Paula 13/12/2023
País e Filhos
O romance País e Filhos, de Ivan Turgueniv foi escrito entre 1860 e 1862, um período de transformações políticas na Rússia. Em 1861, o tzar Alexandre II decretou o fim do sistema de servidão no País. Tal sistema era semelhante ao regime escravocrata no Brasil. Além disso, o movimento Terra e Liberdade fomentou revoltas contra a autocracia.
Em se tratando de enredo, temos um conflito entre as gerações de 40 - formada por aristocratas, grandes proprietários de terra - e de 60, formada por intelectuais, filhos de médicos, professores e funcionários medianos da burocracia estatal. O romance se inicia com o estudante Arkádi Nikoláievitch Kirsánov voltando para a fazenda de seu pai, Nikolái Petróvitch Kirsánov. Ele chega acompanhado de seu amigo e mentor Evguéni Vassílievitch Bazárov, estudante de medicina e filho de um médico de província. Bazárov é um niilista, ou seja, alguém que não se submete a nenhuma autoridade, nem a nada que não possa ser comprovado cientificamente.
Na família Kirzanov, Nikolai é alguém que tenta se adaptar à nova situação política e procura ouvir os jovens. Seu irmão, Pável, é ainda mais preso às tradições e é com ele que Bazárov travará os primeiros e mais ferrenhos debates. Os diálogos são, realmente, o ponto forte da obra. Quanto mais a história se desenvolve, mais Bazárov precisa se esforçar para conservar seu niilismo.
Turgueniv foi muito criticado. Aristocratas enxergavam o romance como um apoio aos niilistas, enquanto a nova geração se sentiu alvo de troça. A verdade é que Turgueniv era um aristocrata não afeito a conflitos, cuja intenção era registrar o que estava ocorrendo na sociedade de sua época. Fez isso muito bem, em uma obra que tornou-se um clássico apesar das críticas.
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