spoiler visualizarLois 18/07/2018
There is a crack in everything, that's how the light gets in.
Esse livro é obviamente muito superior ao anterior, Cidade dos Anjos Caídos. E provavelmente o melhor entre todos, até agora.
Algumas coisas na história ainda me incomodam bastante... Mas chegaremos lá!
Nesse livro nós conhecemos o Sebastian melhor, o que pra mim, foi um dos pontos altos desse livro, já que ele se mostrou um vilão imensamente melhor do que o Valentim. Claro, ainda falta uma essência um pouco mais diabólica, algo que realmente dê "medo" nele, porque em determinados momentos, eu não consigo acreditar que ele fará tudo aquilo que promete ou que sequer conseguirá fazer. Mas eu acho que isso é uma fragilidade do personagem, talvez intencional. Pois ele foi criado pra ser mau, ele foi criado conhecendo e aprendendo somente o que o seu pai lhe ensinava e podemos entender que ele foi muito mais privado das coisas do que Jace, por exemplo, e sempre houve a pressão de que ele deveria ser alguém muito maquiavélico e poderoso. Então nesse livro, apesar de todas as coisas ruins e doentes que o personagem diz e faz, podemos compreender que existe algum resquício humano ali. Que ele ficou magoado pela mãe ter aberto mão dele, por querer matá-lo, que o relacionamento com Valentim não era como imaginávamos, que eles não eram dois aliados tão aliados assim... e por sua irmã não ser igual à ele ou simplesmente o amar somente pelo fato de serem irmãos. Dá pra sentir uma solidão humana por de trás das atitudes doentias, no final das contas. A gente percebe que ele quer o poder, talvez pra mostrar que é capaz, que é poderoso e para que isso de alguma forma mascare todo o seu passado e abandono, mas que ele não quer sozinho. Ele quer que alguém esteja ao seu lado. Por isso a insistência em Jace e Clary. Então foi interessante poder conhecê-lo melhor, dar alguma profundidade para o personagem.
"Sangue não significa amor."
O Jace e a Clary se mostraram um pouco mais maduros (ouvi um aleluia?), e conseguimos enxergar um crescimento individual e entre ambos. Apesar de muito pequeno em relação ao que eles deveriam ter crescido AO LONGO dos livros. Então não dá pra esperar que a Cassandra faça tudo o que deveria ter feito ao longo dos livros em apenas um.
O Jace finalmente parou de achar que não é merecedor de nada na vida e começou a reconhecer que ele merece tanto o amor próprio quanto o dos outros. Mostrou um pouco mais de atitude sem que o foco fosse somente a Clary, como por exemplo quando decidiu que iria se entregar mesmo que o matassem pra que isso tivesse um fim. Além disso, ele fez não porque achava que era o culpado e merecia morrer, mas porque achava que era o certo a se fazer, que era um sacrifício que deveria ser feito sendo um Caçador de Sombras. Infelizmente suas piadinhas de como é maravilhoso foram desnecessariamente usadas nesse livro. E isso acaba apagando a maturidade que ele estava demonstrando...
"Escuridão demais pode matar, mas luz em demasia pode cegar."
A Clary ainda me incomoda muito, tenho que ser sincera. Eu simplesmente não consigo mudar a imagem dela aos meus olhos, a ver como a menina corajosa que tentam demonstrar... Pra mim ela é tão sonsa, tem ações tão estúpidas que isso apaga qualquer coragem. Coragem é diferente de atitudes inconsequentes ou impulsivas. E é algo que a Cassandra confundiu bastante nesse livro. Mas finalmente, depois de quatro livros, ela começou a demonstrar alguma personalidade e alguma atitude de verdade e independente de outra pessoa para salvá-la.
