Elogio da madrasta

Elogio da madrasta Mario Vargas Llosa




Resenhas - Elogio da Madrasta


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Daniel 04/01/2013

Uma auréola como tridente


Novela do peruano Mario Vargas Llosa, Nobel de literatura em 2010, Elogio da madrasta (Elogio de la madrastra, do original em espanhol), é uma obra de 1988 ambientada na capital peruana. O livro inicia-se pelo 40º aniversário de dona Lucrecia, separada pelas circunstâncias da vida do ex-marido, e agora casada com dom Rigoberto, separado da ex-esposa (Eloísa) pelas circunstâncias da morte. O desenrolar da história se inicia com dona Lucrecia presenteada e surpreendida no seu aniversário com um mimo, uma pequena carta, daquele que ela pensou ser o maior impeditivo para sua nova vida junto a dom Rigoberto. Nela o polinomial Alfonso, também chamado Alfonsito, Foncho ou Fonchito, expressa seu carinho pela madrasta e inicia seu projeto de anjo pervertido (perverso). A carta, ao invés de um verdadeiro sinal de pureza, é revelada no transcorrer dos fatos como o primeiro passo do menino rumo ao seu objetivo final. Mostrando que o amor e o seu contrário podem conter a mesma roupagem, o mesmo aroma e até os mesmos meios, mas nunca os mesmos fins.

Durante a novela dom Rigoberto parece vaticinar a falta de ingenuidade na libido do herdeiro ao acreditar que a felicidade era temporária, individual, excepcionalmente dual, raríssima vez tripartida. Equivocando-se talvez na mensuração, mas ciente de um terceiro elemento. Foncho, Apesar do aspecto frágil e angelical, mostra-se lascivo e deveras consciente da sensualidade dos corpos belos e das impurezas dos sentimentos e sensações que eles despertam. Segue a leitura, contrastando a maturidade de Fonchito e uma suposta inocência da madrasta, intercala por uma série de pinturas a óleo e devaneios junto a especialistas míticos nas impurezas da carne, como o rei da Lídia; entidades mais nobres como a deusa grega e irmã gêmea de Apolo, Artemisa, e a romana Vênus.

O livro apresenta alta carga erótica, típica de Llosa, para quem o erotismo só existe em sociedades que alcançaram um alto nível de civilização e não se confunde com pornografia. É visível ainda os traços de machismo, também presentes em autores como Gabriel García Márquez, e que acabam por incomodar as alas mais radicais do feminismo e demais massas de indignados. Os quais não percebem que alguns aspectos da escrita têm sua razão de ser ancorados na realidade de cada povo, não em ideais ou convicções de cada autor, e que fazer literatura não se confunde com a elaboração de manuais de bons costumes, é antes a possibilidade para a transgressão dos falsos moralismos, das dietas recomendadas ou dos modelos de vida inexistentes.

Como uma legítima obra de Llosa, também não poderia deixar de conter a marca pessoal do autor, o ponto em que vida e obra se interceptam e se fundem. Sobre esse aspecto um bom exemplo, e que talvez possa passar despercebido, encontra-se na reformulação das convicções de dom Rigoberto, ex-militante da Ação Católica, mas que acaba por entender ao passar do tempo que, como todos os ideais coletivos, aquele era um sonho impossível, condenado ao fracasso. Seu espírito prático o induziu a não perder tempo travando batalhas que mais cedo ou mais tarde ia perder. Conjeturou então que o ideal de perfeição talvez fosse possível para o indivíduo isolado, restrito a uma esfera limitada no espaço...(p.63). Seguindo na mesma linha quando afirma ser o seu corpo, aquele impossível: a sociedade igualitária.. Cabe aqui lembrar que Llosa profetizava, em 1967, que no máximo em 50 anos todos os países da América Latina seriam como Cuba, acreditando na ideia de um império que a saqueia. As ideias de dom Rigoberto são também as de um Llosa não mais amistoso em relação aos ideais comunistas, nos apresentando um Alfonso que domina o inglês entre goles de Coca-Cola.

