O Quinze

O Quinze Rachel de Queiroz
Shiko




Resenhas - O Quinze


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Bookster Pedro Pacifico 12/05/2020

O quinze”, de Rachel de Queiroz - Nota 9/10
Com apenas 19 anos, a autora cearense publicou um dos principais clássicos sobre a nossa cultura brasileira: um retrato humano do sertão nordestino, da vida difícil do sertanejo, que faz de tudo para tentar sobreviver diante de tanta miséria e dificuldades ambientais. Mas, além disso, “O quinze” ficou marcado na historia por ter sido publicado por uma mulher durante a década de 30, explorando temas de relevância social e retratando personagens femininas que fogem do estereótipo esperado naquela época.

Apesar de ter nascido em uma família de intelectuais e em boas condições financeiras, Rachel de Queiroz conhecia a tradição local, cresceu ouvindo sobre a seca e sobre as dificuldades de muitos dos seus conterrâneos. É por isso que consegue nos transmitir essa realidade de forma tão tocante. Carregada de regionalismo, a autora faz uma denuncia sobre a miséria, a desigualdade e a indiferença dos abastados e dos políticos frente à pobreza do povo.

O período retratado em “O quinze" é a seca que assolou o Ceará em 1915 (daí a razão do título). O personagem principal é Chico Bento e sua família, um grupo de retirantes que carregam o pouco - ou quase nada - do que tinham para fugir e da seca. Atravessam a pé a terra sedenta em busca de salvação no litoral nordestino. O outro núcleo da narrativa é conduzido por Conceição, uma jovem que vive com a avó e que, nascida em melhores condições, consegue fugir de trem da pequena cidade de Logradouro. Nesse cenário, já fica claro que a seca atinge o povo de forma desigual.

A escrita é carregada de oralidade e regionalismos, mas com uma linguagem mais simples, diferente do que Euclides da Cunha usa em “Os sertões”, por exemplo. Gostei muito da forma humana que um ambiente tão brasileiro é construído. Não dá para não sentir uma identidade com “Vidas secas”, um livro que me marcou demais na juventude. E, inclusive, Graciliano Ramos pode ter se inspirado em “O quinze" para escrever uma das suas grandes obras. “O quinze” deve sempre ser lembrado, celebrado e aproveitado por nós, leitores.

site: https://www.instagram.com/book.ster
Bruno B. 30/05/2020minha estante
Mais um vídeo no YouTube, se puder assistir, ficarei grato.

https://youtu.be/AS8MzpyoOLw


Márcyah 12/08/2022minha estante
Vc tem o livro na versão HQ?




