Paulo Silas 13/12/2015Em seu estilo ácido, sarcástico e até exasperado em alguns pontos, Chuck Palahniuk constrói uma boa história neste livro. Mais um acerto do autor, lançando no papel várias críticas contra a sociedade através de um romance bastante peculiar.
Tender Branson é o protagonista que sequestra um avião. Após deixar todos os tripulantes a salvo, Branson voa sem rumo com um único objetivo: se matar. Para tanto, deixa que o avião voe até que o combustível acabe e os motores falhem. Sozinho na aeronave, Branson registra suas últimas palavras na caixa-preta, contando a sua história e tentando fazer com que todos entendam os motivos que o levaram a se suicidar de tal forma. É o relato que o leitor em mãos: as últimas palavras do personagem registradas no livro.
A fim de tentar justificar seus atos, Branson conta a história de sua vida, quando o leitor acabará por conhecer mais a fundo o curioso personagem. Branson é um dos poucos sobreviventes de uma seita religiosa fanática na qual a maioria dos integrantes se mataram num procedimento ritualístico. A fim de conduzir sua vida de maneira escorreita (leia-se: para que não se mate também, já que após o ritual de suicídio coletivo os membros da seita espalhados pelo mundo foram se matando com uma certa frequência), o Estado envia uma assistente social para que acompanhe Branson. No entanto, a vida do protagonista nunca foi algo do tipo que pudesse ser chamada de normal, de modo que pouco se pode contribuir para que houvesse algum tipo de mudança.
Dentre diversos episódios de sua vida, tem-se, por exemplo, o fato de que por engano passou a receber ligações de pessoas que precisavam de ajuda emocional, sendo que o único conselho que sempre deu foi "se mate", influenciando diretamente no suicídio de muitas pessoas. Há também a explicação do porquê passou de um simples empregado de afazeres domésticos para um conceituado e alienado líder religioso de grande renome.
Ponto interessante que merece destaque é que a numeração dos capítulos e das páginas do livro se dão em forma decrescente, corroborando para a sensação de que a cada página virada a vida do protagonista chega mais perto do fim.
É uma escrita corrida, ao estilo do autor. Pesarosa em poucos pontos, já que a leitura flui na maior parte do livro. O humor mórbido e irônico sempre presente. Críticas contra as formas das pessoas em conduzirem suas vidas e contra aquilo que legitima algo ou alguém a ser digno de atenção também se fazem presentes neste romance.
É um ótimo livro.
Recomendo!