Ândrea - LPL 04/11/2012
Francisca. Mané. Juana. Simona. Layla. Luisa. Guadalupe. Andrea. Ana Rosa. Natasha. (Que fôlego!) Dez Mulheres. Dez vidas, dez ensinamentos, dez maneiras de abrir os olhos do leitor.
O romance lançado no Brasil ano passado pela Alfaguara foi meu primeiro contato com Marcela Serrano e, sem sombra de dúvidas, haverão próximos. Admito que este é um livro difícil de se resenhar, a vontade que fica é de falar sobre cada uma delas, pois todas tem sua devida importância, mas então me estenderia muito mais do que deveria e acabaria por tirar de quem está por ler os prazeres de conhecer uma nova paciente de Natasha. Mas uma vez que tenho de falar sobre eu tomo a liberdade de citar um trecho de uma música que ouvi muito durante a época que li o livro e que, particularmente, acho que se encaixa:
"Amanhã talvez esse vendaval faça algum sentido (...) por hoje é só." (Depois da Curva- Pouca Vogal).
Quem não conhece a música (ou a banda) vale a pena conferir também!
Voltando ao livro... Bem, Marcela Serrano nos apresenta nove mulheres que fazem terapia com Natasha, alguém que passamos a conhecer bem no finalzinho e que amarra a sequencia de histórias com sutileza e grandiosidade. Nos deparamos com mulheres reais, daquelas que encontramos no mercado, que acordam todos os dias e lutam contra a pressão do emprego (ou do desemprego), da família, da religião, da sociedade, mas o mais importante: Lutam todos os dias contra si mesmas. Os problemas abordados pela autora em cada personagem fazem com que o leitor se sinta próximo delas, sinta por elas. É fantástico.
A escrita é suave e flui muito bem, é curtinho (apesar da grande quantidade de conteúdo) e deixa marcas, com toda certeza. Recomendo para qualquer um que deseje ver um pouquinho de realidade e busca uma forma nova de enfrentar a vida, de se reinventar. Digo isso não apenas porque elas discutem sobre suas vidas em grupo, cada voz que se apresenta mostra um problema central e a forma na qual a personagem se apegou para tentar lidar com aquilo, este fato reflete em nós, leitores, como uma maneira de se olhar no espelho e pensar em como lidamos com os nossos próprios monstros. Vale a pena ler e, de repente, reler.
"Talvez a solução seja ter um pequeno projeto por dia. Tanto faz estar viva ou morta quando não há um motivo para se levantar toda manhã." Dez Mulheres - Marcela Serrano.
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