Eduardo 04/08/2022

Iam para o destino, que os chamara de tão longe
Publicado em 1930, O Quinze é um divisor de águas da chamada "literatura da seca", ou seja, livros ambientados durante períodos de secura cujas sagas são intrinsicamente relacionadas às consequências do clima árido, tanto no âmbito social quanto no âmbito psicológico e até mesmo político.
A grande justificativa para o romance de estreia de Rachel de Queiroz ocupar uma posição tão significativa entre os romances regionalistas brasileiros é que ele quebra, de forma bastante contundente, o vício literário de se retratar a seca – especialmente nordestina – de maneira exageradamente romantizada, como acontecia até então. Mário de Andrade, inclusive, escrevendo sobre O Quinze, disse que o livro aborda o tema de uma forma humana, mostrando "uma seca de verdade, sem exagero, sem sonoridade, uma seca seca, pura, detestável, medonha". De fato, Rachel não ensina ao leitor o que ele deve sentir, não floreia suas palavras de modo a idolatrar o sofrimento humano; pelo contrário, mostra-o da forma como ele o é: detestável, angustiante, amargo como sangue. E então, diante de verdadeiro retrato do quadro da aridez, cabe ao leitor se apequenar diante da força da natureza como lhe convém e sentir a aspereza do ambiente e o tormento das personagens como se ali estivesse.
Lançado quando Rachel tinha seus vinte anos (e escrito quando ela ainda tinha seus dezenove), O Quinze faz referência à grande seca de 1915, que deixou marcas severas no estado do Ceará. Apesar da pouca idade na época, Rachel se embasou especialmente em relatos de conterrâneos sobre as consequências do episódio para desenvolver seu romance. Como filha da terra sobre a qual escrevia, imprimiu em sua obra a linguagem simples e os costumes do sertão, mas sem exageros, sem reservar de forma exclusiva aos mais pobres o vocabulário da roça e aos mais ricos o linguajar culto. Aqui não há dissonância social entre uma e outra classe, mas como cada uma reage – diante do que pode – ao fantasma desolador da seca.
O livro se divide em três núcleos. Primeiramente, somos apresentados à Conceição, moça que, no alto de seus vinte e poucos anos, é professora na cidade e costuma passar as férias na fazenda da avó Inácia, na região do Quixadá. Solteira, sem pretensões de casamento e filhos, Conceição é uma protagonista diferente do que se via na época: solitária, independente, apegada à literatura e questionadora. Devido a isso, há quase um abismo intelectual entre ela e Vicente, por quem é, de certa forma, apaixonada.
É Vicente quem protagoniza o segundo núcleo do romance. Moço de aspecto mais rude, ele lida com a fazenda de sua família, especialmente com o gado, que agora, em tempos de seca, pena até mesmo para se manter de pé. Apesar de parecer um tanto bronco, Vicente é, na verdade, bastante generoso, e sua generosidade não se resume apenas ao ser humano; ela se estende a seus animais. Nesse ponto é que Rachel iguala o embate entre o homem e a natureza, talvez a grande temática do livro, porque, ao mesmo tempo em que a natureza faz sofrer, também ela sofre.
Esses dois núcleos são compostos por personagens de classe social mais abastada, totalmente diferentes do terceiro núcleo, que é protagonizado pelo vaqueiro Chico Bento, empregado de Dona Maroca, que dispensa seus funcionários após dar ordem de soltar o gado para morrer, diante da crueldade da seca e completa falta de recursos. Juntamente com sua família, Chico Bento toma a decisão de se retirar da terra e partir em busca de um lugar melhor, decisão que lhe trará consequências impiedosas, a começar pela incessante fome durante todo o percurso, passando pela morte comovente de um de seus filhos e pela perda de sua dignidade.
Convencida pela neta Conceição, Dona Inácia sai de sua fazenda e parte para a cidade, onde as duas passam a viver até que a saga de Chico Bento cruze os caminhos da moça. É na cidade que Conceição encontra o que resta da família do vaqueiro, precisamente em um campo de retirantes (chamado, na época, de campo de concentração), visto que ela costumava ajudar no precário socorro que o poder público dava aos retirantes recém-chegados do sertão à capital. É na cidade também que ela recebe a visita de Vicente e rumina incessantemente suas ideias a respeito do rapaz, precisamente sobre um improvável romance entre a mocinha literata e o sertanejo.
Usando uma prosa despretensiosa, mas bastante comovente, Rachel de Queiroz nos apresenta uma história que, acima de tudo, tem a intenção de mostrar os efeitos da seca nos campos social e psicológico. O Quinze deixa à vista a forma como cada classe social lida com as consequências assoladoras do episódio: enquanto Vicente consegue, ainda de forma sôfrega, lidar com a desolação de seus animais, e Conceição e a avó conseguem se refugiar na cidade, a família de Chico Bento é esmagada pela dor pungente da fome e pelas consequências psicológicas irreparáveis da miséria. O romance também é envolvido por denúncias sociais, quando relata o apadrinhamento político que levou Chico Bento e sua família a fazerem sua retirada a pé devido aos bilhetes de trens para a capital já estarem todos "vendidos".
Quanto à sua estrutura e linguagem, a obra é, na medida certa, um verdadeiro romance regionalista, sincero e constante no que a autora propõe retratar, tanto pela perspectiva coletiva do tema quanto pela perspectiva inerente a cada personagem. Ainda que silenciosa, Rachel nos faz ouvir os sons da seca, nos faz sentir o silêncio da noite rodeando o quarto de Conceição, nos faz ver as cores tristes do gramado ressequido, nos faz sentir a vigília da morte iminente.
Apesar de não ser uma história necessariamente aguçadora e de grandes acontecimentos, O Quinze é um retrato explícito, cruel e emocionante das limitações do homem diante da natureza, mas também da consciência, compaixão e complexidade humanas diante dos mais inevitáveis quadros de sofrimento. Costumo dizer que a seca, neste livro, é uma personagem à parte, onipotente e onipresente, desafiadora e impiedosa, mas solitária em sua saga.

