Clube Tripas 25/03/2020
[Resenha]
Conteúdo: Adulto
Livro: Princesa, a história real da vida das mulheres árabes por trás de seus negros véus
Autora: Sasson, Jean P.
Editora: Best Seller
Páginas: 247
Avaliação: Gostei muito (4/5)
Mês: Março/20
Bibliotecária: Ivete Santos / Jundiaí-SP
Esse livro foi uma surpresa agradável pra mim. Recebido de doação, quando coloquei meus olhos na capa meu interesse foi imediato. Gosto muito dessa temática, como alguns amigos sabem e a leitura não me decepcionou. A escritora conta nesse livro a história de uma princesa da Arábia Saudita que manteve em segredo manuscritos falando sobre sua vida e sobre a sociedade Saudita. No livro não é exposta sua verdadeira identidade, de forma que essa princesa na obra leva o nome fictício de Sultana.
Ela relata desde a origem de sua família (árvore genealógica) até o nascimento de seus filhos. Sultana é uma mulher inconformada com a situação das mulheres sauditas e desafia e questiona costumes, religião e leis aplicadas. A rebeldia e ousadia é sem dúvida sua marca maior e é exatamente fazendo uso dessas armas, aliadas ao desejo de mudança e crescimento pessoal, que Sultana consegue alguns resultados. Sultana me confundiu um pouco durante a leitura, pois em alguns momentos me parecia uma mulher capaz de enfrentar o mundo pelos seus ideais e sua luta pelos direitos das mulheres sauditas, mas em outros me pareceu confortável sua situação de princesa, que mesmo sofrendo com a desvalorização feminina, era infinitamente melhor que a de outras mulheres que não faziam parte da nobreza.
O livro expõe situações chocantes como estupros, assassinatos, mutilações e tudo em nome de uma religião que aliás se mistura com leis. Os religiosos mutawas são os policiais que aplicam punições severas àqueles que desobedecem as leis do Corão. O fato é que as punições para as mulheres são muito mais cruéis do que para os homens, fato que no livro recebe críticas da princesa, dizendo que os religiosos distorcem os mandamentos do Corão para favorecer a supremacia masculina.
O livro traz partes do Corão e explicações excelentes para entender melhor a religião e cultura. Eu, como ocidental, nascida numa Cultura e família de mulheres guerreiras, fiquei indignada com as passagens lidas, mas consegui entender melhor o pensamento machista de alguns povos. A impressão que tive inclusive, é que para a maior parte dos homens sauditas, as mulheres ocidentais representam uma ameaça, assim, tornam-se inimigos perigosos. Em outros momentos e até pelas atrocidades que o livro relata, elas são apenas um pedaço de carne.
Em resumo, as mulheres servem para satisfazer os prazeres dos homens ou para dar-lhes filhos. De toda a sujeira que esses homens praticam, sentem-se como se saíssem limpos sempre. É um livro indigesto, mas necessário para reforçar a força feminina. Se fosse uma obra de ficção e a escritora fosse eu, Sultana não se casaria e não teria filhos, pois só assim ela seria plena para lutar, mas como ela é real, admiro sua coragem em gritar por meio de um livro.