spoiler visualizarLeticia 08/05/2020
O que é a normalidade?
Em Eu Sou a Lenda, temos um mundo em que a raça humana foi dizimada por um vírus vampiresco. Neville é o único sobrevivente humano e imune ao vírus.
Meu primeiro contato com Eu sou a lenda foi através da adaptação com o Will Smith, que é radicalmente diferente do livro.
No livro os seres são descritos como vampiros a lá Bram Stoker, possuem medo de alho, espelhos e objetos sagrados, além de não saírem ao sol. Um ponto interessante é que Neville percebe que nem todos os vampiros possuem medo da cruz, somente aqueles que quando humanos eram cristãos. Caso o vampiro quando era humano fosse hinduísta, judeu, etc. a cruz não teria valor, e sim os objetos sagrados da religião a qual ele pertencia. Aqui cabe pensar a existência de um inconsciente coletivo presente. Arquétipos, fenômenos, imagens , lembranças primordiais herdadas coletivamente, transpassadas pelo elemento cultural, que acabam formando um inconsciente coletivo, em que esses artefatos sagrados ganham um significado especial.
Neville por ser o único humano restante se torna minoria, enquanto os vampiros de tornam maioria. Nesse mundo, o que seria normal e patológico? No campo da psicopatologia, o conceito de normalidade é controverso. Ser normal é estar dentro do padrão imposto socialmente? É estar dentro da média da maioria? É a ausência de doença?
Mas e quando o que anteriormente era maioria se torna minoria? O normal se tonar anormal?
Neville passa da condição de maioria para a de minoria, ele passa a ser a praga em uma sociedade de maioria vampira, ele se torna o anormal, o patológico, aquele que tem ser dizimado.
Talvez quando a barbárie se tornar cada vez mais frequente, que chegue a ser encarada como normal, corriqueira, a civilização se torne obsoleta e passe a ser encarada como patológica, e aqueles que se negarem, serão executados, como Neville. Como disse o autor " O principal ponto de preconceito contra as minorias é este: elas são odiadas porque são temidas."