Desonra

Desonra J. M. Coetzee




Resenhas - Desonra


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otxjunior 25/12/2021

Desonra, J. M. Coetzee
Que deprimente! Antes desgraça que desonra, e desgraça pouca é bobagem. Feliz Natal pra você também, Coetzee! Talvez o livro mais miserável que já li. Sua avaliação poderia ser qualquer coisa entre duas e cinco estrelas, mas resolvi priorizar minha experiência como leitor, ou minha sanidade mental, principalmente nesta época do ano. Gosto ruim na boca ainda e não estou falando do almoço tradicional e residual da ceia da véspera.
Não sei se pela pouca vontade de lê-lo, e nesse sentido preferia escrever, enchi meu ebook com notas. Ou provavelmente por sua natureza incomodativa e de relações humanas - e animais - bastante complexas. De qualquer forma, é difícil de acreditar que este romance, que não é ruim, em absoluto, mas que não fui capaz de aproveitá-lo e dispenso releituras, tenha pouco mais de 200 páginas. Se era o objetivo do autor destilar desesperança, ele não mediu esforços para alcançar o seu intento.
Desonra é sobretudo um estudo de personagem de uma figura pouco agradável para dizer o mínimo. Em sua resistência à velhice (e consequentemente à mortalidade) como fase de escassez da materialização de seus desejos mais íntimos, o protagonista comete atos reprováveis, para os quais não parece mostrar-se particularmente arrependido. E é perverso do autor conduzir seu leitor pelos pensamentos deste problemático personagem, por suas justificativas não pronunciadas, sua moral distorcida e contraditória. Por outro lado, a autocrítica apreciada é presente. Por vezes disfarçada de autopiedade; outras, dotada de defesa para o que ele considera ser seu único crime: ser um velho patético num país que não os tolera.
A África do Sul pós-apartheid é cenário da história e estabelece de pronto palco para as violências mais extremas. Cada personagem, representando várias facetas da desonra, age em algum momento como animal, no sentido mais impuro da palavra, e a figura do cachorro aqui é recorrente, ao ceder aos seus mais bestiais instintos ou se submeter às piores indignações. Uma presença, em especial, revelou-se muito perturbadora. Não mais desconcertante do que perceber que esta reação se afinava com os preconceitos "ocidentais" do protagonista em oposição aos "selvagens", culminando num momento final de catarse agressiva que estranhamente me fez vibrar.
A escrita dura e também irônica é entrecortada por referências intelectuais em um fluxo de consciência às vezes impenetrável. Algumas falas foram difíceis de acreditar, especialmente as saídas de bocas femininas. A autodestrutiva e insensível filha do protagonista, por exemplo, desenvolve comportamentos inexplicáveis e parece odiar o pai essencialmente por sua impotência e falta de compreensão sobre a cultura em que está inserido. Esta, no alvorecer de um novo século, também não se esforça em entendê-lo, seguindo a lei cruel da natureza; dobrando-o, o que neste triste contexto não é o pior cenário, ainda que muito além da tragédia que achei ter previsto.
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Milene Wi 19/12/2021

Desonra
O livro é bom, muito bem escrito, porém muito desconfortável. O sabor amargo dos acontecimentos permaneceu por todas as páginas, incômodo.
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Kel 16/12/2021

Desgraça é realmente um bom título, Coetzee guia o leitor a filosofias e dicotomias entre moderno e civilizado, certo e errado, passividade e agressividade, com um uma escrita impecável, mostrando que cair em desgraça leva a questões sensível avassaladoras para aqueles que tentam defender suas filosofias.
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gabrieus 12/12/2021

Desgraça
Disgrace, de J. M. Coetzee, fala justamente do que o título original sugere, um professor universitário frustrado com o emprego que cai em desgraça depois de ser acusado de estupro contra uma das suas alunas. Depois de ser obrigado a se demitir, vai para a casa da filha no interior da África do Sul, e lá acontece uma desgraça que inverte o papel dele na trama. Isso gera uma tensão e uma revolta nele que fazem com que ele não entenda o que está acontecendo. E logo em seguida, vem mais desgraças e, quando as desgraças acabam, a gente descobre que não ficou mais fácil, ficou ainda mais difícil. A impressão que eu tive foi que o livro começa no fim. É um livro que fala sobre desgraça, tem um valor histórico, intelectual e sentimental muito grande. É maravilhoso! E ainda vi quem falasse mal. A regra é, sempre vá lá você mesmo e descubra.
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Stella F.. 07/12/2021

Disgrace
Desonra – J. M. Coetzee- Companhia das Letras – 1999

J. M. Coetzee nasceu na África do Sul em 1940. Foi agraciado duas vezes com o Booker Prize e recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 2003. Após esse último prêmio ficou bastante conhecido por este livro, Desonra.