E o relacionamento dos dois precisa de um pouco de desenvolvimento pra ser crível, sabe? É isso o que eu sinto, eles passam tanto tempo separados, brigados ou procurando um ao outro que fica difícil enxergar o porquê eles se amam do jeito que se amam, se eles se conhecem tão pouco e em tão pouco tempo. Não que isso seja impossível, mas eu gostaria de algo a mais, para que eu pudesse acreditar nos dois, porque em grande parte das vezes, eu não acredito.
"É realmente amor se chegar ao ponto de precisar escolher entre a pessoa amada e todas as outras vidas do planeta, e escolher a pessoa? Isso é... não sei, isso sequer é um tipo de amor moral?"
Outro ponto forte do livro é que foi possível conhecer melhor os outros personagens, mesmo que alguns mais superficialmente do que outros, como o Jordan e Maia, o que é compreensível senão o livro seria muito extenso e possivelmente cansativo.
Mas o foco na Isabelle, tentando entender como está se sentindo e a forma como ela está tentando lidar com o que está sentindo, foi ótimo. Assim como ela com o Simon. As cenas dos dois foram maravilhosas. Só achei que talvez um pouco mais de foco no Simon seria bom, mais algumas páginas dariam o recado. Mais proximidade entre ele e sua irmã, uma nova tentativa com a sua mãe... Mas imagino que isso será mostrado no próximo livro. E esse "querer mais" talvez seja porque ele é o meu personagem preferido da série e eu gostaria de mais sobre ele. Ele com certeza é um exemplo de amadurecimento como personagem. Na minha visão, ele cresceu e se desenvolveu muito bem durante os livros. Tem alguns diálogos ótimos, suas brincadeiras são realmente engraçadas, diferente do Jace, não sinto nada forçado vindo dele, sinto que é... como ele é.
"(...) é isso que significa amar alguém, mas permitir que a pessoa continue sendo ela mesma."
Uma das coisas que mais haviam me incomodado no livro anterior era como o relacionamento do Alec e do Magnus havia sido mostrado como superficial quando na verdade existe muita coisa ali dentro. Não estou inteiramente satisfeita, porque ainda acho que muito mais coisa poderia ter sido mostrada dos dois durante os outros livros, pois como eu comentei lá em cima, fica difícil suprir todos os erros em apenas um livro. E eu gosto tanto dos dois. É uma pena que não podemos conhecer mais sobre o Magnus, que noventa por cento (ou mais) dos mistérios da sua vida nunca são revelados...
Foi ótimo ver o Alec demonstrando sua insegurança, suas dúvidas, seus medos... E ver como isso afetou definitivamente o fim dos dois. Justamente por ele não confiar o suficiente no Magnus pra conversar e revelar seus pensamentos e seus sentimentos, talvez pelo medo de demonstrar vulnerabilidade quando achava que o Magnus sabia de tudo, que ele era tão "superior" por já ter vivido tantos anos... Foi procurar conselhos de quem definitivamente não deveria. Mostra como nós complicamos as coisas quando elas podem ser tão facilmente resolvidas... Como podemos acabar com coisas importantes na nossa vida por erros estúpidos.
"(...) mas isso não lhe dá o direito de tornar a minha duração de vida uma escolha sua, e não minha."
Também achei importante dar um pouco mais de foco no Alec depois de ter se assumido, na reação e aceitação dos seus pais... E em como ele está encarando tudo isso.
"Iz, não é como se fosse uma coisa grande e ruim. São várias coisinhas invisíveis. (...) Não é como uma facada da qual você pudesse me defender. São milhares de pequenos cortes de papel todos os dias."
Cara, novamente eu repito: a Cassandra é uma escritora incrível, eu consigo enxergar o seu potencial, existem diálogos muito bons, ideias maravilhosas, mas essa série não foi nada como eu esperava. É com pesar que eu tenho que admitir que ainda não senti aquela vontade, aquela expectativa, aquela ansiedade e empolgação até agora em nenhum dos livros. Porque tudo é extremamente previsível.
Vamos partir para o próximo, e último.
"(...) porque se mantiver a esperança viva, se manterá vivo."
Nota: 4.0