação foi perfeita.
Parabéns!




Juliane 15/02/2024

O melhor
Quando eu li ele lá em 2012, prontamente se tornou o meu livro favorito (juntamente com o nome do vento). Depois de 12 anos e muitas releituras, continua sendo.

Os personagens são de uma complexidade incrível, nenhum personagem é só mais um. Cada vez que leio crio novas teorias, percebo detalhes que não tinha percebido e continuo amando ele cada vez mais.

Só leiam, é a melhor série de fantasia!!
Camila 15/02/2024minha estante
É ótima, né? Também é uma das minhas favoritas, mas tô perdendo a fé na continuação. Vai sair mais um livro derivado e a continuação da série, nada.


Juliane 15/02/2024minha estante
Pois é, mas ainda tenho fé que sai




Carlos.Henrique 05/01/2022

Perfeito.
Não tem o que falar... O temor do sábio e o Nome do vento são os melhores livros da minha vida. Favoritos de todos... E agora sou órfão e terei que esperar o terceiro livro... Terei que me contentar com o spin off da auri até lá. Todos os personagens são cativantes. Kvothe é uma protagonista incrível; A auri se tornou uma das minhas personagens favoritas... enfim, tudo de bom!
Roberth 05/01/2022minha estante
Já órfão há um tempão... Lendo tua resenha, me veio tanta coisa boa... Estão no meu top 5 da vida também!




vitória 06/09/2021

meu xodozinho
?Toda a verdade do mundo está contida nas histórias, você sabe.?

Eu amei TANTO essa leitura!!! O livro é maravilhoso dms e é uma continuação totalmente à altura de ?O nome do vento?. Tô muito apaixonada por esse universo desde o livro passado e por toda fantasia presente nele. Os personagens são INCRÍVEIS, tenho um apego mto forte por eles e amo acompanhar o desenvolvimento de cada um. Favorito e xodozinho da vida!!!
Rothfuss, publique o terceiro livro PELO AMOR DE DEUSSSSSSSS!!!
Luna.Bard 06/09/2021minha estante
Coloquei na lista ?




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Arthur Abelha 20/01/2024

O Matador de Reis
Depois de ler o primeiro livro, fiquei com uma ânsia para ler logo o segundo e apesar dos pesares o ritmo desse é muito melhor, o li muito rápido, ainda mais considerando o tamanho do livro, acabava lendo por horas sem sequer perceber.
Alguns pontos, no final por exemplo, senti novamente aquela sensação de "jogado", com cenas que acabavam por descolar da trama, porém não o suficiente pra atrapalhar de forma significativa a leitura.
Estou adorando acompanhar a saga de Kvothe e ansioso para a continuação.
Essa trilogia me fez querer explorar mais obras de fantasia épica/medieval.
Iury Cauan 21/01/2024minha estante
pra quem gostava/gosta de fantasia moderna


Arthur Abelha 21/01/2024minha estante
Fantasia urbanista e dá pra gostar dos dois ?? Dá pra gostar de todo tipo de fantasia




Bruno 17/12/2022

EXCELENTE!.
Mais uma releitura concluída, o Kvothe simplesmente é um dos melhores personagens dos livros que eu tive o prazer de conhecer, ahh e a escrita do Patrick... Incrível!.
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Clara.Trevisan 28/01/2022

Gostei muito dessa leitura, embora tenha achado certos momentos da história meio arrastados. Porém super indico para pessoas que buscam um livro empolgante e cheio de aventuras
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Marcelodmr 23/05/2021

Superou o 1o livro
Achei que a história já era bem complexa, mas nesse 2o volume o autor se superou.

Não tenho a pretensão de fazer uma resenha resumindo o livro, mas sim de que a história continua sensacional. Já era boa e ainda tem alguns desdobramentos que a deixaram incrível.

Kvothe tem uma personalidade única e bem articulada. Às vezes parece ser meio bobo, mas ele é um adolescente vivendo a vida de um homem adulto complexo.

Não vou dar spoiler sobre os desbobramentos, mas saibam que a história vai para longe da universidade.