"Iam para o destino, que os chamara de tão longe, das terras secas e fulvas do Quixadá, e os trouxera entre a fome e mortes, e angústias infinitas, para os conduzir agora, por cima da água do mar, às terras longínquas onde sempre há farinha e sempre há inverno…"

site: https://alemdoslivros.com/o-quinze-rachel-de-queiroz/
Leio, logo existo 09/08/2022minha estante
Ótima resenha. Fiquei com vontade de ler.


Eduardo 09/08/2022minha estante
Obrigado ? Caso leia, vou acompanhar suas impressões.




Diego Lima 26/10/2021

O livro tem o plano de fundo a seca ocorrida em 1915, no Estado do Ceará, onde muitas famílias de trabalhadores rurais se deslocaram para grandes cidades do Ceará, bem como de outros Estados. Essas pessoas ficaram conhecidas como "retirantes", pois viajavam muitas vezes a pé, carregando todos seus pertences, e visavam a sobrevivência. Os que não tinham para onde ir, buscavam os campos de concentração - eram instalações do governo projetadas para receber os desabrigados desse período sem chuvas no sertão (tinham condições precárias e serviam como forma de controlar ameaças de violência por assaltos em decorrência da fome e miséria trazidas por essas famílias).

No romance, vamos ser apresentados a personagens com uma certa ligação, e cada um enfrentará esse tempo de terras estéreis pela ausência das chuvas de forma diferentes.
Conheceremos Dona Inácia, proprietária de uma fazenda e sua neta Conceição, uma jovem professora passando as férias com a vó. Teremos Vicente, fazendeiro, primo de Conceição e dono de cabeças de gado. E Chico Bento, trabalhador da fazenda vizinha de Dona Inácia.

Com base nesses personagens a autora conseguirá nos levar a sentir todos os dramas e males de uma das secas mais pesadas da história. Onde alguns optaram por permanecer em suas terras, esperando o milagre da chuva; muitos conseguiram se locomover por meio de trens para o grandes polos, principalmente os bem de vida financeira; e a grande maioria precisou ir andando pelas estradas em busca de salvação, entregando seu futuro ao acaso.

Essa obra foi escrita pela cearense Rachel de Queiroz, aos 19 anos de idade. Tendo um destaque a nível nacional, por descrever tão humanamente esse período no Ceará. Grande era seu talento levando-a a ser a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de letras.
JurúMontalvao 27/10/2021minha estante
?


Michela Wakami 02/11/2021minha estante
Muito bom!??




Michela Wakami 11/08/2021

Uma grande seca.
Uma grande seca, iniciada em 1915, atinge o nordeste do Brasil.
Para evitar que as pessoas migrassem para Fortaleza, foi criado um campo de concentração, aonde as pessoas que fugiam da fome e da miséria, foram levadas.
A autora relata muitos momentos de extrema miséria e tristeza.
O final, achei que deixou a desejar. Mas o livro em si, é muito bom.
Vanessa 11/08/2021minha estante
Quando li ele na época da escola gostei bastante. Realmente o final deixa a desejar. Que bom que vc gostou.


