Joao.Paulo 18/09/2020
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É interessante como o mundo de Diomedes ao mesmo tempo que é cru e desesperançoso, tem um certo fascínio caricatural por seus personagens. A arte do quadrinho consegue refletir isso muito bem, é como se ela realçasse os movimentos do cenário e dos personagens, tornando-os extremamente narrativos, sem medo de se sujar demais, mas mesmo assim mantendo um equilíbrio.
As cenas de ação tem uma estilização muito revigorante, que independe dos balões para acontecer (algo que nunca gostei muito em HQ's é essa dependência narrativa de falar tudo o que está acontecendo no desenho, mas aqui, felizmente, isso não acontece), dando ênfase aos movimentos dos personagens. É um quadrinho bem destemido, não ficando só em sacadinha e em momentos mais edgy, como se torna mais convencional em obras que optam por uma abordagem mais crua, mas que faz dessa crueza sua filosofia. É como se estivesse fascinado por essa desesperança, que o leva a um ideal divinatório que nega uma ideia de Deus, mas não uma de criador, no entanto, sua criação é artística. Talvez o melhor jeito de assumir uma arte pela arte, sem uma preocupação firmada, é mais um quadrinho que tenta realçar os momentos.
Quando Diomedes caminha para fora das páginas ele assume sua ficcionalização, o grande segredo é mais um debate artístico e existencial, que o leva a se reconhecer como uma peça perdida no mundo.