Julhaodobem 22/04/2022
Safado, sujo mas interessante
Cartas na rua é o livro que nunca teria lido há 3 anos atrás por conta de inúmeras críticas que ouvia quando estava na minha antiga bolha. "Isso não é literatura", "Esse cara é nojento", " é um monstro que deveria ser esquecido", "seus livros devem ser queimados", essas eram frases que ouvia toda vez que alguém chegava no nome Charles Bukowski, um homem alemão que acabou vindo para os Estados Unidos nos anos de 1940 para ter uma vida melhor, no caminho começa a escrever livros autobiográficos de si mesmo com uma literatura peculiar e diferente algo que eu acabei sabendo a pouco tempo, antes o que tinha de informação eram os memes dos anos de 2009 a 2016 quando a segunda era de memes rendeu com suas famosas frases safadas e humorísticas.
A síntese deste livro é basicamente a vida de um homem que decide ser um carteiro nos Estados Unidos em um mundo pós segunda Guerra Mundial, ele não tem nenhum filtro para se comunicar, seu ego inflado fala mais alto e a sua completa atração sexual por mulheres reina mais da metade da sua existência. Bukowski não tem medo de ser erótico e desconfortável para o leitor, suponho que ao escrever seus livros ele não estava ligando a mínima para o editor e quem iria ler. Com cenas de sexo e pensamentos sobre partes dos corpos das mulheres aparecendo a todo momento como uma válvula de escape ao homem que odeia o seu trabalho e a única felicidade é no final do dia se esfregar entre o corpo de uma mulher à noite. Algo que é estranho no início mas no fim com tanta simplicidade e erotismo o autor resume a vida de muitos homens em um ambientes masculinos e machistas que repercutem até hoje na sociedade, talvez seja por isso que ainda hoje existem tantos adoradores de sua literatura porque seres humanos no fundo gostam de observar a desgraça e a putaria. Neste caso em ambientes mais masculinos que são impregnados de ilusões e conceitos que sexualizam as mulheres como objetos de prazer infinito.
Ao terminar Cartas na Rua como a minha primeira leitura de Charles Bukowski, como homem fiquei refletindo o porque gostei deste livro, eu entendo que muitas partes mostradas são erradas principalmente com as mulheres e a relação que o autor as usa apenas como um valor sexual e manipulador, existindo apenas para satisfazer o personagem mas ao mesmo tempo gostei dessa escrita suja e despreocupada uma narrativa que não se importa em ser padrão e com uma linha tênue da história. No fim o que fica é a frase "cada escritor faz a escrita de seu tempo". Atualmente é difícil termos um novo Bukowski, provavelmente ele seria cancelado no primeiro livro então o que fica como reflexão é não excluir este autor mas também não coloca-lo como correto, Charles Bukowski sempre vai existir na literatura, alguns vão odiá-lo e outros irão ama-lo, o que se pode fazer hoje é entender o seu contexto de época, compreender a sua importância e não espalhar suas ideias, este um fardo de todo leitor, ficar em cima do muro a antigos autores pois entendemos a visão anacrônica de algumas pessoas hoje mas também protegemos a existência de um livro que fica preso no seu tempo.