Tangerina 11/08/2021minha estante
Eu confio tanto nas suas resenhas e no seu ponto de vista, me instiga a querer ler tudo o que você lê.


Michela Wakami 15/08/2021minha estante
Oi amore, obrigada pela sua confiança, me sinto honrada. ???




Carolina.Gomes 30/12/2021

O quinze de Raquel de Queiroz
Meu primeiro contato com a obra de Raquel e eu fiquei encantada com a sensibilidade de seu olhar sobre a seca, sobre o sofrimento do nordestino retirante.

A miséria que assola o povo de Quixadá é observada pela personagem principal, uma professora progressista que mora na capital do estado, mas que visita sua avó, durante as férias.

Conceição é uma protagonista feminina que não pensa em casar e se dedica a minimizar o sofrimento do povo dos campos de concentração.

Outros personagens merecem destaque como Chico Bento que junto com a mulher e a prole numerosa, sai em busca de melhores condições de vida e Vicente que não abandona a terra e insiste em recuperar o que a seca destruiu.

Esse romance inspirou Graciliano a escrever Vidas Secas, uma das maiores obras da literatura brasileira.

Foi uma honra conhecer o romance inaugural de Raquel e Memorial de Maria Moura me aguarda em 2022.

O quinze é marcante, doído, belo, real e infelizmente, ainda muito atual.

Recomendo fortemente!
Joao 30/12/2021minha estante
Poxa, Carolina. Você acabou de colocar mais um livro nas minhas metas para o ano que vem hahaha.
Essa questão dos campos de concentração eu já tinha lido sobre. O romance dá algum enfoque nessa questão?
E também não sabia que esse livro foi inspiração direta para Vidas Secas. Que sensacional!


BiolaBlues 30/12/2021minha estante
Já está na mjnha lista!!


Ana Sá 30/12/2021minha estante
Nossos livros didáticos de literatura têm uma dívida com a obra da Queiroz... Aliás, com a obra de várias mulheres! A literatura caipira da Ruth Guimarães também fica esquecida, e a gente sempre se surpreende quando cruza com essas autoras. Adorei a resenha!


Carolina.Gomes 30/12/2021minha estante
John, a autora trata dos campos de concentração. Não é uma análise profunda, mas me fez pesquisar sobre. O sentimento das personagens te dá uma dimensão?

Ana, colocação perfeita! Quero conhecer Ruth Guimarães. Viva a nossa literatura brasileira!


Thamiris.Treigher 01/01/2022minha estante
Amo muito esse livro!!


Michela Wakami 01/01/2022minha estante
Amo!??




Nado 04/09/2022

Rachel de Queiroz ainda tão novinha, nos deixou de presente um clássico. É um livro muito triste, a história da família de Chico Bento e Cordulina me fez chorar tanto quanto a de Fabiano e Sinhá Vitória, de Vidas Secas. Tragédias acontecem nessa e em tantas outras histórias desse livro com a implacável seca de 1915. Impossível terminar esse livro e "sair" dele do mesmo jeito que "chegou".
Janaina 06/09/2022minha estante
É um dos meus favoritos da autora. ?




Clara_Galaxia_ 04/01/2024

Uma estória sem dúvidas muito profunda.
Acredito que quem gostou muito de "Tudo é Rio" ds Carla Madeira, tbm vai gostar desse livro.
Chokito 04/01/2024minha estante
Chique




