Helder 05/05/2023A solidão de não se comunicarHá tempos ouço falar deste livro, principalmente por causa do filme que aparenta ser muito triste, portanto, achei que seria um livro que me faria chorar, mas não chegou a tanto, porém o livro me trouxe enormes sensações de claustrofobia e solidão.
Horrível se imaginar preso em seu próprio corpo, ou escafandro, como o autor nos conta. E duro demais se imaginar em um lugar, parado, vendo a vida passar e não podendo nem se comunicar.
Jean-Dominique Bauby era um jornalista francês e com 43 tem um AVC gravíssimo. Após 20 dias em coma ele retornou, porém perdeu todo o movimento do seu corpo, com exceção do olho esquerdo, que seguiu conseguindo piscar e passou a ser sua única maneira precária de se comunicar com as pessoas, e com uma técnica desenvolvida por uma de suas fonoaudiólogas ele foi capaz de escrever este livro, que foi realmente “soletrado letra a letra através de piscadas de seu olho esquerdo”.
Insano imaginar todo este processo, e doloroso imaginar tudo o que Jean sentiu, pois a doença afetou seu corpo, mas sua mente continuou sã, o que lhe trazia a sensação de ser uma borboleta presa dentro de um escafandro
Como eu disse, o livro não me fez chorar, mas existem momentos extremamente dolorosos, como quando ele descreve que não pode mais sentir os gostos das comidas, pois só se alimenta por dreno e pede um dia que o levem a praia para sentir o cheiro de barracas fritando batatas. Para mim isso pareceu até uma atitude masoquista.
Outro capítulo extremamente triste é um chamado Domingo, que segundo ele era o dia mais solitário no hospital e ele consegue nos fazer sentir esta solidão.
Imagino que muitos achem este um livro que prega a resiliência e que acreditando em nós podemos fazer qualquer coisa. É obvio que concordo com isso e tenho que bater palmas para o esforço do autor e da garota que lhe ajudou a escrever este livro, mas além deste mote quase de “auto ajuda”, para mim que realmente me tocou neste livro foi sentir a solidão de não conseguir se comunicar, algo que para mim seria enlouquecedor.