Por fim, achei a leitura melhor. Não sei se é porque sou fã dessa trilogia ou se realmente é de fato. É muito bom!! Venha logo o 3o volume, por favor.
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DeborahJez 07/02/2024

Não sei nem como começar essa resenha, esse livro não tem nenhum defeito, literalmente impecável. Só queria mais e mais do nosso menino Kvothe. Incrível como a história se desenrola com naturalidade e gostei do Kvothe ter um pouco de paz e regalias que nunca teve antes, mesmo que seja por pouco tempo, até porque creio que a paz dele não vá durar muito.
Tenho mil e uma teorias do que pode ter acontecido com o Kvothe, mas infelizmente vamos ter que aguardar e torcer para sair o último livro.
Também fico pensando o motivo do Bast querer tanto que o Kvothe volte a ser quem ele era no passado, sei que ele se importa com o seu Reshi, mas também acho que tem algo a mais nisso.
Enquanto não somos agraciados com o último livro, vou ler o livro da Auri e também do Bast.
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Victor 24/06/2020minha estante
Nunca tinha pensado que alguém se irritaria tanto com Kvothe rsrs, acho que ele tem uma personalidade na medida de certa para ser normal, tipo, nem vilão nem herói, apesar de protagonista. Mesmo sendo inteligente faz umas burrices, e tem um egoísmo que penso bem realista.

Sua resenha me deu vontade de reler para confirmar algumas coisas, na ideia de esperar o terceiro sair para reler e emendar acaba que já estou esquecendo quase tudo


micaela 25/06/2020minha estante
O jeito que ele narra é tão sutil que se bobear você nem nota o quão egocentrico ele é, tudo gira em torno dele (ok, eu entendo que a história é dele) mas ele não dá a mínima nem pra descrever as caracteristicas físicas dos próprios amigos (amigos esses que parecem só estar ali pra falarem o quão bom ele é em algo). Todas as personagens femininas possuem algum tipo de atração/afeição pelo Kvothe, as que não possuem são esquecidas (como a Moula) ou descritas como vinalescas (como uma personagem -esqueci o nome- que aparece quando ele está em Ademre). Kvothe é bom em simplesmente tudo, fica difícil ter empatia por alguém que você não se identifica.

É bom reler mesmo, acho que ainda vai demorar um bocado pra sair esse terceiro livro.


Victor 26/09/2021minha estante
Real concordo contigo, até pq em histórias onde o narrador é personagem é muito perigoso a gente confiar plenamente no que ele conta, e isso que vc disse do egocentrismo é muito explícito mesmo




Neto Murracho 21/08/2021

Despcionante
Você começa lendo os livros sabendo que o personagem é muito famoso no seu mundo e espera que no decorrer das páginas essa história seja esclarecida.
Os dois livros ao meu ver só dão uma breve pincelada nesses grandes feitos !!!
Tenho que admitir, foram varias estórias boas, mas parece que o autor não soube como juntar tudo e fazer um final digno ao belo enredo que ele criou.
O livro simplesmente acaba e muitas dúvidas não chegaram nem perto de ser respondidas !!!
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Renata CCS 18/03/2013

A instigante transformação de um menino em homem, herói e assassino.
“Lembre-se de que há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil.” (O Temor do Sábio)

O TEMOR DO SÁBIO começa exatamente onde O NOME DO VENTO nos deixou. Ao terminarmos o primeiro livro, fomos deixados à beira de diversos mistérios. Kvothe está em sua hospedaria contando sua história a seu aprendiz, Bast e ao Cronista. Achei uma ótima continuação: o ritmo continua acelerado e a história continua nos prendendo. Eu demorei um pouco a me ambientar de novo, então, para quem puder, recomendo ler os dois livros em sequência para não perder nenhum detalhe (com certeza, devo ter perdido).

Apesar de o segundo livro ser um “tijolão” de 960 páginas, seu ritmo é bem mais acelerado do que o primeiro. Não precisamos ser apresentados à simpatia, já sabemos como ela funciona, e tem uma quantidade dobrada de aventuras, ação, magia e amadurecimento por parte do protagonista. Temos também novos personagens, claro, é já existem não sei quantos na bagagem. Os personagens secundários ficam ainda mais notáveis e os dois melhores amigos de Kvothe – Sim e Will - acrescentam muito humor à trama.

Por causa das rivalidades e incidentes com Ambrose, Kvothe se afasta da universidade por quase um ano, a pedido de seus professores mais próximos. Ele parte para a terra de Vintas com a intenção de que o maer, o homem mais rico daquela cidade, patrocine seu trabalho como músico, e é aí que começam as aventuras de Kvothe em terras desconhecidas.