Layla.Ribeiro 09/12/2021

Desafio literário 2021- Livro da Região Nordeste
Este livro nos mostra de forma crua a grande seca que teve no estado do Ceará em 1915, somos apresentados alguns personagens de diferentes realidades que estão sofrendo com a seca, do jovem que apesar dos desafios não pensa em abandonar sua cidade, a da protagonista professora que ajuda aqueles que fogem da seca em Fortaleza e a família de retirantes que querem mudar o seu destino, está última foi muito sofrido ler os relatos. A história apesar desse clima de sofrimento,é curta e possui uma narrativa de fácil leitura, queria ter me conectado mais com a história no início. Amei a protagonista, mulher que quebra muito dos padrões exigidos pela sociedade. Um enredo tão bem construído e escrito que me surpreendeu a saber que foi escrito por uma moça de 19 anos na década de 20. Compreendi o porquê da Rachel ser tão importante para literatura brasileira, que escritora!! Recomendo muito essa leitura.
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Hildo Frota 06/09/2022

Terra seca e vidas cheias de esperança
Queria poder ler mais 100Pág desse livro, Rachel descreve com maestria a realidade triste e cruel da seca de 1915. Uma narrativa envolvente que nos faz refletir até onde o ser humano pode ir por sua sobrevivência.
DANILÃO1505 06/09/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




Rafa 31/12/2020

Miséria e consternação
O romance nos traz com detalhes a miséria que ainda perdura no nordeste, onde os traços dos personagens compreendem as mazelas decorrentes da seca. Além disso, é possível observar críticas implícitas à política, corrupção, machismo e ao nosso modelo de educação. Particularmente, não gostei do desfecho ou da falta dele rs
Vitor 31/12/2020minha estante
Achei um bom livro, bem escrito e de uma importância histórica ímpar. Mas, não sei... faltou algo para ser marcante para mim, para ser alçado na categoria das obras-primas, rs.


Rafa 31/12/2020minha estante
Isso aí ??? A minha percepção foi a mesma.




Diego 03/09/2022

Grande livro!
O assunto me é caro: a vida nos sertões do Brasil.
Mas a autora exagerou!
O livro não é gordo nem magro, tem o peso perfeito. A linguagem acompanha isso.
Conta histórias de pessoas que tentam sobreviver a uma marcante seca ocorrida no ano de 1915, daí o título.
Ao ler, sente-se a tristeza resiliente dos personagens. Há uma história de amor desconjuntado, há uma história de viagem e de dor, há inúmeras pequenas passagens que nos dão a impressão de estarmos mergulhando naquele ambiente inóspito e seco.
Escrito antes dos 20 anos da autora é um livro de surpreendente maturidade!
Que livro bom!
Edneia.Albuquerque 03/09/2022minha estante
?




Everton Vidal 09/06/2021

Os livros neorrealistas são mais do que descrições de realidades complexas, são posicionamentos e Rachel é uma das mais importantes nesse sentido. "O Quinze" denuncia a situação de total abandono dos retirantes cearenses no contexto da seca de 1915. Ficção mesclada com memórias, pois a autora também emigrou para o Rio em 1917.

"Iam para o desconhecido, para um barracão de emigrantes, para uma escravidão de colonos... Iam para o destino, que os chamara de tão longe, das terras secas e fulvas de Quixadá, e os trouxera entre fome e mortes, e angústias infinitas, para os conduzir agora, por cima da água do mar, às terras longínquas onde sempre há farinha e sempre há inverno..."

Prosa direta, que transcreve a realidade sem excessos, com linguagem corrente e períodos breves. Personagens principais (Chico Bento e família, Conceição e Vicente) edificadas frente as pressões da natureza e do meio social, como respostas singulares e dramas próprios frente ao fenômeno plural da seca. A emigração esquematizada como uma abertura ao desconhecido. Os hábitos e ritos religiosos populares nordestinos, acompanhando como um sinal externo da fé que gera força e alegria de viver apesar da escassez.

É de se admirar que Rachel tinha apenas vinte anos quando o livro foi lançado, e a princípio não foi devidamente valorizado. Aliás, a personagem Conceição, professora com ideias feministas que iam além do seu tempo, refletia muito esse lado da autora que acabou sendo a primeira mulher a receber o prêmio Camões.

