spoiler visualizarMila 18/02/2021
Gostei de como o narrador conduz a história, com características teatrais. Livro de ritmo rápido e sem muitas delongas.
Personagens estereotipados que poderiam ser definidos por um ou dois adjetivos, sem muita profundidade ou nuances de subjetividade das personalidades. O sujeito mau, a mulher bela e boazinha, a invejosa, o herói, etc. Assim como as construção dos personagens é possível observar características marcantes do romantismo brasileiro, como, a idealização da mulher, valorização dos espaços geográficos, a relação do bem e o mal, etc.
O livro teve dois momentos que me agradaram mais , primeiro foi o capítulo 15 onde o autor aproveitou o diálogo muito interessante de Álvaro com o amigo para abordar discussões sociais e trazer as ideias abolicionistas para a narrativa. E o segundo momento foi o final, gostei da surpresa e da velocidade em que se encerrou o drama. Gostei mais da última frase do que o resto do livro todo.
Outros pontos que consigo apontar/ observar durante a leitura. A desumanização do escravo e da mulher. Ao identificar a mulher com a deusa/anjo/sereia a afasta de seu estado humano, o amor idealizado que não enxerga a mulher nem dá lugar a ela. A personagem principal tão 'idolatrada' pelos homens é objetificada e tem pouca oportunidade de fala e posicionamento no romance. É como se todos estivessem falando sobre ela, mas ela mesmo, pouco importa. E por último, a valorização da pele branca, da miscigenação e do 'branqueamento' do negro.