Clarice: Uma vida que se conta

Clarice: Uma vida que se conta Nadia Battella Gotlib
Nadia Battella Gotlib




Resenhas - Clarice


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Eliane406 12/01/2024

Uma inspiração
?Esta é a biografia de umas das maiores escritoras do Brasil. Não é apenas uma história de vida, mas, uma importante narrativa histórica, literária, cultural e política.
Clarice foi amiga de muitos nomes da literatura, trocavam correspondências, conviviam, eram compadres e com isso podemos acompanhar nesta leitura a criação de grandes obras brasileiras dos autores: Rubem Braga, Érico Veríssimo, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Lúcio Cardoso, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, Millôr Fernandes, é lindo ver suas cartas e como todos esses autores amavam Clarice e como ela escrevia, a ajudaram muito, pois nunca conseguiu sobreviver apenas de suas obras (triste!).
A história de uma mulher que com a sua escrita rompeu os paradigmas da literatura brasileira, não só creditando alma, mas introduzindo linguagens de diversas realidades sociais, de aspectos psicológicos do senso comum e altamente filosófico. Uma mulher que sem nenhuma pretensão de ser, foi, fez da sua escrita uma maneira de conhecer-se, fez de tudo para que se fizesse entender. Compartilhou seus traumas, desejos, medos e angústias.
A biografia bem escrita e estudada pela especialista Nádia traz de forma completa e amplamente revisada a trajetória de vida, de muito antes de nascer até o último suspiro de uma das maiores escritoras brasileira!
Recomendo de forma obrigatória esta leitura, principalmente para os que alegam não entender os romances, contos e crônicas, aqui fica tudo claro, tudo é Clarice!
Você descobrirá também que toda a sua obra, inclusive as infantis são baseadas em sua vida, em fatos ocorridos e sua meta em tentar ser, descobrir como ser e perceber o mundo.
Enfim, indico a leitura, depois que já havia lido 9 livros dela e ainda faltam 22. Estou lendo em ordem cronológica, menos a Hora da Estrela, que foi matéria na faculdade.
Chorei no fim.
Descobri Clarice em uma série da Cultura, chamada "Tudo que é sólido pode derreter", se quiser tem no YouTube, cada episódio é baseado em um livro de diversos autores.
@nadiagotlib
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Manu 03/10/2023

Clarice e a solidão
Essencial para entender a pessoa por trás das obras e o quanto eh importante não separar o autor da obra.
a fusão da biografia e o quanto os acontecimentos de sua vida mais tarde impactam na literatura de clarice, são os fatores q compõem a alma do livro.
para mim, entender um pouco da vida e personalidade melancólica da clarice eh oq pode auxiliar na hora de ler suas obras q são, majoritariamente, frutos de seus fluxos de consciência.
gostei mto como a biografia junto a sua vida profissional foi abordada pela nadia (q inclusive eh uma pesquisadora excelente
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Craotchky 30/09/2022

Haia, a estrangeira
- Clarice, se você pudesse roubar alguma coisa, o que roubaria?
- Roubaria gente, pessoas, companhia.

(1965, entrevista. Clarice Lispector, Jóia, n. 141.)

De forma semelhante ao que acontece na biografia de Leonardo, onde a proposta do autor parece ser, além de trazer dados históricos-biográficos, fazer análises das diversas obras do mestre, assim Nádia faz aqui: além das informações biográficas ela faz análises literárias das produções da autora, com um objetivo bem específico: desvendar, a partir delas, a pessoa por trás de tais produções. No Prefácio Nádia elucida sua proposta ao explicar que seu trabalho centra-se em abordagens críticas e
"[...]detém-se em certos dados de caráter autobiográfico, desde que tenham eles ligação mais direta com a produção literária, no sentido de que possam contribuir para uma contextualização."

O texto acaba sendo bastante similar aos moldes de abordagem clariceanos. Aquilo que Clarice faz com suas personagens, Nádia faz com ela: busca sondar mais a pessoalidade, a intimidade, a interioridade, o subjetivo de Clarice, em detrimento de relatar as ações e os eventos da vida dela. Em outras palavras, o texto tenta entender e esboçar quem era Clarice Lispector, a partir de seus próprios escritos (cartas, crônicas, contos, romances...). O resultado é uma obra bastante intimista.