Por fim, aos que já leram e gostaram, recomendo a leitura de Os cadernos de dom Rigoberto, publicado nove anos após o livrinho que descrevemos e cujos acontecimentos o sucedem, servindo como espécie de prolongamento a uma obra já completa, mas que nem por isso menos digna de leitura. Daqui em diante cabe ao leitor recorrer às obras, ao prazer da descoberta na leitura e encontrar novas surpresas, previsíveis ou não, das histórias que se seguem.
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Zelinha.Rossi 12/03/2017

Sobre como tentar salvar uma obra que você não gostou de um escritor que você ama
Mario Vargas Llosa é, definitivamente, um dos meus favoritos. Sou completamente apaixonada pela originalidade deste autor peruano, o que já enalteci, principalmente, nas brilhantes obras “Tia Julia e o escrevinhador” e “Pantaleão e as visitadoras”.
E o que fazer para achar “Elogio da Madrasta” também sensacional pela originalidade? Podemos tentar começar com a combinação completamente inusitada de erotismo com as rotinas de limpeza pessoal cotidianas (é, não é pra qualquer autor conseguir tratar a remoção de pelos nas orelhas e no nariz e até a defecação como algo que pode dar asas à imaginação sensual – eca!). Tem também o fato de mesclar descrições de pinturas de diferentes épocas (quadros presentes na casa do personagem da obra) com as fantasias sexuais do casal Lucrécia e Rigoberto; só que as descrições também nos deixam, muitas vezes, desconfortáveis (especialmente no capítulo “Candaules, rei da Lídia”, em que se discursa extensivamente sobre a garupa da rainha Lucrécia e sobre como o rei queria que todos vissem que a dela era a melhor do reino e que ele era o único capaz de montá-la... eita, quanta esquisitice).
Sobre o enredo, não me nego a dizer que, para mim, foi muito perturbador. Acompanhar a relação entre uma criança e uma mulher de 40 anos foi muito desconcertante e desconfortável (ou seja, não vai dar pra ler Lolita do Nabokov).
E aí fiquei esperando a grande revelação ou virada no fim do livro que me fizesse dizer: Ufaaaa, Llosa não me decepcionou. Mas não veio - aliás, nem sei porque esperei isso, sempre acho que o que o autor tem de melhor é o meio de suas obras, os finais são sempre comuns e não usam de recursos apelativos comerciais. Mas dessa vez, eu quis um recurso desse, mesmo não gostando desse tipo de apelação.
Então, tentei, tentei e tentei salvar a obra, primeiro em minha cabeça e agora nesse texto, porque gosto demais do Vargas Llosa. Mas não foi desta vez que consegui, Varguitas. E será que vou ter coragem de ler a continuação “Os cadernos de Dom Rigoberto”? Bom, acho que não vou resistir a tentar... hehehehehe... Vai que melhora minha opinião sobre “Elogio da madrasta”, não é?
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Zuca 23/04/2021

A dificuldade em tratar tal premissa, em tais circunstâncias (erotismo, com os agravantes de tabus empilhados sobre tabus), enquanto se pretende levado a sério num ambiente de alta literatura, faz Vargas Llosa – totalmente consciente da decisão e direções tomadas para tal fim – tratar a dinâmica do consumo da obra pelo leitor mais como pugilismo: estudando o oponente, acerta golpes fracos, esquiva; fecha a guarda num primeiro momento enquanto planeja uma abertura calculada no seguinte; choca e relativiza, avança e recua, morde e assopra.

Quanto à estruturação prática desse processo, o autor ataca em frentes intercaladas: em paralelo à narrativa principal (mais concreta e factível), pequenos contos (baseados em pinturas reais e que poderiam sobreviver por si mesmos, independentes deste livro em si) vão sendo costurados à espinha dorsal da estória de modo a travar o mesmo embate em nível mais abstrato, surreal, e por isso mesmo de forma mais subversiva – e provavelmente ainda mais eficaz.

Vargas Llosa sobrevive bem ao crivo do julgamento artístico, enquanto dilui, zombeteiro, as fronteiras entre hedonismo e escravidão, sagrado e profano, misterioso e aterrorizante, angelical e demoníaco.

site: https://sucintandoresenhas.blogspot.com/
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Eva Luna 01/07/2009

Sensual, evolvente e piegas
É muita inocência da madrasta deixar se envolver por o anjinho de cachos dourados.
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Nana 17/06/2015