É precisamente nesse segundo livro que Kvothe encarna o personagem das lendas e dá início a série de feitos heróicos que serão tema de músicas e histórias contadas e cantadas pelas terras dos Quatro Cantos. Ainda com sua obsessão pelo Chandriano, Kvothe vai revelando suas faces e acompanhamos a instigante transformação de um menino em homem, herói e assassino.

A escrita de Patrick Rothfuss continua excelente e sua atenção aos detalhes da trama continua a surpreender. Suas descrições são detalhistas, muito bem feitas e fascinantes. O autor é extremamente criativo: conseguiu inventar um mundo que é ao mesmo tempo completamente diferente do nosso, mas ainda assim incrivelmente familiar, e tudo isto porque seus personagens são mais do que realistas, muito bem caracterizados e capazes de despertar paixão e ódio.

A parte triste é saber que o terceiro livro está previsto para 2014. Será uma longa espera, mas tenho certeza que será muito bem recompensada!
Nando 20/03/2013minha estante
Para quem gostou do primeiro livro, O Nome do Vento, não pode deixar de ler este! É realmente melhor ainda!


Renata CCS 22/03/2013minha estante
Olá Nando, tb gostei demais. Pena ter que aguardar o final da trilogia ainda para 2014.


Sandramithy 28/10/2013minha estante
Amei os dois primeiros da trilogia, aguardando ansiosamente pelo terceiro! Adorei a resenha, parabens.


Renata CCS 29/10/2013minha estante
OLá Sah, realmente PR nos pegou com esta trilogia, não é mesmo? Abraços.


Katarina 17/02/2018minha estante
Em 2018 a espera continua...


Jailtom.Marques 26/10/2021minha estante
2021...




Albarus Andreos 30/08/2012

A Morte de um Ídolo
Lamento dizer queridos leitores, mas Patrick Rothfuss está morto!

Sinto-me traído, decepcionado, irritado até... Tudo o que não deve ser relacionado a uma boa leitura me vem do estômago, neste momento, envolvendo meu coração numa capa morna e ácida. Uma lástima que me seguiu a partir do ponto em que comecei a achar que o Rothfuss que estava lendo não era o mesmo de O Nome do Vento (Editora Sextante, 2009), o primeiro da série e que suscitou em mim leveza de espírito, paixão acachapante e idolatria. Com orgulho cheguei a propalar que Rothfuss era meu ídolo. Morreu... Não é mais.

Como dimensionar a decepção de um fã com seu ídolo? Estou sem ânimo para falar muito sobre isso na verdade. Após uma leitura entediante e seca de emoções, terminei o calhamaço intitulado O Temor do Sábio - A Crônica do Matador do Rei - Segundo Dia (Editora Arqueiro, 2011). Não me recordo da última vez que demorei tanto para terminar um livro. Não que a grossura seja um problema (já li outros, tão volumosos quanto); para um livro que gostamos, ser enorme é uma qualidade muito bem-vinda, mas não é o caso.

Vou tentar fazê-lo entender o que quero dizer. Uma tentativa débil, já que me falta ânimo para defender profundamente a ideia.

Recentemente surgiu uma notícia que fez os fãs de Crepúsculo se debulharem em lágrimas. Nada a ver com os livros, Ok! Mas eles tiveram que encarar a pulada de cerca da atriz Kristen Stewart (a mocinha botou um par de chifres no ator Robert Pattinson, seu namoradinho desde os primeiros filmes da saga. O ator é ídolo das adolescentes desde quando era colega de Harry Potter, na pele de Cedrico Digori). Fãs se descabelaram, alguns não acreditaram e disseram que tudo era armação (Jesus! Bom... Tem gente que não acredita que o homem foi a lua, não é?!) e outras pessoas nem sequer sabiam quem era Kristen ou Bob (existe gente que tem que viver a vida, afinal!).

As que sentiram a separação como um golpe (as fãs mais xiitas da saga de Stephenie Meyer), talvez sejam as mais próximas de entender minha decepção com O Temor do Sábio. Não chorei, não queimei o livro, não perdi o sono... Até porque este livro deu um sono danado! Só que a sensação de vazio no peito é muito ruim. Se você está acostumado a rir de minhas resenhas, se divertir com "tiradas engraçadas", a se identificar com minhas "críticas espirituosas", lamento decepcioná-lo. Só há trevas aqui!

