Mariana 30/08/2013Bonequinha de Luxo de Truman CapoteHá séculos, eu consegui pegar o final do filme passando no Telecine Cult e gostei bastante. Eu gostei, principalmente, das atitudes da Holly. Ela é autêntica, moderna para a época, não se apaixona, leva a vida do jeito que quer, é despreocupada e no fim de tudo, ainda sobra espaço para ela ser humana e palpável. Eu não tinha entendido exatamente sobre o que era o filme, mas tinha criado as minhas teorias (que a Holly era uma prostituta, que o cara tinha sido cliente dela e se apaixonado, enfim...) e foi legal levar um tapa na cara do livro, afinal de contas, a história não é assim tão simples. Ela envolve muito mais do que apenas um homem apaixonado por uma prostituta.
O livro de Capote segue um escritor que se muda para o mesmo prédio onde mora Holly, uma mocinha com menos de vinte anos e um leque imenso de amizades masculinas. Ela é barulhenta, tem horários nada cristãos, e isso incomoda esse escritor. Ele, então, resolve conversar com ela e eis que dessa conversa, nasce uma amizade. Ele participa das festas que ela dá, ele fica sabendo parte da vida dela e ele acaba se apaixonando por ela. Holly é uma menina que quer aventuras, por isso, ela não se importa com o fato de ter virado uma criminosa, de ter se interessado pelo noivo da "amiga" ou de fugir para um país desconhecido levando apenas uma lista dos homens mais ricos de lá.
Eu adorei o modo como a história caminhou. O escritor (que, se tem um nome, eu não consigo me lembrar de jeito nenhum) é apenas um espectador nessa história toda. Não existem conflitos ou fatos mais importantes do que Holly na vida dele e acho que é isso que dá um maior caráter de conto para a história. Ele é como um narrador sem passado, sem interesses e sem família, porque, na narrativa dele, apenas o que salta é Holly. Ela se torna uma espécie de obsessão durante essa narrativa, porque a falta de passado dela é o que faz o escrito ir atrás, tentar descobrir o que teria acontecido com ela para que se tornasse uma menina tão jovem sustentada por diversos amigos.
Eu diria que Holly vivia no limite de tudo. Ela foi presa, ela fugiu do país, ela vivia em relações com pessoas que ela não gostava num primeiro momento... Eu gostei disso porque trás uma imagem diferente para a mulher, uma imagem que nunca se espera. Holly não é casta, não é caseira e, certamente, não espera que alguém lhe diga o que e como fazer. A vida dela começou bastante cedo, também, com um casamento aos quatorze anos com um homem muito mais velho, uma fuga para a cidade depois disso (não sem que ela inclusive tentasse o cinema). Eu gostei porque é diferente de todas as história escritas nos anos cinquenta.