Os enamoramentos

Os enamoramentos Javier Marías




Resenhas - Os enamoramentos


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Christiane 09/01/2013

Quando me enamoro
Interessante que os personagens são Javier e Marías, como se fossem o lado masculino e feminino do autor. O autor nos conduz através de uma única voz, a de María, nos labirintos de uma pessoa enamorada por outro. O que podemos imaginar, deduzir, conjecturar sobre o outro, sem nunca saber a verdade, sobre o outro ou como este outro nos vê. São os desejos, as ilusões, a racionalidade, o que se espera apesar de não poder esperar. Pouco espaço a outra voz, e quando isto se faz é Marías quem conta, e existe também a possibilidade dele estar mentindo.
O livro dialoga com outros livros, principalmente com "O Coronel Chabert" de Balzac que acompanha o livro.
"revela passo a passo as armadilhas de toda ficção. O desejo íntimo de acreditar naquilo que é narrado, bem como o impulso de preencher com a própria fantasia o que se ignora". Estamos sempre fazendo isto, mesmo quando o outro nos fala, o captamos com a nossa subjetividade. Sempre faltará algo, há sempre um resto em qualquer dialogo.
O livro lembrou-me um pouco Machado de Assis - Dom Casmurro, onde a dúvida permanece e não sabemos pelo autor se Capitu traiu ou não.
Javier Marías através de sua personagem Marías nos leva ao encontro do que é mais real em um enamoramento, aquilo que realmente pensamos ou desejamos, chegando ao cruel, que se faz através de palavras ou de atos. Quando amamos outro que ama outro, no fundo desejamos eliminar este outro, alguns o fazem, outros só o falam, e isto remete ao inconsciente infantil, onde desejamos a morte do irmão(ã), ou do genitor que concorre conosco por aquele a quem desejamos, e isto se mantém, repetindo em nossas vidas, seja em pensamento ou em ato. Os Enamoramentos é uma descrição do real de se estar apaixonado.
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Roberta 22/11/2012

O que há por trás de um casal feliz? Que sentimentos despertam nos outros?
Em um romance cheio de ambiguidades, o estado de enamoramento de Miguel e María após vários anos de casados é apenas o ponto de partida para finas reflexões acerca da finitude da vida, do sentido da amizade, dos limites éticos para a busca do amor.

Em constante diálogo intertextual com o Coronel Chabert, de Balzac, e com alguns aspectos de Os Três Mosqueteiros, de Dumas e Macbeth, de Shakespeare, o autor trata da permanência (ou não) dos mortos, das presenças (ou ausências) que permitimos em nossas vidas, do que fazemos para preencher nosso (permanente) vazio existencial.

Em paralelo, a história permite também pensar o papel da literatura, pois assim como María, a narradora da história, nós, consumidores de ficção,também alimentamo-nos deliberadamente de fantasia, paramos nossas vidas para sermos espectadores da vida dos outros.

Embora haja divagações em excesso em alguns capítulos iniciais, é leitura que vale a pena.
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Celso 21/11/2012

Os Enamoramentos
Qual é o estado de enamoramento? Tem algo a ver com namorar? É próximo de apaixonar? Sim, foram essas e muitas outras perguntas que fiz ao concluir a Os Enamoramentos do autor espanhol Javier Marías.

Javier nos leva ao mundo e diretamente pelo olhar de Maria, uma moça solitária que trabalha numa editora, a observar um casal que se encontra diariamente em um café frente ao seu trabalho. Observá-los torna uma obsessão, o que poderia ser desinteressante, a prende, segura e “disso provimos todos, produtos da casualidade e do conformismo, dos descartes e das timidezes e dos fracassos alheios, e mesmo assim daríamos qualquer coisas às vezes para continuar junto de quem resgatamos um dia de um sótão ou de um leilão, ou triamos à sorte nas cartas ou nos recolheu dos detritos, inverossimilmente conseguimos nos convencer dos nosso furtuitos enamoramentos, e são muitos os que creem ver a mão do destino no que não é mais de uma rifa de vilarejo quando o verão já agoniza...”(pag. 126)

Um pouco pessimista, mas talvez este olhar meio desatento é que faz nascer as paixões e acredito que seja esta a aposta de Javier ao escrever este romance muito interessante, às vezes, bem difícil de ler, por causa das inúmeras divagações da personagem principal, mas no fim, nos apresenta , meio de relance, como deve ser todo enamoramento.