O Temor do Sábio continua a saga de Kvothe, iniciada em O Nome do Vento e não termos a mesma dinâmica do primeiro livro, o andamento mágico do enredo, a mesma sequência impecável de magia digna de ser considerada o maior livro de fantasia atual por George R. R. Martin (de As Crônicas de Gelo e Fogo). O livro é arrastado, moroso e enfadonho. Sim, temos os queridos personagens e elementos otimamente engendrados do primeiro livro, que acompanham o Kote adulto (o Cronista, Bast, a taberna Marco do Percurso...) e o Kvothe jovem (Denna, Simmon, Auri, Meste Kilvin, a Ficiaria, os latoeiros etc.), contudo, quase nada de novo acontece. Estamos na Universidade, com as aulas, as dificuldades com grana, os problemas com Ambrose, os empréstimos com a usurária Devi, as apresentações de alaúde... Depois, conhecemos o maer Alveron, Tempi e... Feluriana. Mas o que prometia excitação, deslumbre e arrebatamento em altas doses de boa fantasia, nunca veio.

A ótima narrativa de Rothfuss está lá, é claro, a poesia dos momentos com a pequena Auri também, as construções geniais aparecem comumente, a escrita é muito boa mas não temos assunto! Praticamente não ouvimos mais falar do Chandriano embora Kvothe tenha readquirido acesso à biblioteca. A procura pelas respostas que se iniciaram no primeiro livro, obsessão do jovem arcanista até então, infelizmente não é retomada de fato, com exceção de umas pinceladas; o autor se perde demais no cotidiano da vidinha do nosso Kvothe.

Depois de centenas de páginas falando do dia-a-dia da Universidade onde o maior desafio fora recuperar um simples anel da sua namoradinha platônica Denna, Kote resolve pular dois episódios inteiros que poderiam ser de grande interesse do leitor: o julgamento em Idris (citado em outra ocasião, no primeiro livro) e a viagem até Vintas. Surgiram alguns preocupantes pontos de dissonância lógica também. Na corte do maer Alveron, Kvothe precisa de passarinhos para testar se ele está sendo envenenado. O maer pede ao seu criado Stapes que apanhe alguns no jardim e ele volta depois de alguns instantes com uma dúzia! Como assim? Ele sai e volta como se tivesse ido buscar algumas cebolas na cozinha? Desde quando uma esquisitice como "capturar passarinhos" é fácil desse jeito? Ficou bizarro!

Kvothe, pelo milésima vez, se perde e reencontra a garota de programa Denna e fica com aquele vai-não-vai de "virgens acanhados" que já encheu. Dessa vez ela está do outro lado do mundo, em Vintas! Meu, que coincidência, não?!! É como você sair de Venceslau Braz, no Paraná, e ir até Capistrano, no Ceará, e encontrar a pessoa que se ama, assim, sem mais nem menos, no meio da rua! Eu não gosto de coincidências e, na minha opinião, ficou tudo muito ridículo. É exigir condescendência demais do leitor. Que pena... Por que essas bolas fora, Rothfuss? Simplesmente, tenho que lhe dizer meu velho, que não é mais meu autor favorito! Depois de tantas páginas fica a impressão que o livro foi esticado até a imponderabilidade. Assunto para duzentas páginas distendido até se tornar fino e insubstancial como uma pétala de uma flor transparente num sonho que passou devagar, pesaroso, febril...

No Eld, na companhia de um batedor, dois mercenários e um guerreiro ninja adenriano Tempi, a narrativa nos entrega uma centena de páginas de um Kvothe aprendendo libras e tai-chi-chuam arte lethani... (Que sono!) As desavenças com Dedan mostram um Kvothe ainda adolescente e já se metendo a desafiar um cara duas vezes maior que ele, o que levanta certa incredulidade quanto ao texto. É importante ressaltar que n'O Nome do Vento, Rothfuss não cometia dessas incongruências, sendo sempre muito cuidadoso em não deixar o leitor descrer de seu texto.

