Danilo Andrade 25/06/2020Seriam as multidões resultados de ondas psíquicas ressonantes?Freud tendo testemunhado os efeitos de uma dissociação coletiva em seus desdobramentos terrivelmente hostis, a primeira grande guerra, debruça-se sobre estudiosos do final do século XIX, os quais investigam a caracterização psíquica das multidões, tais como Gustave Le bon, McDougall e W. Trotter.
Em um primeiro momento, são destacadas as principais ideias e interpretações do que constituiria a alma da massa, tal como a capacidade da mesma em dissolver as singularidades de seus indivíduos, o decaimento intelectual e a entrega aos instintos gregários em oposição à tomada de ação articulada, o predomínio da personalidade inconsciente, e a sugestionabilidade com seu potencial de replicação por entre o tecido psíquico das massas.
Portanto, estabelecido esse substrato de ideias, Freud procura inserir investigações anteriores de seu próprio trabalho, ao estudo das massas, partindo do epítome da formação do Eu, que leva em grande consideração a imagem do outro, e, portanto, constrói-se a partir das comparações inerentes, e além disso, traz sob novas perspectivas os elementos de coesão social, como: a libido, o enamoramento, a identificação, a hipnose, e até mesmo a ontologia mítica do herói como narrativa do enredo da horda primitiva, que são abordadas de maneiras pontuais e conciliatórias ao entendimento do fenômeno.
Freud demonstra maestria em unir e complementar vários materiais teóricos, através de uma linguagem acessível e igualmente atrativa.