Escrito em primeiro pessoa, algumas pessoas defendem que o autor poderia resumir um pouco mais a história, o que discordo. Falo isso, “dessas pessoas”, porque cheguei ao autor graças ao Círculo de Leitura da Cia das Letras que acontece aqui no Conjunto Nacional. O que me impressionou, aqui como pretenso escritor, é como em poucas ações esta obra foi construída e tantas subjetividades reveladas. E digo até, boas e poucas reflexões sobre amor, enamoramentos, morte, a temporalidade e a rapidez de nossa existência. O que torna um pouco cansativo, é que o autor, por muitos parágrafos e até páginas, se dedica a escrever sobre o que a personagem acha que os outros poderiam estar falando ou pensando sobre algo, nascendo assim uma verdade: nosso mundo é construído mesmo dentro da nossa subjetividade.

Recomendo a leitura, gostei muito, mesmo amargando em algumas páginas e querendo pular alguns capítulos. Bobagem, pois como disse, não acontece muita coisa, mas fazendo isso pode-se perder toda a construção lógica e literária do autor sobre este estado estranho de se enamorar por alguém. Portanto, compre, leia com calma e tente responder aquelas perguntas lá em cima ou outras, afinal para que serve prestarmos tanto atenção no mundo dos outros, como fazia Maria?

Mais em: www.blogdocelsofaria.blogspot.com
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Renata 07/11/2012

Minha opinião!
OS ENAMORAMENTOS

AUTOR – JAVIER MARÍAS
TRADUTOR- EDUARDO BRANDÃO
EDITORA – COMPANHIA DAS LETRAS
ANO DA PUBLIAÇÃO- 2012
4/5

Os Enamoramentos foi um livro que me ganhou pelo título, que nome eloqüente, deve ser uma história de amor dos mais clichês possíveis, isso pensei eu, e como adoro os amores clichês, me pus a lê-lo! Conhecemos a princípio o jovem Maria Dolz, que por volta dos seus trinta e poucos anos, trabalha em uma editora em Madri e cumpre o ritual de tomar o café da manhã em uma cafeteria próxima ao seu trabalho, todos os dias!

O ritual do café da manhã de María consiste também em observar um casal que faz as refeições matinais no mesmo café, Miguel Desvern ou Devern e sua esposa Luiza são para Maria uma espécie de amuleto da sorte. Um casal que a editora observa e se pões a imaginar como são felizes aqueles dois que se escolheram para amarem-se por toda a vida, então se Maria não os vês durante o seu café da manhã, o seu dia não vai bom! Eles quase nunca se falam a não ser um breve aceno de cabeça, ou um bom dia quase mudo.

“Nunca conseguimos estar seguros do que vai nos ser vital nem a quem vamos dar importância. Nossas convicções são passageiras e frágeis, até as que consideramos mais fortes. Nossos sentimentos também. Não deveríamos confiar neles.” (p.100).

O senhor Desvern sempre sai um pouco mais cedo, se despede de Luiza com um beijo singelo e a deixa no café, porém, da última vez que Luiza viu o marido, foi também a última vez que Maria o viu! Ele fora assassinado com 15 facadas, por um mendigo que o acusava de ter colocado as filhas no caminho da prostituição! Luiza só fica sabendo do acontecido dias depois, e ao voltar no café encontra Luíza que a convida para um chá em sua casa. Lá elas conversam ainda e, consternada pela perda do marido, Luiza confessa que também o casal observava Maria, e faziam suposições as seu respeito, da mesma forma que Maria fizera com o belo casal! Nesse rápido encontro Maria é apresentada a Javier, um velho e melhor amigo de Miguel que agora estava dando todo apoio para a viúva!

A trama se desenrola a parte desse encontro! A forma como o autor desenvolve a história é incrivelmente surpreendente! Maria deixa de ser uma mera observadora do casal e passa a ver por dentro as relações, conhecer as minúcias da morte de Miguel Desvern e o nome do livro não se justificou pelo que eu imaginava que fosse, e aí ta a grande surpresa para mim, do livro! As discussões filosóficas que envolvem a morte, a volta dos mortos, o lugar dos mortos nas relações, o que fazemos ou vemos por causa do enamoramento! Todo esse debate se dá permeado por referências literárias, que na visão de um dos personagens, justificam todos os meios para um fim maior! Os três mosqueteiros, MacBeth e O Coronel Chabert, este último inclusive acompanha esta bela edição, são usadas a todo o momento para justificar os fins!

“Nada mais tentador do que se entregar a outro, mesmo que só com a imaginação, e fazer nossos os seus problemas e submergir em sua existência, que por não ser nossa é por isso mesmo mais leve.” (p. 149).

