Pappa 01/01/2010O livro conta algumas passagens da vida do autor, Jean-Domique Bauby, que após um acidente vascular cerebral desenvolve a síndrome do encarceramento (locked-in syndrome). A doença o prende dentro de seu próprio corpo, permitindo apenas o movimento do olho esquerdo e sutis movimentos de cabeça, enquanto que sua consciência e memórias permanecem intactas.
A princípio pensei se tratar de um livro um pouco depressivo, principalmente por já ter visto o filme que foi feito a partir da obra - angustiante por sinal. Mas me surpreendi bastante. A leitura é leve, o estilo é descontraído, ele não tem o mínimo de auto-piedade, enfrenta seu problema como se fosse um fato ruim da vida, mas continua tendo esperanças de seguir vivendo, da maneira que for possível, dando mais atenção e valor às pequenas coisas que ocorrem no dia-a-dia.
Outro ponto interessante é que é possível notar que o autor é francês. Já vi alguns filmes em francês e eles falam muito rápido, e passam muita informação em pouco tempo. Em algumas passagens das divagações do autor, percebe-se este mesmo fato.
O que acho mais fantástico relacionado à obra é que ela foi toda ditada pelo autor somente com piscadas de seu olho esquerdo. Ele aprendeu a se comunicar dessa maneira durante sua estadia no hospital com o auxílio de um alfabeto especial, que ordena as letras pela frequência com que elas aparecem nas palavras francesas.
Para concluir: é um livro leve, curto, dá para ser lido em uma tacada só, e que trás todo um sentimento atrelado que nos faz refletir sobre nossas próprias vidas. Não é nenhum clássico, e nem pode-se dizer que é uma história realmente, são trechos da vida de um homem que mantém sua esperança mesmo numa situação muito desvantajosa.