É com culpa que eu preciso dizer que gostei. Com vergonha, talvez. É inevitável lembrar de Lolita e o carisma cheio de culpa que sentimos por Humbert, mas poxa, em "Elogio da madrasta" é diferente. Em Lolita eu pesava moralismo, me questionava, quase tive uma náusea numa cena - mas aqui, com Llosa, eu ardia para ver a coisa errada acontecer.
Devo dizer que minha incontestável sensação quanto a este livro é: senti mais como uma experiência do que como uma leitura. Ele é extremamente sensorial; neste meu primeiro romance erótico eu senti os transes do don Rigoberto, o desespero e a vulva úmida (sim) de Lucrécia, dei um gemido sem querer na cena lésbica, quis ver a pedofilia acontecer no seu pior jeito. Li com uma pressa e selvageria quase sexual.
Que viagem, minha gente. Que viagem.
Roany 23/06/2015minha estante
MIGA!!! Não se envergonhe, você não foi a única. Isso representa a qualidade de um autor, que consegue fazer você sentir uma coisa que talvez nem ele mesmo sentiu.. Llosa é o rei da pootaria p mim, amo




Higor 01/09/2018

Sobre o erotismo através dos séculos
Todo autor tem uma obra-prima, que sempre é lembrada, até pelo mais leigo dos leitores, quando se comenta algo sobre um autor; o mesmo não pode se pontuar com precisão, no entanto, ao se tratar da obra de Mario Vargas Llosa. A crítica especializada, por exemplo, aponta ‘A festa do Bode’ como seu melhor livro, o que é fortemente contestado pelos fãs, que preferem seu ‘Travessuras da menina má’, ou até mesmo ‘Elogio da madrasta’.

este poderia ser, sim, seu melhor livro, afinal, a maneira como o autor teve um cuidado ao narrar a história de Lucrécia e seu afilhado Fonchito é incrível, e o resultado de todo o cuidado e zelo é uma história desconcertante, repugnante para alguns, mas com um alto teor de beleza, é preciso admitir, mesmo torcendo o nariz. O que mais vale neste livro são os detalhes, e, de fato, a minúcia se mantém presente ao longo das 160 páginas, não com enfado, mas com elegância e esplendor.

Adjetivos pontuados, mas que muitos dos que leram, acabam por discordar, se for analisar os comentários em outras resenhas, principalmente por conta da intensidade de detalhes a respeito das abluções de Don Rigoberto, mais especificamente o capítulo dedicado a defecação dele. Não são detalhes desnecessários e que almejam o enojamento do leitor, mas que desejam levá-lo a refletir sobre o erotismo, assim como toda a obra, mas, no capítulo específico, abordar onde começa o erótico, se apenas com a consumação do ato, ou ainda na preparação do corpo, antes da entrega em si. Zelo para o próximo, ou, quem sabe, para sua própria veneração, acima de tudo.

Na verdade, a grande impressão que eu tive ao ler o livro, foi a de que encarava um artigo sobre a história do sexo através dos séculos, da arte e da literatura ou algo do tipo. Tudo porque o autor não aborda o erotismo – tão banalizado e escrito apenas para entretenimento barato nos dias de hoje – à toa, mas cria tais cenas, pontuando com referências, tanto literárias, quanto artísticas, apenas para enaltecer ainda mais a grandiosa história em suas mãos, tanto que, no decorrer do livro, o autor não se prende apenas em contar as aventuras sexuais de Lucrécia e Don Rigoberto, insaciáveis em descobrirem os prazeres da vida conjugal; tampouco em focar apenas no cuidado excessivo de Don Rigoberto em se preparar para a mulher; ao invés disso, amplia o horizonte com quadros e autores renomados e suas próprias descrições sobre o erotismo, enaltecidas ou vulgarizadas em seus respectivos séculos e culturas.

Quadros conhecidos, como Diana após o banho, de François Clouet e A anunciação, de Fra Angélico, se juntam a outras pinturas menos conhecidas, como Caminho para Mendieta 10, de Fernando de Szyszlo e trechos gregos, bíblicos, dentre outros, em uma aleatoriedade, que soa coesa, e se unem para compor o sexo em suas várias perspectivas.

Não nos esqueçamos, claro, de Fonchito, a criança meiga e angelical, que perturba o leitor com sua conduta. Embora seja um personagem essencial para a construção e desenrolar da história, principalmente nos capítulos finais, ele não é o responsável por fazer com que o livro seja lembrado por mim, e pode acontecer o mesmo com alguns leitores mais exigentes. A escrita primorosa e cuidadosa, sim, é o que suscita do pensamento.

Comparar ‘Elogio da madrasta’ com uma obra de arte é certamente um exagero, mas é igualmente prudente afirmar que está acima de muitos livros sobre o erotismo, ficcionais ou não, e até mesmo do próprio autor. Um livro que, definitivamente, impõe respeito.