O livro tem também um ponto baixo, que eu não achei que seria necessário. Por muitas vezes os personagens se reportam a fatos já narrados, como uma forma de lembra ao leitor o que foi dito anteriormente e eu achei isso um tanto cansativo na leitura! A escrita do Javier é incrivelmente fluida e chega a ter uma cadência bem gostosa, como se vocês estivesse lendo uma poesia, ou uma música! A trama me deixou muito curiosa pra chegar ao final e descobrir como teria fim essa história de que envolve amor, amizade, paixões controversas, ciúme, egoísmo e compaixão! O livro tem uma temática mais adulta, não quero dizer que seja impróprio para menos, só acho que é preciso um pouco mais de maturidade pra se entender tudo o que tratado no livro! Para quem gosta de entender os conflitos humanos, é um prato cheio!
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LaraF 04/11/2012

a narrativa é ótima e a historia envolvente. a personagem/narrador mostra os fatos de acordo com seu ponto de vista, inclusive, criando diálogos que se passaram somente em sua mente..a historia contada gera duvidas (sera que tudo aconteceu como esta descrito?)..o autor nos instiga a querer certos desfechos mas, surpreende sempre.. ;)
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*Carina* 14/10/2012

Os enamoramentos
“O que aconteceu é o de menos. É um romance, e o que acontece neles não tem importância, a gente esquece, uma vez terminados. O interessante são as possibilidades e ideias que nos inoculam e trazem através de seus casos imaginários (...)”

Essa afirmação, aparentemente estranha, se prova absolutamente real ao ler “Os Enamoramentos”, de Javier Marías. Já li vários livros dele, de muitos não lembro a história, mas a sensação depois de cada um é a mesma: inquietação, curiosidade, vontade de ler mais, de estudar mais, de viver mais. Claro que histórias são importantes num romance, e em “Os Enamoramentos” temos vários elementos de uma grande história: um casal aparentemente perfeito, uma morte súbita e violenta, um personagem que não é o que parece à primeira vista. Porém, o que me prendeu ao livro foi mais do que isso. Foi o que senti durante e depois da leitura. Porque há livros que nos fazem esquecer a vida, viajar, fantasiar. E há livros, como “Os Enamoramentos”, que nos fazem ler nossas próprias vidas, reconhecer nossos sentimentos, descobrir um pouco mais sobre quem somos, e sentir que não estamos sozinhos. Afinal, quem é que nunca se apaixonou? Ou melhor, se enamorou, que segundo Javier são coisas diferentes. O enamoramento do qual ele fala no livro é “(...) sentir um fraco, verdadeiro fraco por alguém, e que esse alguém produza em nós essa fraqueza, que nos torne fracos. Isso é o determinante, que nos impeça de ser objetivos e nos desarme perpetuamente e nos leve a nos render em todas as contendas (...)”.
Se você já sentiu isso, certamente vai se identificar com as “burrices” que Javier descreve, aquelas que só fazemos quando estamos desarmados - e desamados. Os questionamentos e afirmações que ele faz acerca do caráter mutável dos nossos sentimentos, e da impossibilidade de averiguar com acuidade as palavras e intenções do outro, traduzem algo que faz parte do nosso dia a dia sem que nos demos conta, mas basta ele falar para que percebamos como aquilo é real.
Li a história de María, Miguel, Luisa e Javier traçando paralelos com a minha própria história o tempo inteiro. E é isso, mais do que qualquer coisa, que torna “Os Enamoramentos” um grande livro. É um livro que é capaz de contar uma história que não é só aquela que está escrita, mas é mais ainda aquela que lemos, e aquela que se inscreve em nós.
DIRCE 08/02/2014minha estante
Você descreveu como ninguém as consequências das leituras de Marias - "...vontade de ler mais, de estudar mais, de viver mais." é justamento isso.
Abraços.


Ananda Sampaio 20/11/2014minha estante
Carina, linda sua resenha e descrição! Faz tempo que paquero com esse livro, mas depois de ler seu testemunho vou comprá-lo. Creio que a Literatura (porque quase nada escrito pode ser chamado assim) é uma possibilidade infinita de vivermos muito do já vivemos e muito do que jamais viveríamos. Visto que, a vida é limitada e só vivemos uma de cada vez, não é mesmo? Livros assim nos proporcionam uma riqueza interior muito satisfatória. Muitas vezes saímos meio alquebrados, mas em extrema contemplação pela riqueza da vida. Bjos!!




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