A minha impressão geral é a de que Clarice tinha uma forma muito particular de solidão: não a solidão de quem não tenha relações e contatos, mas a solidão de quem não consegue se conectar profundamente com seres semelhantes por não os encontrar. Ao que parece ela era tão estrangeira que não encontrava pares em lugar nenhum; não se encaixava no mundo; parecia constantemente neblinada; ela era uma sensibilidade transbordante num multidão de engessados. Tinha dificuldades de estabelecer relações por exigir das pessoas tanta profundidade quanto só ela poderia oferecer. Num mundo que cada vez mais caminhava para a liquidez de Bauman, raras eram as pessoas capazes de se dedicar com algo além da superficialidade. E Clarice exigia a alma.

CURIOSIDADES:
📌Haia. Este é o nome original de Clarice.
📌Não há exatidão quanto a data de nascimento de Clarice; sequer se sabe ao certo o ano no qual ela nasceu! A própria Clarice foi contraditória ao registrar diversos anos como sendo o de seu nascimento: 1921, 1926, 1927... Inclusive não consta data de nascimento no túmulo da autora, apenas a data do falecimento.
📌A língua presa de Clarice não era um sotaque ou maneirismo dela, mas uma consequência de um defeito fisiológico mesmo. Parece que ela até poderia ter feito uma intervenção cirúrgica para a correção do problema, mas simplesmente não quis.
📌Clarice teve alguns bichos durante a vida. Entre eles um cão chamado Ulisses. Reza a lenda que o Ulisses era um grande fumante. Por vezes ela chamava esse cão de "Efeméride".
📌Alguns livros da autora chegaram a ter títulos diferentes em versões iniciais: A maça no escuro, por exemplo se chamava "A veia no pulso"; Água viva chegou a ser "Atrás do pensamento: Monólogo com a vida"; e Um sopro de vida era simplesmente "Pulsações". (Bastante bonito esse último.)
Nath 30/09/2022minha estante
"E Clarice exigia a alma." Resenha incrível! ?? Tanto que quando terminei de ler, fiquei com vontade que você tivesse escrito mais para saber mais das suas impressões da bio. :D Imagino o que Clarice pensaria se estivesse viva nos tempos de hoje, tempos líquidos de redes sociais onde tudo é tão fugaz e superficial, o que ela diria.. enfim, não vejo a hora de ler essa bio. E agora q adquiri a fotobiografia da Clarice, também de autoria da Nádia; intercalarei a leitura da bio escrita com as fofos


Craotchky 30/09/2022minha estante
Valeu! Poderia ter me alongado mais, mas optei por não me estender. Excluí um parágrafo no qual abordava o fato de que o livro é o resultado de um trabalho acadêmico e de como ele é rigoroso ao referenciar tudo; não à toa são mais de 1500 notas de rodapé.
Bem, faça a leitura e tenha suas próprias impressões dela. Espero que a bio do Benjamim tenha outra pegada de maneira a ser complementar a essa da Nádia.


Nath 30/09/2022minha estante
Hmm. Como imaginei! Essa pegada acadêmica deve ser pelo fato da autora ser professora e os estudos acadêmicos dela serem todos voltados para a obra da Clarice.. aliás, tem várias entrevistas dela no YouTube sobre Clarice! Assisti algumas. Quanto a bio do Bemjamin sobre Clarice, essa eu ouvi que é polêmica. Vi um vídeo no YouTube onde a própria Nádia Gotlib falou que algumas passagens da bio escrita pelo
Bemjamin, tem trechos iguais ao que ela escreveu nessa bio dela.. e poderia ser considerada uma espécie de plágio.. e outra polêmica é que na bio do Benjamin dizem q ele afirmou coisas da história da Clarice sem respaldo documental, como quando ele afirmou na bio q a mãe da Clarice foi "estuprada" na Ucrânia antes de vir para o Brasil, e logo depois ficou grávida de Clarice.. sendo q não existe nenhum documento oficial deixado pela família comprovando esse fato. Enfim. Essa bio da Clarice pelo Benjamin eu só lerei depois e com um pé atrás.