Este livro faz parte do projeto 'Lendo Nobel'. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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M4RQ35 06/04/2023

Eu tinha tantas ideias sobre esse livro antes de começar a ler.
Eu tive tantas ideias sobre esse livro enquanto estava no meio dele. E no fim descobri que todas as minhas ideias estavam equivocadas.
Tive uma certa aversão no começo da leitura, mas a curiosidade acabou me impulsionando a seguir a diante só pra poder descobrir o final de tudo aquilo.
O livro alterna entre um capítulo sobre o cotidiano da família e um capítulo sobre algum conto hot sobre uma pintura.
Dos capítulos sobre as obras, escorre sensualidade
Do restante, é um misto de: ?Pobre Rigoberto?, ?Se controla, mulher!?. E sobre Alfonso.. só incógnitas.
Meu primeiro contato com Vargas Llosa, e sabendo que esse livro incrível não é dos melhores que ele já escreveu, só me faz querer conhecer mais e mais do autor.
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leonardo420 24/03/2023

Ótimo
Ótima leitura, um livro que mexe com seus sentimentos, inquietante um tanto fora do comum, porém creio que tenha sido essa a intenção.
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Elis 04/07/2010

Sinceramente achei o livro chocante, não imaginava que seria assim. Admito que se eu tivesse idéia do que realmente relatava eu não teria lido.
Não me agrada a perversidade da história, mesmo que isso possa acontecer na realidade.
Ele tem sentido, é explicado de maneira interessante, porém não agrada a todos os gostos.

Lucrécia é uma madrasta que acaba descobrindo o desejo por seu enteado, e não sente o minimo remorso ou culpa por seus atos.

Nota 7!!!

Bjokas elis!!!
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Nathalie.Murcia 31/08/2019

Subversivo e impactante
Adquiri este livro por intermédio de uma troca aqui no Skoob. São apenas 159 páginas permeadas de erotismo, pincelado em uma prosa elegante e assinalada pelo DNA inconfundível de Llosa.

O livro certamente é polêmico e não agradará a todos, haja vista que o enredo gira em torno do sentimento lascivo desenvolvido pelo enteado, ainda criança, por Lucrecia, a segunda esposa de seu pai, Dom Rigoberto. Os capítulos são curtos e, entrecortando a história principal, o escritor inseriu narrativas com temáticas libidinosas a respeito dos quadros que ornam as paredes da residência, uma das paixões de Dom Rigoberto. As gravuras das mencionadas obras iniciam os respectivos capítulos.

O mais interessante do enredo, sem dúvidas, são as artimanhas utilizadas por Fonchito para seduzir a madrasta, subterfúgios esses ocultados por sua beleza helênica e por sua falsa inocência.

"Seria a infância esse amálgama de vício e virtude, de santidade e pecado? Tentou lembrar se em algum tempo remoto ela tinha sido, como Fonchito, limpa e suja ao mesmo tempo, mas não conseguiu. Ah, quem me dera poder agir sempre com aquela semi-inconsconciência com que ele a acariciava e a amava, sem julgá-la nem julgar a si mesmo!"

Uma leitura que causa repulsa e aguça a curiosidade, tirando qualquer leitor da zona de conforto. Impactante e subversivo. Recomendo!

Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Léia Viana 25/05/2012

Impactante

“Era feliz toda noite, algumas vezes mais, outras menos, mas o minucioso ritual que tinha aperfeiçoado ao longo dos anos, como um artista que pula e arremata sua obra-prima, nunca deixava de provocar o milagroso efeito: ficava descansado, reconciliado com os semelhantes, rejuvenescido, animado. Sempre saía do banheiro com a sensação de que, apesar de tudo, a vida valia a pena ser vivida. Por isso, nunca tinha deixado de realizá-lo, desde que — fazia quanto tempo? — teve a ideia de ir transformando o que para o comum dos mortais era uma rotina que executavam com a inconsciência de uma máquina — escovar os dentes, lavar-se etc. — numa tarefa refinada que, se bem que por um tempo fugaz, fazia dele um ser perfeito.”

O primeiro livro que li, de Mario Vargas Llosa foi “travessuras da Menina Má”, achei a narrativa e o desenrolar da história muito interessante, o que despertou em mim, o interesse de ler outras obras desse escritor.