David Lurie é professor universitário na cadeira de Comunicação, apesar de ser especialista em Literatura, e tentar escrever uma ópera sobre Byron. Vive na Cidade do Cabo, na África do Sul. Leva uma vida corriqueira, que é satisfatória a ele, mas já percebendo o avanço da idade (52 anos) e suas consequências. Foi casado duas vezes e é divorciado, e possui uma filha, Lucy, do primeiro casamento. Relaciona-se com uma prostituta, e tem em seu currículo envolvimento com alunas. Envolve-se, após deixar de encontrar com a prostituta às quintas-feiras, com a aluna Melanie, de uns 20 anos. Usa de sua influência como professor para atraí-la. Ela não recusa, mas também não se mostra amorosa com ele, apenas vai vivendo a situação. Mas começa a faltar as aulas, não ir às provas, e no final, por pressão, resolve denunciá-lo.

Começa então o declínio do professor. Instala-se uma comissão onde pedem que ele se declare culpado. Ele o faz, mas eles querem mais, um pedido de desculpa, uma declaração pública de seus atos. Ele se recusa a ir contra os seus princípios e acaba sofrendo uma punição severa: sua demissão.

A saída que encontra é ir ao encontro de sua filha Lucy no interior, onde ela tem um pedaço de terra, em que planta e cuida de cachorros. Uma vez por semana ela participa de uma feira onde vende seus produtos. Lucy gosta da sua vida com a natureza e os bichos e tem pessoas que a ajudam na fazendola, caso de Petrus.

A princípio David tenta se acostumar com aquela vida que não é a dele, fica reticente, e então vem um segundo revés. Sofrem um atentado por três negros, onde David sofre queimaduras e Lucy é estuprada. Lucy fica deprimida, não quer denunciar o abuso, apenas a perda de objetos para fins do seguro, e o pai não a entende, a questiona.

Descobre que um dos invasores era parente do Petrus, “amigo” de Lucy que a ajuda na fazenda, mas que cada vez mais está tomando posse, comprando parte dela, tornando-se sócio, construindo uma nova casa, adquirindo rebanho e deixando de ser o “empregado” de Lucy.

A relação entre pai e filha vai deteriorando, esse pai que era ausente na vida da filha, e agora quer resgatar essa relação falha, tentar ajudá-la com essa questão do abuso. E vai embora, mas volta ao descobrir que sua filha ficou grávida e que pretende assumir o filho.

David encontra um meio de viver no que a princípio era um tédio para ele, ajudando a filha em suas tarefas e ajudando a uma amiga, Bev Shaw, com a clínica em que ela finaliza a vida de cachorros sem futuro.

A invasão seria um tipo de retaliação, de vingança, e de resgate dos “donos” da terra do que eles acham que os brancos devem a eles, brancos que os dominaram por muitos anos, e que invadiram e colonizaram o seu país, e agora após o apartheid, os donos querem de volta o poder.

O livro é denso, difícil, mas com questões interessantes. O que é abuso? Lucy foi abusada, mas Melanie não foi? David é um egoísta, mas quando Petrus resolve que quer as coisas dele, que gosta da ambição de possuir, ele o acha egoísta. E vemos a decrepitude do professor e dos cachorros. Além de podermos questionar se é legítima essa vingança, essa retaliação por parte dos negros.

Pelo título brasileiro Desonra, fiquei pensando na desonra do professor, da Melanie e da Lucy. Ficaram desonradas, por atos de terceiros e o professor por seus próprios atos, sua escolha. Mas, quando fui procurar resenhas para melhor entender o que havia lido, a discussão era em cima do título original, Disgrace, e não apenas nos atos desonrosos, mas nas muitas desgraças que acontecem ao longo do livro.

Os vídeos foram muito esclarecedores, por isso vou deixá-los aqui:
https://youtu.be/tXTpSjBW_PQ (Desonra (J. M. Coetzee) | Carmem Lucia) e https://youtu.be/SR_UaXu3wnY (Literatura Fundamental 84 - Desonra, de J. M. Coetzee - André Correia).