Dá para ver que a intenção do autor é esmiuçar a formação de uma lenda: Kvothe. Ele, repetidas vezes, demonstra como o jovem arcanista exagera nas suas próprias histórias no intuito de construir uma "reputação" para si: "o Arcano", "assassino frio"... Bast, aliás, acredita nisso piamente e até arruma confusão para o velho Kote, na sua estalagem, achando que este abandonaria seu casulo e se revelaria o velho Kvothe, o herói das lendas pretéritas. Isso não acontece, contudo, e é um ponto positivo na literatura de Rothfuss, mas se estamos falando de um livro de fantasia, talvez fosse melhor se isso fosse verdade, porque se ficarmos economizando na matéria prima, fica tudo muito chato! No fundo, vemos um cara quase comum, com uma fama desmedida. Muito fiel à realidade, mas isso pouco contribui para a fantasia. A decepção de Bast é, na verdade, a minha própria! Rothfuss faz de Kvothe um Pedro Malasartes frustrado.

Li recentemente uma suposta carta do autor a uma escritora iniciante, sua fã (segundo consta teria sido extraída de seu blog), em que aconselha a moça a não se estender demais nos assuntos. Que o início de O Senhor dos Anéis, com todos aqueles detalhes do aniversário de Bilbo, era maçante e exagerado demais; que Tolkien teria se demorado muito em explicações e descrições além do aceitável. Bem... eu concordo integralmente com isso! Sempre achei a mesmíssima coisa. Ele diz também que a Bíblia é outro exemplo, onde as descrições e detalhes também existem, mas o Levítico e Números estão lá pelo meio do livro e que o início (Gênesis) é "Ação!", "Magia!" e que "por isso é o livro mais vendido do mundo".

Acontece que ele comete esse erro em dose tripla em O Temor do Sábio, já que tanto o início, o meio e o final são chatos e descritivos demais! Rothfuss detalha compulsivamente a aprendizagem de Kvothe e se esquece que o que queremos realmente ver é sua vingança, a caçada ao Chandriano e a história dos Amyr. Falta ação! Não dá para entender também que, ao descobrir o Nome do Vento (sim, Kvothe descobriu o tão esperado Nome do Vento!), o personagem tenha encarado isso com tão pouco entusiasmo. Cara, isso parecia ser tão importante no primeiro livro que simplesmente é o título da obra!!!

Minha teoria é que, pelo fato de termos um grande autor que escreveu um livro inicial maravilhoso, ninguém teve coragem de lhe impingir alguns conselhos sábios ao escrever o segundo, como "cortar o que não for estritamente necessário", "sintetizar para não embolar o meio-campo e aborrecer o leitor","concatenar ideias para não se perder e ter que ficar explicando depois" e outras coisas do tipo. Isso, todo editor faz quando se apresenta o primeiro livro, mas se este primeiro vende milhões de cópias parece que ninguém tem a audácia (ou peito mesmo) de lembrar ao autor destas boas premissas para os livros seguintes. O mesmo aconteceu com J. K. Rowling, embora não aconteça com Bernard Cornwell ou o próprio George R. R. Martin (talvez seja porque eles escreveram muitos outros livros antes de começarem a vender milhões e assim treinaram bem as "regrinhas da boa escrita ficcional". Foram muito melhor revisados e aconselhados antes de virarem os ícones literários que são. O tempo foi o mestre e Cornwell e Martin, agregando amadurecimento às suas escritas).

Torci, até umas cem páginas do final, que o cara me surpreenderia com uma reviravolta espetacular, um artifício de autor fantástico que me deixaria de queixo caído e me faria entender cada uma das páginas chatas de todo o livro e me faria dizer "Putz! Então era isso!!!". Cara, como eu torci para isso! Mas não... Nada disso aconteceu e até o final, exceção para uma ou outra sacada legal (só isso, e "legal", para um cara como Patrick Rothfuss, não é sequer admissível!). No todo, tivemos um livro chato pra caramba!

E eu já ouvi alguém dizer que a história que se conta pode até ser chata, mas se o autor souber contá-la, fica boa! Bem, Rothfuss é genial como escritor, mas isso não salvou O Temor do Sábio. Aqui está a prova de que uma história não pode ser tão fraca! Não TÃO FRACA, pelo menos! Lamento.
Juliana 23/11/2012minha estante
Eu compartilho, em partes, da sua opinião. Amo a história, mas estou enfrentando trechos enfadonhos e me segurando para não pular algumas páginas e ir logo ao que interessa. Quase um mês de leitura já...


Eder 25/01/2013minha estante
Concordo com tudo!


JF 18/02/2014minha estante
Concordo plenamente! Foi uma leitura tão massante e frustrante, que sequer considero ler o último volume. Dinheiro e tempo jogados fora!