Em “Elogia da Madrasta”, o autor construiu uma história que choca, ao narrar o interesse sexual de um adulto por uma criança em sua quase pré-adolescência. Nesta obra, Lucrecia, é casada com o viúvo dom Rigoberto, e é a madrasta de Fonchito, descrito como um menino angelical de doces olhos azuis e cabelos louros cacheados, quase um ”anjinho”. Fonchito, logo no início da narrativa, demonstra pela madrasta um apego e um amor pouco saudáveis, que a perturba por não compreender se os sentimentos de afeto que Fonchito demonstra, são motivados por um amor puro, sem nenhuma conotação de malícia, ou, por trás de toda essa demonstração de carinho, existe a plena consciência que seus atos e suas palavras são perfeitamente “mal” intencionados .

O livro aborda um tema polêmico, beira a quase a uma leitura erótica. O autor faz uso de obras de arte, como ponto de partida, para contar a história de dom Rigoberto, Lucrecia e Fonchito. O amor é tema secundário no livro, pois a importância maior dada pelo autor, são os desejos o prazer – o sexo em si e o corpo – seu funcionamento, sua higiene. A capa é outro detalhe da obra que chama atenção para o erotismo, para a sensualidade, não consigo imaginar imagem melhor para ilustrar este livro do que a escolhida pelo autor.

O desfecho da história é que dá maior significado a obra, pela minha interpretação, o autor quis nos mostrar, em entrelinhas, que as aparências enganam e a maldade desconhece a idade.

Não sei concluir se gostei ou não do livro, fiquei chocada com o tema proposto e de como se desenvolveu a história. Mas creio que, para quem se interessar a ler esta obra, deverá fazê-lo de mente aberta e sem preconceitos, para tentar entender o que o autor quis nos passar com esta história.

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Má Contato 26/07/2014

Ok. Que livro estranho! Mas vamos lá...

Quando Don Rigoberto decide se casar novamente com Lucrécia, o que todos pensam é que Alfonso, filho de Don com outra mulher, será o grande problema deste novo casamento, afinal, que filho gosta de ver sua mãe ser substituída? O que ninguém esperava era que Lucrécia e Fonchito (como ele é chamado por ela) se dariam tão bem. E COMO! O que posso dizer de antemão é que se trata de um livro para maiores de 18 anos, uma vez que as noites de Don Rigoberto e Lucrécia são bem detalhadas.

Não consegui entender direito a idade que Alfonso tem, pois no início do livro ele é apresentado como um garotinho com cachinhos dourados e cara de anjo e ingênuo, nos dando a entender que ele tem em torno de 10 anos. Mas depois, ele passa a ter relações sexuais (veja só!) com Lucrécia e... Enfim, não é possível que ele tenha 10 anos, né? Imagino então que tenha 13/14.

Em alguns capítulos do livro, o autor coloca uma pintura e faz uma "analogia" da mesma, que pareceu-me totalmente sem nexo, como se ele fugisse da história principal para viajar um pouco. Se alguém que leu entendeu o que isso significa, por favor me explique.

Quando eu digo que o livro é totalmente detalhado, não é mentira. Você acha necessário ler sobre a "defecação" de Don Rigoberto?! Pois é... Quando eu estava lendo, imaginei que, por algum momento, aquilo era uma brincadeira com o leitor. Porque, meu Deus... Se não acreditam, veja só:

"Don Rigoberto entrecerrou os olhos e fez pressão, suavemente. Não era preciso mais nada: sentiu de imediato a comichão benfeitora no reto e a sensação de que, lá dentro, nos vãos do baixo-ventre, algo submisso se dispunha a partir e já transitava por aquela porta de saída que, para facilitar a passagem, se alargava. O ânus, por sua vez, tinha começado a se dilatar, antecipando, preparando-se para concluir a expulsão do expulso, para depois se fechar e comprimir, com suas mil ruguinhas, como se estivesse caçoando: “Deu o fora, sacana, e nunca mais vai voltar.” Don Rigoberto sorriu, contente. “Cagar, defecar, excretar, sinônimos de gozar?”, pensou. Sim, por que não. Desde que seja feito devagar e concentrado, degustando a tarefa, sem a menor pressa, prolongando, provocando um estremecimento suave e sustentado nos músculos do intestino."

Mas essa é só uma parte do livro... Calma! haha A história em si gira em torno de Fonchito e sua paixão por Lucrécia. Primeiramente, se apaixona pelos beijos de boa noite. Depois, passa a subir no telhado para vê-la tomando banho e daí por diante vocês vão ficar sabendo quando lerem o livro.
Rosa Santana 11/08/2016minha estante
Má, a inserção dos quadros de pintura, com as descrições é uma intertualizacao que Llosa faz, para contar, também, a história. É um recurso narrativo empregado pelo autor, diria eu, com bastante propriedade. O último quadro, por exemplo, quando ele descreve Maria, a mais simples das amigas sendo escolhida como a preferida, é uma explicação para o último capítulo, onde Fonchito diz preferir Justiniana...
Espero ter ajudado!