Craotchky 30/09/2022minha estante
Conheço essa polêmica. Esta bio pela Nádia de fato tem grande respaldo documental, sobretudo no que se refere aos fatos. Os conteúdos sem fundamento objetivo são as análises literárias, bem como as interpretações do que elas poderiam revelar sobre a pessoa de Clarice que, como não poderia deixar de ser, só podem ser suposições subjetivas.


Cauany3 30/09/2022minha estante
Lindo ??


Craotchky 30/09/2022minha estante
Muito obrigado, Cauany!


Paloma 30/09/2022minha estante
Excelente resenha! Já foi para a lista de "quero ler"! ?


Craotchky 30/09/2022minha estante
Obrigado, Paloma. Vale a pena. Fiz muitas marcações, e sinalizei os trechos de análises para voltar a eles após futuras leituras dos textos de Clarice.




amarogusta 14/07/2022

Clarice para além do mito
Ler a história de Clarice filha, mulher, esposa, mãe, amiga e então escritora causa um desconforto inicial. É como estar desvendando, ou procurando razões (literalmente racionalizar), algo que ou não pode necessariamente ser descoberto ou que não deveria, pelo menos. A autora, Nádia, perde-se do seu papel inicial, onde tenta quase imperceptivelmente fazer isso, e passa a não respeitar a ânsia da autora de ser ser tratada como pessoa, e assim desmitificada, já que apesar do caráter informativo sobre sua infância e histórias curiosas, ela causa a exata impressão de estranhamento que afasta aquela pessoa, até criança, das “pessoas normais” e já revela um comportamento peculiar, diferente.

Ela, Clarice mulher, estudante, filha. Seu período de vida sofrendo com as dificuldades financeiras do pai, a doença da mãe, o descobrimento do mundo. A visita aos fragmentos contextualizados sobre o momento de vida da autora enquanto os escrevia traz ferramente de análise suficiente para nós, leitores. No entanto, a biógrafa insiste numa quase fútil necessidade de meta-academicismo onde pretende não só esclarecer certas nuances que talvez fossem realmente necessárias, mas se atreve na definição do que a própria Clarice chamou de inominável ou indizível. Isso sem comentar as suposições de teor crítico, sutil e até irônico acerca de atitudes, falas ou incoerências.

Apesar do teor autobiográfico, que a Clarice dizia não gostar e evitar, dos seus escritos, não é suficientemente possível conhecer a realidade dela. De tal forma, suas amizades, influências, lugares por onde passou e relacionamentos. Esta obra ajuda com essa construção, ainda que possua diversas lacunas sobre sua família, por exemplo.

Isso é além do superficial da Clarice, ainda que não seja possível permanecer nessa superficialidade depois da leitura de qualquer dos seus livros. Conheça-a por quem ela foi e assim reconhecê-la na sua literatura, que considerava tão pouca coisa. Ou descubra que talvez só podemos tentar. Se não puder conhecê-la, sinta-a.
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Allyne 22/10/2021

Como não amar Clarice...
Uma biografia luxuosa escrita por umas das maiores pesquisadoras brasileira, Nádia Gotlib. Uma composição com fotos, documentos e a incrível história dessa escritora tão complexa e amada pelos leitores e críticos.
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OgaiT 29/11/2020

