Vania.Cristina 27/12/2023
Família a gente também inventa
Que livro bonito! Já faz quase um mês que terminei e estava sem tempo para resenhar, mas eu precisava deixar aqui minhas impressões. O livro conta a história de vários personagens e essas histórias vão se entrelaçando. (Alguns capítulos parecem contos independentes). Há personagens que vivem à beira mar, outros em área rural próxima. Todos são pessoas simples, que levam vidas difíceis. O protagonista que move toda a história é Crisóstomo, um pescador de quarenta anos que se cansa da solidão e quer uma família. Quer acima de tudo um filho, e sozinho em meio à natureza expressa seu desejo ao mundo. Não é um apelo desesperado, mas tranquilo, sincero e profundo. Ele é um homem humilde mas confiante, ciente do amor maduro que tem para compartilhar. De forma extremamente acolhedora, respeitosa e afetuosa, sem julgamentos e sem estar refém de pressões sociais, Crisóstomo desencadeia uma série de encontros e a vida de algumas pessoas começa a se transformar. No livro existe a sociedade hipócrita que oprime, impõe valores fúteis, julga e despreza os que são diferentes. Sociedade que cobra das mulheres o que não cobra dos homens, que é homofóbica e exige o cumprimento de padrões impossíveis. Mas a partir do momento que alguém se dispõe a deixar tudo isso de lado, a ser feliz e a fazer outros felizes, e acredita ser possível inventar uma família que não existia, baseada no respeito às diferenças e às bagagens de cada um... o mundo começa a se transformar.