Alessandra 15/10/2021

Arrastado
Além da polêmica do temática achei o livro bem arrastado.
Lhosa tenta ser poético, mas na minha opinião fica só monótono.
Já li outros livros desse autor que são muito melhores.
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Rayssa 13/05/2024

Despropositado
Dona Lucrecia e Dom Rigoberto vivem uma relação conjugal feliz e repleta de amor e desejo. Sendo sua segunda esposa, Dona Lucrecia não poderia imaginar ser tão amada por seu enteado, Fonchito. O menino a adora, mas esse encantamento irá tomar rumos imprevistos por todos.

Já tendo lido anteriormente (e amado) Travessuras da menina má, do mesmo autor, fui com muita expectativa para Elogio da madrasta e, infelizmente, me decepcionei muito. Para quem não sabe, Llosa é um autor peruano, nascido em 1936, de prosa ágil e repleta de lirismo. Nessa história, o autor mantém um certo lirismo na narrativa, combinada com toques de humor e erotismo. Contudo, o que Llosa tenta fazer aqui não funcionou para mim.

Temos aqui uma narrativa linear mesclada com contos curtos que usam os personagens principais em situações lúdicas, com um misto de mitologia e alusão a obras de arte. Esses pequenos textos são sátiras da história principal, repletos de sarcasmo e devaneios que, no geral, não se comunicam tão bem com o restante da obra, sendo assim acréscimos desnecessários ao texto principal que passa longe de ser ruim, mas que poderia ter sido melhor aprofundado. Nesse sentido, embora seja curioso acompanhar o ego exacerbado de Dom Rigoberto, o autor narra em minúcias irrelevantes seus rituais de higiene, chegando a ser irritante por sua irrelevância. Dona Lucrecia, por sua vez, é representada como uma mulher vazia, cujos atributos físicos são objeto de uma obsessão patética do marido.

Agora, a principal questão que me fez não gostar do livro foi a forma como um tema tão delicado, isto é, a pedofilia, foi abordada na obra. Llosa se esforça para fazer uma situação tão horripilante parecer algo comum ou até cômico. O autor joga um abuso sexual infantil na história sem aprofundamento dos personagens, sem trabalhar o leitor para que ele entenda o que de fato está acontecendo ali, coisa que Nabokov faz com maestria em Lolita, por exemplo. É muito desconfortável ver a ausência de responsabilidade de Dona Lucrecia, uma mulher adulta que enxerga no menino uma oportunidade de inflar seu ego ao ponto de crescer para um desejo sexual. Ainda por cima, temos um desfecho aberto, no qual é insinuado que a culpa de todos os acontecimentos seria da criança. Fonchito seria então um ser maligno, ou até demoníaco (inclusive há no texto referências a Fausto), que teria supostamente seduzido sua própria madrasta para levá-la a perdição. São contrassensos tão grandes nessa leitura que me deixou bastante incomodada.

Enfim, não consegui mesmo compreender o que se passou na cabeça de Llosa ao escrever esse livro que, a meu ver, é de tão mal gosto e despropósito. Para quem não conhece o autor, recomendo muito começar por Travessuras da menina má e deixar Elogio da madrasta como última opção.
Rodrigo 13/05/2024minha estante
Achei a mesma coisa, e agora estou cabreiro de ler outro do Llosa. Ao mesmo tempo, eu já li travessuras e pantaleon, ambos 5 estrelas. Santa indecisão!




Vih Vargas 12/09/2021

Uma mistura de humor, poesia e erotismo!
O autor tem uma escrita bem poética, por vezes um pouco confusa e em outras muito floreada. Em certos capítulos acho ser um complemento, em outros é só cansativo. Passei o livro num misto de desconforto e admiração com a escrita. Porém ainda sim é uma escrita poética feita com maestria, só realmente foge ao tipo de leitura que eu gosto.
O enredo da história é muito bem construído e você se envolve muito mais com as sensações dos personagens do que com eles especialmente.
A parte erótica misturada ao humor e a escrita poética é o conjunto perfeito. Acredito que para um livro erótico é muito bem desenvolvido e construído. É o tipo de livro erótico que te faz querer degustar as páginas ao invés da pornografia barata que geralmente encontramos por aí.
História sensacional e bem desenvolvida com um final muito merecido!
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