Que mistérios tem Clarice?
Uma das melhores biografias que já li, muitos mitos sobre a escritora nordestina aqui são desmistificados, por meio da produção literária de Clarice, pela Nádia, considerada a grande autoridade sobre a autora no Brasil.
A princípio, a biografa nos explica o contexto em que a então recém bebê Clarice e sua família, encontram quando chegam ao país, as dificuldades do Pai, judeu, estrangerio, em econtrar um emprego em Maceió, fato que levou à família para Recife. É na capital pernambucana, que estão as melhores e as piores recordações de Clarice que vive lá até o início de sua juventude, entre essas lembranças está a que foi relatada por Anita Levy: “[...] Eu ia passando. E a Clarice insistia com ele [professor] porque queria saber qual a diferença entre homem e mulher. Insistia tanto que ele lhe explicasse! Insistia mesmo. Porque ela tinha uma cabeça diferente.” (p. 95)
Após anos de sua chegada ao Rio de Janeiro, Clarice termina sua faculdade de direito, encontra um emprego como secretária, para que finalmente lance seu primeiro romance, com o qual recebe duras críticas e as quais rebate em carta à irmã: “Estou cansada de pessoas e sozinha me aborreço.” (p.204). De acordo com Nádia, esse é um dos motivos que a mantém afastada da literatura por alguns anos.
Nos anos que se seguem, acontecem fatos, que para são inéditos, dois em especial me deixaram intrigado: Em 1944, Clarice e seu então marido, Maury Gurgel, viajam para Belém/PA, para intermediar as relações entre o Itamaraty e os EUA, que nessa época era a base militar norte-americana para ajudar os aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse ínterim, Clarice é incubida de receber a Sra. Roosevelt sobre esse encontro a escritora afirma: “Que contar a vocês, quando o que eu desejo é ouvir? A vida é em toda a parte e o que é necessário é a gente ser a gente." (p. 204).
Anos mais tarde, já na Europa, Clarice Lispector auxilia na recuperação de soldados brasileiros feridos em guerra. Conforme Gotlib: "Foram mais de 25 mil os que para lá partiram, integrando a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Destes, mais de 3 mil ficaram feridos e mais de quinhentos morreram. (p. 224)."
No entanto são as crônicas do Jornal do Brasil, que revelam grande parte dos dados biográficos de Clarice, nelas encontramos a infância, a adolescência e as confissões da esfinge Clarice, adjetivo que ela faz questão de desvelar, como na crônica Fernando Pessoa me ajudando, em que ela afirma: “Na literatura de livros permaneço anônima e discreta. Nesta coluna estou de algum modo me dando a conhecer. perco a minha intimidade secreta? Mas que fazer? É que escrevo no correr da máquina e, quando vejo, revelei certa parte minha.” (p. 467). Já na crônica Anonimato, Clarice desabafa: "O anonimato é suave como um sonho. Eu estou precisando desse sonho." (p.470).
Por fim, Nádia Battella Gotlib faz um apanhado dos anos finais de Clarice, como a passeata contra a Ditadura Militar, em 1968; a frágil condição financeira, pois Clarice Lispector, diferente do que muitos acham não foi rica, fazia muitos trabalhos informais para complementar a renda; a amizade com Olga Borelli; a dificuldade em finalizar seus últimos romances, por conta da queimadura que sofreu em 1960; a ascensão de sua carreira de escritora e, por fim, nas últimas horas de vida no hospital que, segundo a enfermeira que a acompanhava, Clarice disse o que seria as suas últimas palavras: "Você matou o meu personagem!" (p. 604).
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Se Faz Favor! 11/02/2013

Leitura fundamental para quem quer entender melhor a obra de Clarice.
O livro é espetacular! São 650 páginas de puro prazer. É o tipo de livro para se ler aos poucos, degustando cada página, pensando sobre cada parágrafo.
Trata-se de uma biografia muito bem documentada, mas também é uma análise esmerada da obra de Clarice Lispector, esse gênio da literatura que tão profundamente mergulhou nos mistérios da alma feminina.


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Simoneleitora 16/07/2012

Este livro eh aquele tipo que guardo a sete chaves. Leio em conta gotas para nao acabar nunca. Acho fantastico o universo de Clarice! Ela foi uma mulher e tanto! Esta eh uma biografia sobre ela muito bem escrita e documentada. Como eh fascinante entender Clarice a partir de quem ela foi e sobretudo do que escreveu. O que mais adoro nos escritos dela eh que gostava de falar sobre as pessoas simples e explorar o lado psicologico das pessoas. Este tipo de estilo eh o meu preferido, porque gosto de mergulhar no universo do outro, em pensamentos e sentimentos.
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Ivan 14/07/2011

Assisti uma palestra com a autora e fui atrás deste livro. Ele descreve todos as obras de Clarice com exatidão e nos faz ficar cada vez mais apaixonados por esta escritora que consegue colocar a intimidade do ser humano em palavras. Essencial para quem ama Clarice e quer entender mais da sua obra. Recomendo muito.
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rroncato 11/04/2011

Obra
O livro enfatiza mais a obra do que a vida. Sem cair na fatalidade, mas complexidade de ser.
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