Raitsa.Coimbra 28/09/2022
Criança nunca é chata
Meu primeiro contato com "A Mulher que Matou os Peixes" foi durante uma aula de Literatura Infantil na faculdade. Na época, eu lembro de ficar um pouco receosa antes da leitura, porque os textos da Clarice sempre me fizeram pensar muito profundamente ? e pensamentos frequentes e pesados levam a outros pensamentos, e o ciclo parece não ter fim. No entanto, fui surpreendida da melhor forma possível: eu pensei muito, é verdade, mas não como eu imaginei que pensaria.
Agora, anos depois, a obra ainda me causa muitos bons sentimentos. Enquanto a narradora conversa conosco, leitores, é difícil saber se os parágrafos e as tramas são verdadeiras, mas essa é a magia. De uma forma bastante expressiva e dinâmica, Clarice se dirige à nós com perguntas e explicações, além de falas cruas e sem hesitação ? principalmente quando precisa contar sobre a morte dos animais.
Essa foi a primeira obra infantil que li de Clarice Lispector, mas que, apesar de "simples", ganhou um grande espaço em mim como amante da literatura. E por isso eu volto para reler sempre que sinto saudade.
"Tem gente grande que é tão chata! Vocês não acham? Elas nem compreendem a alma de uma criança. Criança nunca é chata."