spoiler visualizaryumi 13/02/2023
Quando vi uma menina no Tik Tok falando desse livro, em que ela usava ele pra dizer como pessoas introvertidas podem ser mais produtivas no trabalho, logo me interessei, pois além de eu passar por dificuldades na área profissional sendo uma pessoa introvertida, vivo isso no meu dia a dia e naquela época era algo que me incomodava muito à ponto de me deixar com raiva.
Ao ler esse livro, me foi apresentado conceitos, pesquisas e estudos que muitos deles foram novidades pra mim, mas muito deles eu também já tinha desenvolvido uma linha de raciocínio parecida, o que me deu um conforto em saber que eu não sou a única pessoa à sentir dificuldades em me relacionar com as pessoas, uma vez que o “normal” é ser extrovertido.
“"Faz sentido que tantos introvertidos escondam-se até de si mesmos. Vivemos em um sistema de valores que chamo de Ideal da Extroversão: a crença onipresente de que o ser ideal é gregário, alfa, e sente-se confortável sob a luz dos holofotes. O típico extrovertido prefere a ação à contemplação, a tomada de riscos à cautela, a certeza à dúvida. Ele prefere as decisões rápidas, mesmo correndo o risco de estar errado. Ela trabalha bem em equipes e socializa em grupos.”"
O que eu mais achei interessante desse livro, foi que Susan não problematiza o fato de ser introvertido, nem tenta achar soluções pra se abrir, ser mais extrovertido. O objetivo dela o livro todo é mostrar que a introversão não é só um traço de personalidade, ao dizer como você pode agir de maneira favorável à você mesmo, como também é a forma diferente de como seu cérebro funciona biologicamente/geneticamente.
“"Na verdade, a sensibilidade do sistema nervoso dessas crianças parece estar ligada não apenas à percepção de coisas assustadoras, mas à percepção em geral. Crianças altamente reativas prestam o que um psicólogo chama de "atenção alerta" a pessoas e coisas. Elas usam mais movimentos dos olhos do que os outros para comparar opções antes de tomar uma decisão. É como se processassem mais profundamente - às vezes de forma consciente, às vezes não - as informações que absorvem sobre o mundo.”"
"“O livre-arbítrio pode nos levar longe, sugere a pesquisa do dr. Schwartz, mas não nos leva infinitamente além de nosso limite genético. Bill Gates nunca será Bill Clinton, não importa o quanto ele melhore suas habilidades sociais, e Bill Clinton nunca será Bill Gates, não importa quanto tempo passe sozinho na frente de um computador. Podemos chamar isso de ‘teoria do elástico’ da personalidade. Somos como elásticos em repouso. Podemos nos esticar, mas só até certo ponto.”"
Não só a biologia está ligada à isso, a antropologia também. Ao analisar a diferença de comportamentos sociais no Ocidente e no Oriente, a escritora levanta a hipótese de que no Ocidente há uma cultura do Ideal da Extroversão, enquanto que no Oriente pessoas introvertidas (ou com comportamentos considerados introvertidos) são as mais respeitosas em sua sociedade.
“"Os conflitos começaram quando o amigo caucasiano percebeu os pratos empilhando-se na pia da cozinha e pediu para seus colegas de apartamento asiáticos fazerem sua parte da limpeza. Não foi uma reclamação sem razão, diz Don, e seu amigo achou que tinha verbalizado pedido com educação e respeito. Mas os colegas de apartamento asiáticos viam diferente. Para eles, o colega soara duro e raivoso. Um asiático naquela situação seria mais cuidadoso com seu tom de voz, disse Don. Ele verbalizaria seu desprazer na forma de uma pergunta, não como um pedido ou uma ordem. Ou sequer o verbalizaria. [...] O que parece deferência asiática aos ocidentais é, na verdade, em outras palavras, uma profunda preocupação com a sensibilidade dos outros. Como observa o psicólogo Harris Bond, "apenas aqueles que vêm de uma tradição explícita rotulariam o modo de discurso [asiático] como 'automodéstia'. Dentro dessa tradição indireta, pode ser rotulado como 'honra ao relacionamento". E a honra ao relacionamento leva a uma dinâmica social que pode parecer notável de uma perspectiva ocidental.”"
Susan não só tenta buscar justificativas da diferença entre extrovertidos e introvertidos, como também nos apresenta diferentes termos e conceitos que podem auxiliar um introvertido no dia a dia, de forma que ele compreenda seu próprio cérebro afim de identificar quando um momento é favorável ou não à ele. Ela cita o que são os Estímulos e como podem influenciar de forma negativa os introvertidos e como lidar com o excesso de estímulo com o Nicho Restaurador.
“"Na verdade, o excesso de estímulo parece impedir o aprendizado: um estudo recente mostrou que pessoas aprendem melhor depois de um calmo passeio no bosque do que após uma barulhenta caminhada pela rua de uma cidade. Outro estudo, com 38 mil pessoas que trabalham com conhecimento em diversos setores, apontou que o simples ato de ser interrompido é uma das maiores barreiras da produtividade.”"
“’"Nicho restaurador’ é o termo de Little para o lugar ao qual você pode ir quando quiser retornar ao seu verdadeiro eu. Pode ser um local físico, como as margens do rio Richelieu, ou temporal, como as pausas silenciosas que você planeja fazer entre as ligações de vendas. Pode significar cancelar seus planos sociais para o fim de semana antes de uma reunião importante no trabalho, praticar ioga ou meditação ou escolher se comunicar por e-mail em vez de pessoalmente.”"
Não há como não se interessar por tudo que Susan quer trazer nesse livro. Acredito que, por mais que seja um livro diretamente aconselhável para introvertidos lerem, pessoas extrovertidas devem experimentar a leitura como forma de entenderem como é o ponto de vista alheio e como lidar com pessoas introvertidas, de forma que ambos os lados saibam se relacionar sem conflitos em qual ambiente for, seja profissional, familiar, platônico ou amoroso.