No cerne do livro, coligado à crítica também está o sentimento de pertencimento e compartilhamento do retirante frente à natureza e a tragédia.

"E o bode sumiu-se todo...
Cordulina assustou-se:
- Chico, que é que se come amanhã?
A generosidade matuta que vem na massa do sangue, e florescia no altruísmo singelo do vaqueiro, não se perturbou:
- Sei lá! Deus ajuda! Eu é que não havera de deixar esses desgraçados roerem osso podre..."
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pedronardelli534 26/03/2023

O Quinze
é muito impressionante que a rachel de queiroz tenha escrito esse livro ainda no fim da adolescência.
o enredo é simples, com poucos personagens, mas a história é bem construída, triste e realista com a situação de miséria dos nordestinos durante a seca de 1915.
um fator que me fez não dar 5 estrelas é que o enredo pode ser simples até demais em alguns pontos, só retratando as cenas vividas pelos sertanejos em vez de se aprofundar em algum elemento específico da narrativa. isso pode fazer com que o leitor tenha dificuldade em se embarcar no livro e se mergulhar na história. no entanto, essa característica pode ser a intenção da rachel, já que a prioridade da história era tratar da seca em si, e não exatamente da história individual de cada personagem.
de qualquer forma, o livro é excelente e vale muito a pena!
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Matheus656 31/01/2024minha estante
Esse livro é incrível. Quando acabar meu passeio por Jorge Amado certamente irei me aventurar em Rachel de Queiroz mais profundamente.


Magda.Marilise 31/01/2024minha estante
Eu fiquei mto comovida




Reccanello 25/05/2022

Væ solis!
Mais um livro triste, duro e seco como a terra batida do sertão, ressecada e gretada pela falta d'água.
===
No ano de 1915, uma grande seca assolou o interior do Ceará, levando fome e miséria ao sertão e dando origem a uma migração em massa na qual milhares de sertanejos fugiram do campo em direção à capital Fortaleza. Diante da crise e do caos instalado, o governo fez o que sabe fazer de melhor: piorou ainda mais a situação, instalando verdadeiros campos de concentração para "abrigar" os refugiados. Eis, neste cenário de extrema miséria e pobreza em que, estima-se, morriam em média 150 pessoas por dia nesses campos de concentração, onde os retirantes ficavam presos, vigiados pelo exército e recebendo doações de comida e medicamentos, o pano de fundo da história do livro!
===
Primeiro romance de Rachel de Queiroz (lançado em 1930 quando a autora ainda não tinha completado 20 anos de idade), "O Quinze" narra as histórias paralelas de Conceição, Vicente e a saga do vaqueiro Chico Bento e sua família, expondo de maneira ímpar o drama da seca e, sem perder de vista os dilemas humanos universais, do descaso do governo para com seus contribuintes. Ainda que haja alguma candura e alento nas histórias de Conceição e Vicente (um casal de primos que, por sua incapacidade de comunicação, acabam não se relacionando amorosamente), o arco mais pungente da obra é trazido pelo núcleo de Chico Bento e sua família. Perdendo tudo para a seca, veem-se obrigados a emigrar meio que sem destino, numa jornada de fome, desespero e morte que não apenas lhes toma o restante dos parcos bens e leva a vida de dois filhos, como termina no campo de concentração, comendo a ração de miséria que lhes é dada pelo governo. Um retrato perfeito do pobre sertanejo - que, forte e resistente como a palma, mas humilhantemente tangido como gado, não se rende e, ao menor sinal de chuva e de verde, se enche de esperança e volta para casa, nem que seja para sofrer tudo de novo na próxima estação de seca -, praticamente uma transcrição da realidade cruel de suas vidas, não é à toa que o livro se tornou instantaneamente um dos grandes clássicos de nossa literatura.

site: https://www.instagram.com/p/CeBjvjFgRq5/
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