oeudesalves 19/09/2017
Mansfield Park: uma JA diferente
Seria injusto, como vi alguns colegas exigirem em seus comentários sobre este livro, a técnica do "don't tell, show" . E, cá entre nós, tenho lá minha ressalva com o fato de essas técnicas se tornarem regras absolutas para quem escreve hoje em dia. Penso que o escritor tem que se sentir livre para mostrar/contar sua estória como considera melhor. E, olha, “mostrar” uma cena como Jane Austen “conta” é uma tarefa não muito fácil, viu? A mesma manja e não é pouco.
Por sua vez penso que seria demais julgar uma obra do século XIX sem qualquer esforço de alteridade literária. Mas, evidentemente, concordo com algumas críticas, como, por exemplo, o fato de Jane Austen dar maior ênfase em sua escrita a fatos corriqueiros como um jogo de cartas ou a quantidade de faisões no bosque da propriedade dos Bertram, a despeito de reservar algumas páginas a mais para o final da trama, cabia algumas cenas românticas aqui, acolá, alguns detalhes maiores sobre o destino de algumas personagens. Eu não me importaria de ler algumas páginas a mais. Mas é só isso, e se ela escolheu não dar foco a isso, paciência. Meus crivo e expectativa não desmerecem o conjunto da obra. O texto é maravilhoso, tem ritmo sim – o ritmo do século XIX –, bons personagens, excelentes dilemas... então pisa no freio companheiro(a), e aprecie as boas tiradas [diga-se de passagem a frente de seu tempo] que a autora nos presenteia em plena Era Vitoriana. Não é um livro que entra para a minha lista de favoritos, mas é um bom livro! Aprendi muito. E que venham os próximos de Jane Austen.