Priscila Grah 22/01/2018
"Somos todos mendigos (...) às portas da misericórdia de Deus."
“A Boa-Nova do Evangelho da graça grita em alta voz: somos todos mendigos, igualmente privilegiados, mas não merecedores, às portas da misericórdia de Deus!" (Pg. 26).
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Brennan Manning nos apresenta o Evangelho da graça à partir de um Deus “furioso em amor” e misericórdia, que abraça pecadores maltrapilhos revolvidos na vergonha e na culpa.
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O cerne da leitura, é trazer ao leitor o entendimento de que é amado e aceito apesar das falhas e tropeços, frisando a verdade bíblica de que a salvação é pela graça, e não por obras ou bom desempenho. “O perigo em nossas boas obras, investimentos espirituais e em todo o resto é de que podemos construir uma imagem de nós mesmos em que acabamos estabelecendo o nosso valor próprio. A complacência conosco substitui então o puro deleite do amor incondicional de Deus. Nosso esforço transforma-se na ruína do Evangelho maltrapilho." (Pág. 58).
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O autor também nos abre os olhos para o paradoxo entre sermos cristãos e ao mesmo tempo cultivarmos preconceitos e ares de superioridade, especialmente em relação àqueles que não professam a nossa fé, ou estão estigmatizados pela prostituição, outros pecados sexuais, vícios, e outros "pecados mais aparentes" que os nossos, enquanto que o próprio Jesus andava com estes e até partilhava do mesmo pão: "A inclusão de pecadores na comunidade da salvação, simbolizada na comunhão à mesa, é a expressão mais drámatica do Evangelho maltrapilho e do amor misericordioso do Deus redentor." (Pág. 61).
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Fazendo essa leitura com sensibilidade e discernimento, há muito para se absorver e aplicar, -- principalmente no que se refere à sermos pobres de espírito o bastante para recebermos a graça e o amor de Deus, -- parando de projetar em Abba nossa auto-rejeição e desistindo de nossos falhos e desgastantes esforços para receber o que Ele já nos tem dado gratuitamente, o Seu amor incondicional!
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Por outro lado, Manning traça uma linha muito tênue entre o genuíno Evangelho da graça, -- onde Deus nos ama e perdoa incondicionalmente, -- mas deixa de mencionar a necessidade de santificação por parte do mesmo cristão que recebeu a graça, afinal, para a mesma mulher adúltera que Jesus não condenou, Ele também lhe disse no mesmo fôlego: "Vá e não peques mais" (João 8:11 ).
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Em resumo, recomendo essa leitura àqueles que se enxergam aquém do amor e do perdão de Deus... Nas palavras do próprio Brennan Mannning, "é para os discípulos inconsistentes e instáveis, (...) para os vasos de barro que arrastam pés de argila, é para os recurvados e contundidos que sentem que sua vida é um grave desapontamento para Deus."
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Talvez um afastado do caminho, alguém que carrega peso, culpa e vergonha, ou aquele que não se sente amado por Deus... "O Evangelho Maltrapilho" é para estes.
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Resenha: Priscila Grah