Em busca de um final feliz

Em busca de um final feliz Katherine Boo




Resenhas - Em Busca de um Final Feliz


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Lígia Mussi 16/06/2013

Uma história de pessoas reais, com suas alegrias e tristezas
Li "Em busca de um final feliz" imediatamente após ter lido "Outliers - Fora de série" (Malcom Gladwell).

Acredito que, até mesmo por isso, o livro escrito pela jornalista Katherine Boo tornou-se, ainda mais, fascinante e intenso.

Enquanto "Outliers - fora de série" busca desvendar os motivos que estão por detrás de grandes riquezas (como, por exemplo, oportunidades, heranças culturais e sorte - por que não?!), "Em busca de um final feliz" narra o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela à sombra do elegante Aeroporto Internacional de Mumbai, na Índia.

A história de seus habitantes nos faz rir e chorar porque o que é celebrado nesse livro não é o que poderíamos chamar de "o encanto da lama", mas a riqueza das pessoas que - para o bem e para o mal - compõem um tronco social que está cada vez mais presente em nosso mundo moderno.

Não há como não se surpreender com a descrição de Abdul de uma 'vida decente':

"Ele acreditava que em Annawadi a sorte não era resultado daquilo que as pessoas faziam, ou quão bem elas o faziam, mas sim dos acidentes e infortúnios que elas conseguiam evitar. Uma vida decente era aquela em que o trem não o atropelava, onde você não ofendia o senhorio da favela e a malária não te pegava."

A corrupção também é objeto de várias passagens do livro. Em um primeiro momento, é bastante fácil repudiar a personagem Asha, ambiciosa de uma vida melhor. Até que, com o decorrer da narrativa, percebemos que o tema 'corrupção' não é assim tão fácil de compreender e ser tratado no contexto dos annawadianos:

"No ocidente, e entre alguns da elite indiana, esta palavra: 'corrupção', tinha conotações puramente negativas; era vista como uma barreira para as ambições na Índia moderna e global. Mas para os pobres de um país onde a corrupção roubava um número enorme de oportunidades, essa mesma corrupção tornava-se uma das oportunidades genuínas que restavam."

Abdul, um dos personagens mais fascinantes e complexos, é responsável por esclarecer diversos aspectos da existência daqueles favelados:

"Para a família dele, a capacidade física de Abdul era a coisa mais importante. Ele era o burro de carga e o que ele pensava era irrelevante. Ele nem mesmo tinha certeza se era crítico a respeito de alguma coisa. Mas, quando O Mestre falou de respeito e honra, Abdul achou que o olhar chamejante do homem circulara pelas cabeças e viera a repousar nele. Não era tarde demais, aos 17 anos, ou qualquer que fosse a sua idade agora, para resistir às influências corruptas deste mundo e de sua natureza. Um menino não estudado e desajeitado ainda poderia ser capaz de ter integridade: ele pretendia lembrar-se disso e de qualquer outra verdade que O Mestre falara."

De todo modo, nem tudo é desesperança. Em diversas passagens é possível perceber, ainda que timidamente, alguns pequenos triunfos:

"A policial parecia estar confiando na ignorância dos favelados: os Husain não saberiam que o caso contra eles era criminal, conduzido pelo estado de Maharashtra, e que o marido de Fátima não tinha o poder de retirar qualquer queixa, não importasse a quantia que os Husain pagassem. Antes de dispensar a mulher, o pai de Abdul checou os fatos com seu advogado. Ele queria ter certeza de que o que ele aprendera sobre processos legais, ao ler os jornais urdus, estava correto. Estava. Finalmente, um pequeno triunfo da informação sobre a corrupção."

Após a leitura de "Em busca de um final feliz", não pude deixar de recordar um trecho de "Outliers - fora de série":

"Porque todo aquele que tem será dado e terá em abundância; mas, daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado." (Mateus, 25:29).

Uma ótima leitura. Informativa, revoltante, inspiradora e instingante. Coragem e medo em existências precárias e empobrecidas da Índia urbana.
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Isabel 09/06/2013

Me perdoem por parafrasear de forma torta, mas a internet não é tão confiável neste caso e sou péssima para decorar o que quer que seja. De qualquer maneira, o poeta disse que há poesia até no elevador, então não existiria, de fato, o tal “encanto da lama”, que leva estrangeiros ao pagamento de somas altíssimas por um tour em um morro carioca?

