Antônio Augusto 22/01/2013
Oco
Em algum momento Zuenir se perdeu. Não em sua carreira, pontuada por diversos livros-reportagem com força e brilho incomum. Autor do clássico "1968-O ano que não terminou", livro essencial para entender o jogo de forças políticas e culturais que se chocavam durante os primeiros anos de Ditadura Militar, o jornalista mineiro se perdeu em seu primeiro romance, "Sagrada Família" (Editora Alfaguara). A história sobre a "perda da inocência" parece andar de lado em vários momentos. Nesse movimento de caranguejo, que não sabe para onde ir e empurra as coisas com a barriga, enchendo páginas e páginas para produzir volume desnecessário, ele produziu uma obra oca. Falta a força narrativa e o encanto literário que prende o leitor não pela facilidade de se ler - li o livro em um dia - mas pela magnitude da estória que se propõe a contar. É um livro murcho, sem cor. Leia se não tiver mais nada pra fazer.