Jhonatan.Eber 04/10/2015minha estante
Esse é o tipo de livro para ser lido uma segunda ou terceira vez, a maioria das pessoas que conheço que acham a parta do Ademre "maçante" talvez não entendam a complexidade ou o nível de inovação que foi esse modelo filosófico e social, e isso está nos detalhes da coisa.

O Kvothe adulto ainda é jovem, Patrick sempre falou que a enfase da história é a construção do personagem, ele relata fatos que agregam de alguma forma ao personagem..... Como seria plausível ele ser o que se tornou sem passar pelo que passou? Estranho seria ele partir para lutar contra o chandriano sendo que não saberia manejar uma espada.

Novamente Kingkiller não é uma história totalmente focada nos personagens.


x2 09/02/2016minha estante
Odeio deixar um livro pela metade. Já cheguei na página 700 depois de quase cinco meses e é para mim um sacrifício cada vez que me forço a ler mais. Chato, chato, chato. Capítulos inteiros desnecessários, cenas implausíveis. Kvothe passou a ser um pé no saco! Por sorte sempre leio mais de um livro por vez. Nesse mesmo tempo teria lido todos de Martin, Rowling, Tolkien...




Maike 03/05/2022

Um silêncio de três partes
Não estranhe, eu já resenhei esse livro, mas como a análise não estava digna dessa criança de 960 páginas
Então RECEBA:

?Resenha: O temor do sábio / patrickrothfuss / editoraarqueiro
.
Faaaaaaaaala FILHOTE! Voltei
Voltei com aquela resenha maneira que vocês gostam! Na análise de hoje teremos o segundo livro da saga ?A crônica do matador do rei: Segundo dia?.
Primeiro, não julguem esse tijolo pelo tamanho, cada página vale a pena!
Sem enrolação, vamos falar do melhor livro que eu já li até hoje.
.
A editora manteve o bom design da capa se compararmos com o primeiro livro. A capa mudou daquele tom amarelado para esse esverdeado sombrio que vai combinar muito com a história.
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A diagramação se manteve a mesma de O nome do vento, são 960 páginas com capítulos médios. Dá pra ler um capítulo por dia se você for um leitor iniciante. Mas se quiser terminar rápido vai precisar fazer melhor que isso kkkkk (eu terminei em 2 meses)
.
O livro vai dar continuidade a história de Kvothe, que estava na universidade aprendendo tudo que podia. Mas ele vai se ver forçado a ter que abandonar os estudos. Mas sabendo que arriscou tudo que tinha para estar ali, tudo isso graças ao antigo rival.
Kvothe vai para outra cidade buscando um patrocinador para sua música. E nesse novo lugar, com novos costumes e tudo mais, ele acaba sendo envolvido na política da corte. Depois de perceber que o jogo da nobreza é sujo e ardiloso, o nosso arcano é enviado para uma floresta com mercenários para ir atrás de ladrões.
O protagonista vai enfrentar uma diversidade gigante de coisas na floresta, e vai ter que usar todo seu potencial para sobreviver (e isso vai surpreender você).
No fim da jornada da floresta, Kvothe é levado por seu amigo para conhecer um lugar de costumes antigos e secretos. E lá ele vai aprender a lutar e vai virar o Jackie Chan.
É claro que cada uma dessas partes está recheada de intrigas, drama e sangue. E não se preocupe, não é spoiler, tudo isso tá na sinopse. kkk
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Os personagens... Não tem como não se apegar por cada um deles. O autor escreve de um jeito que cada personagem consegue demonstrar suas características únicas. Nenhum personagem é engessado. Você pode facilmente se compadecer com um coadjuvante e querer acompanha-lo na jornada.
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O temor do sábio segue a didática de manter uma trama dramática que arrebenta com o personagem principal até as suas vísceras KKKKKK Então você vai ver o Kvothe se ferrando muito nesse livro, mas também vai ver e vai querer as suas evoluções.
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Essa é de longe a melhor saga de fantasia que eu já li, e eu duvido muito que eu vá ler algo melhor. Confie no pai aqui, compre o seu, pegue um copo de café e relaxe.
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Só pra lembrar que se você quiser saber mais, é só conferir no meu canal FALA FILHOTE, lá no YouTube, tem resenha sobre o nome do vento e muitos outros livros.
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