Polly 16/03/2012Originalmente postada em entrelivrosepersonagens.blogspot.comNunca havia lido nenhum dos livros de Jô Soares, mas, sempre gostei muito do trabalho do mesmo, por isso quando soube do lançamento deste livro, resolvi lê-lo e gostei muito do que li.
Já havia lido várias resenhas em diversos lugares que criticavam o livro por compararem com os antigos trabalhos do Jô, o que acho errado, afinal, estamos avaliando esta obra, não as passadas, mas, enfim, vamos à resenha.
A história do livro se passa no Rio de 1938, onde um assassino começa a matar gordas bonitas. O mesmo atraía as mulheres com a melhor arma possível para seu alvo: comida. Após matá-las, o mesmo expunha os corpos nus das mulheres de forma teatral e com algo em comum: todas elas estão sem globos oculares.
Para impedir que o assassino continue agindo, um quarteto é escalado para solucionar o crime: Um delegado chamado Mello Noronha, seu fiel assistente Valdir Calixto, um culto ex-inspetor português e atual confeiteiro chamado Tobias Esteves e uma jornalista sensual e destemida de nome Diana Talles, que aparece ao decorrer da obra.
O número de vítimas continua a crescer, porém, o que intriga os investigadores é que o criminoso, por algum motivo desconhecido por eles, não deixa uma digital sequer. Como descobrir quem é o mesmo sem provas, testemunhas ou indícios de que as vítimas tinham algo em comum além de serem gordas?!
Ao decorrer das páginas você se delicia com uma ótima estória e acaba adquirindo conhecimentos históricos, científicos, dentre outros; que já eram esperados uma vez que observada a grande pesquisa que o autor fez para a criação da obra. Ao virar de páginas você tem uma visão detalhada de vários fatos,ambientes e dados históricos, inclusive sobre o próprio Rio de Janeiro na época. Desde as ruas históricas, passando pelos cafés, teatros, cinemas (artes em seu âmbito geral), fatos históricos que marcaram o final daquela década (incluindo neste a explosão da II Guerra mundial, O Governo de Getúlio Vargas e a copa do mundo).
Apesar de a obra mostrar a inteligência invejável de Jô Soares, este não apresenta a “prometida” comédia esperada no livro. Alguns trechos são engraçados (a maioria devido ao personagem Tobias Esteves), porém, estes não foram muitos para mim ao decorrer do livro. Talvez neste ponto eu esperasse um pouco mais.
A obra é leve, divertida (no meu ponto de vista, obras divertidas e engraçadas são diferentes), inteligente e para torná-la ainda melhor ( e para classificá-la no gênero que a mesma foi classificada) traz consigo um toque de suspense. Ao contrário dos outros livros policiais que li, esta obra apresenta seu diferencial por mostrar o assassino e suas razões para matar já no começo do livro. O mistério dessa obra não está em descobrir o assassino e sim ir descobrindo como o mesmo vai matando, quem será sua próxima vítima, como será o desfecho da história.
Talvez por o assassino ser explicito desde o início da obra, As Esganadas não guarda um clímax para o seu final (o famoso: quem será o assassino?), porém, o mesmo não faz de maneira nenhuma que a obra tenha um desfecho ruim.
Se você está procurando algo para ler nas férias, esta obra é uma ótima pedida. Recomendo a todos vocês.