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Patricia.Silva 18/10/2021

Sobre saber envelhecer
Ele não soube. Desistiu. Saber envelhecer, para mim o livro é sobre isso.
Ele já tinha desistido antes de Melanie e suas complicações. Sua vida virou de cabeça pra baixo. A temporada com sua filha Lucy trouxe ainda mais agravantes pra sua vida conturbada.
Esse livro é bem pesado. Os temas abordados são densos. Velhice. Abuso. Estupro. Preconceito.
O final é aberto, mas diz o que precisa ser dito.
Ele se perdeu, não sabia mais seu lugar no mundo. Achei bem triste ma verdade!
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Carolina1059 12/10/2021

Profundo?
Esse livro traz uma reflexão absurda sobre a vida? um soco no estômago.
O livro foi publicado em 1999, apenas 5 anos após o fim do Apartheid - África do Sul.
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Krishna.Nunes 10/10/2021

De causar arrepios.
Desonra, cujo título original é "Disgrace", narra o declínio de David Lurie, professor universitário na Cidade do Cabo, depois de ter tido um caso com uma de suas alunas de literatura. Ao ser acusado de assédio sexual, o professor de cinquenta e poucos anos não nega nenhuma das alegações, entretanto seu orgulho impede que ele peça desculpas sinceras ou demonstre arrependimento, o que poderia ter salvado sua carreira. Diante dessa posição inabalável, o inquérito é concluído com a demissão do professor, que acaba perdendo mais que seu emprego: sua reputação, sua paz de espírito e suas esperanças de sucesso artístico como escritor.

Apesar de não haver forçado sua aluna a fazer sexo e de ela ter idade para consentir, David parece não enxergar que a posição de superioridade de um professor é algo quase sagrado do ponto de vista de um estudante. Enquanto está encantado pela jovem, não se dá conta que ela pode ter cedido à sua sedução apenas com esperança de ser aprovada na disciplina, que ela poderia estar sobrecarregada ou deprimida, que a apatia dela durante o sexo poderia não se dever à inexperiência como ele pensava, mas à falta de desejo. Assim, ele nunca enxerga o que fez como estupro e acha que ela só o denunciou por pressão de um ex-namorado e uma colega de quarto que teriam levado o caso aos pais da moça.

O romance Desonra se passa numa África do Sul que vê o equilíbrio de poder mudar, ao mesmo tempo em que a violência é desencadeada na disputa de terras no interior do país. O romance se inspira no conflito social e político contemporâneo no país e apresenta uma visão sombria de uma nação em transição. Essa transição é representada de várias formas ao longo do livro, como na perda da autoridade, na perda da sexualidade, na mudança da dinâmica entre os grupos que antes eram dominantes ou subordinados e na transferência da riqueza.

Ainda que nunca tenha se demonstrado abertamente racista ou preconceituoso, David é um representante do machismo, dos antigos costumes e tradições ultrapassadas daquela geração que viu a ascensão de um novo modo de vida com o fim do Apartheid. Dessa forma, ele não consegue se situar diante da nova realidade, do politicamente correto, da crise da valores e especialmente diante de sua única filha, Lucy, cujo comportamento após ser vítima de uma bárbara agressão ele não consegue compreender.

De uma hora para outra, David se vê sem a beleza, o frescor e a paixão dos jovens, ao mesmo tempo que também não possui a serenidade, a gentileza e a paciência dos velhos. Passa a viver "apenas como um velho prisioneiro cumprindo pena".

Mesmo que todo romance ambientado no pós-apartheid possa ser lido como um retrato político, Desonra simultaneamente incentiva e contesta essa interpretação, mantendo uma constante tensão entre duas alternativas extremas: salvação e ruína.Trata-se de uma prosa sóbria e visceral, sem rodeios nem floreios, que não tenta amenizar nem embelezar nada, causando no leitor revolta, comiseração e até arrepios.
Lindenberg 11/10/2021minha estante
??????




Taisa 07/10/2021

Não dá para entender a filha pensando pela cabeça do pai
Eu considero o Coetzee um autor bem difícil de ler. Instigante, claro, mas eu tenho que me deslocar de um ponto a outro de observação para conseguir raciocinar.
Não consigo entender a filha pensando pelo pai. Nem consigo entender o pai pensando pela filha. Mas a vida é basicamente isso né... De todo modo, refletir sobre essas tensões é interessante.
Gostei do livro. Vale a pena ler.
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Gabriela3420 05/10/2021

Desonra
David Lurie é um professor universitário de 52 anos, que mora na Cidade do Cabo, e tem sua vida completamente mudada após ter um caso com uma de suas alunas, 30 anos mais jovem. Ele perde o emprego e decide ir para o interior do país, morar na fazenda de sua filha, Lucy. Neste local ele entra em contato com a África do Sul profunda, ainda muito ferida pelo Apartheid, que aparentemente tem suas próprias regras e costumes.

