Pedro 09/03/2012
Magistral!
A experiência da imigração ganha força e beleza neste trabalho de Shaun Tan. Sem usar uma única palavra, ele consegue, paradoxalmente, traduzir a incomunicabilidade entre os estranhos, nesse difícil processo de convivência e aceitação entre nós e o outro.
Shaun Tan narra em belíssimas imagens a viagem de um pai de família que foge de um país ameaçado pela sombra de uma serpente gigantesca (numa fortíssima imagem que nos remete tanto à guerra quanto à economia em frangalhos). Sua chegada a um lugar estranho, povoado por seres fantásticos e gente de todo tipo, leva o leitor da aflitiva sensação de mudez diante do outro (somada à urgente necessidade de falar...) ao alívio do desfecho conciliador, quando a família se reúne num final de arrepiar e comover. Muitas histórias se cruzam, e delas decorre não o lamento dos expatriados, mas a possibilidade de redenção num lugar sempre em construção: nossa pátria, nossa casa, nosso lar.