PONTOS POSITIVOS: a escrita desse autor é magistral ! O livro é bem curto e flui muito bem, eu me peguei passando as páginas sem nem perceber.

PONTOS NEGATIVOS : eu não tive uma boa experiência de leitura porque não me apeguei aos personagens, faltou da minha parte a capacidade de sentir empatia por eles... em outras palavras: peguei ranço de David e Lucy.

Recomendo a leitura pra quem gosta de livros que abordam moral, ética e a hipocrisia da sociedade.
Krishna.Nunes 10/10/2021minha estante
Se você considera a falta de empatia com David e Lucy um ponto negativo, então não entendeu bem o livro. Pois esse era precisamente o objetivo do autor, um homem detestável e uma mulher incompreensível. Se seu sentimento por eles foi "ranço", então o texto provocou exatamente a emoção que buscava.




Higor 18/09/2021

"Lendo Nobel": sobre o declínio e queda de um homem
Se pensar em livros ambientados na África leva o leitor, automaticamente, a pensar em segregação racial, fome, miséria e contraste entre este e outros continentes ou países, Coetzee nos brinda ao contar histórias em um cenário diferente, o que pode sim, causar estranhamento em pessoas com estereótipos definidos, mas que logo caem por terra diante da magnitude de suas histórias.

Vencedor do Man Booker de 2000, e um dos que catapultaram o autor para que abocanhasse, em 2003, o Nobel de Literatura, "Desonra" é um livro de choques, que causa desconforto até ao mais acostumado dos leitores em livros densos ou com uma carga dramática pungente.

De maneira simples, porém cirúrgica e precisa, Coetzee narra a história de David Lurie, um professor universitário insatisfeito com sua vida monótona, afinal, é divorciado, seus alunos não se importando com seus ensinamentos e ele, por fim, gasta seu dinheiro semanalmente com uma prostituta de luxo.

O que poderia se manter como algo rotineiro, porém satisfatório, muda de rumo e se torna a ruína de Lurie: o professor começa a se envolver com uma de suas alunas. O que parece se o tema do livro, e que irá sustentar a narrativa por suas mais de 200 páginas, as questões de ética, moralidade, profissionalismo, violência, abuso sexual e autoritarismo masculino são apenas algumas dos tópicos levantados, pois logo a universidade, o local de trabalho do protagonista, sai de cena, e viajamos junto a ele para a zona rural da África do Sul.

O que era para ser um refúgio de Lurie, a visita a sua filha lésbica, Lucy, a viagem se torna um tormento e apenas intensifica o declínio e queda de um homem tão imponente, sério, importante e respeitado como David Lurie. Não vou me ater a mais detalhes da história, ainda mais nessa segunda parte, mas embora inesperado, o rumo que a história é conduzida apenas leva o leitor a reflexão sobre diversos assuntos, dos mais variados, mas que faz com que cada um deles seja revisto, repensado e mude seu conceito de até então.

Apesar de bem sucedido em tratar de tantos temas sem deixar que o livro, necessariamente, fique cheio de temas ou que cada uma das nuances sejam abordadas de maneira rasa, o grande ponto, em minha concepção, é trazer não uma África sofrida, morta de fome e com problemas sociais. Embora seja uma realidade, foi incrível ver sua África desenvolvida, bonita e com suas consolidações.

Logo, o livro deixa de ser ou tratar assuntos regionais, para balançar o leitor de qualquer lugar do mundo ao mexer com feridas que assolam o mundo como um todo. São problemáticas que dizem respeito não somente à África, mas a qualquer canto do globo, seja o Brasil, a África do Sul, os Estados Unidos, independente se é país de desenvolvimento e/ou subdesenvolvimento.

Cru, visceral e preciso, "Desonra" é o exemplo vivo de que não importa quão consolidado seja um império, ele está fadado ao fracasso e ruim, dependendo de suas condutas. David Lurie, no caso, é apenas vítima de si mesmo.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel". Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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Ana 06/09/2021

Este livro mostra a evolução de um professor universitário, que após ter um caso com sua aluna é acusado de estupro e devido às suas próprias convicções recusa toda e qualquer ajuda de manter seu cargo.
Ao longo do livro percebemos como tudo o que ele acreditava mudou, após conhecer novas pessoas e após um episódio traumatizante. É interessante notar que as mesmas convicções que o fizeram ir para esse caminho, no final já não significam nada, pois ele se "rebaixou" a tudo aquilo que nunca imaginou
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