Ainda que protegidos por redomas de cercas elétricas, muros altos e indiferença, creio que qualquer brasileiro possa afirmar com certeza – o encanto da lama, que exalta pobreza como algo belo, é uma ilusão. Um alívio, portanto, ter Zeca Camargo reafirmando isso na sua introdução a Em busca de um final feliz.
Em uma análise rasa, os “personagens” (que na verdade são pessoas reais, que passaram por diversas entrevistas com a autora) de Katherine Boo não deveriam saber que sua vida é tão ruim assim: assim como não pensamos no fato de que estamos imersos em ar porque assim sempre estivemos, nenhum deles conhece uma vida melhor para parâmetro de comparação.

Mas ah, a desigualdade social! Não é um problema só brasileiro, e desce amarga pela garganta dos habitantes da favela de Annawadi, onde a história se passa. Mesmo com resquícios de um sistema de castas milenar, todos eles querem sim “subir na vida”. Não há nenhuma ilusão de riquezas sem fim ou estrelato em Bollywood, e sim de coisas aparentemente singelas (para o leitor) como uma casa sem infiltrações, um emprego com uniforme bonito e diploma universitário.

Na versão de Annawadi da selvageria capitalista, alguns se dão melhor do que os outros: a família de Abdul, mulçumana, prospera aos poucos com um negócio de catação de lixo. A pequena reforma na casa (que não será mais invadida por dois palmos do lago de esgoto no meio da favela) atrai a atenção e a inveja da vizinha Fátima, a Perna-Só, ridicularizada por todos graças a sua deficiência.

No Brasil, a perspectiva de alguém ser condenado por “incitar suicídio” parece ridículo, mas na Índia (onde mulheres são, diariamente, incentivadas a se matar após a morte de seus maridos, não se tornando assim um “peso financeiro” para as famílias dos mesmos) isso é bem real e complicado. Fátima se auto-imola, acusando seus vizinhos de a levarem a tal ato, condenando então Abdul e nos levando para um passeio no intrincado sistema de corrupção indiano. Não que eu ache que devemos comparar esse tipo de male, mas se me permitem cair nesse erro, a nossa corrupção soa como brincadeira de criança ao lado da praticada pelas autoridades da Índia.

Isso nos leva a Asha, uma das grandes benfeitoras da favela – membro de um partido político, a mulher faz de tudo para ascender socialmente, levando para seus esquemas a sua filha Manju, que sonha em ser professora. A ambição de Asha é tragicômica, tão intensa e desesperante que não é possível torcer (contra ou a favor) desta mulher.

Quase todas as resenhas de Em busca de um final feliz que li continham uma pequena nota de estranhamento pelo livro ser encaixado em não ficção: o nível de detalhe é tamanho que não há como desconfiar de pinceladas ficcionais da autora. Katherine Boo, porém, passou meses e meses em Annawadi, entrevistando repetidamente os moradores sobre o ocorrido com a Perna-Só, justificando então a sua prosa fluida e cheia de certezas.

Utilizando-se de um material tão cru, seria quase impossível (e trágico) acusar a autora de artificialidade ou falta de verossimilhança – não, Em busca de um final feliz é genial em trazer todos os envolvidos não à vida (porque eles de fato a tem) mas sim ao lado do leitor, como se nós fossemos um intrometido chato espiando pelas frestas entre as portas da favela.

Existem algumas divagações com as histórias não muito relacionadas aos núcleos principais, mas tudo se relaciona e se torna interessante e essencial. Só há um grande problema em Em busca de um final feliz, que diminui exponencialmente a nota inicialmente merecida pelo livro: a frieza.

Sim, a narrativa é extremamente fria e impessoal. Eu não queria o estilo emocional de Nicholas Sparks sugerido pela tradução do título, subtítulo e capa, mas um pouco mais de aproximação para com aqueles que fizeram parte de sua vida por meses e meses seguidos faria bem a Katherine Boo. Como qualquer livro que trata da pobreza e da miséria, Em busca de um final feliz é recheado de situações degradantes, mas o tom distante com que elas foram narradas fez com que essa manteiga derretida assumida derramasse uma quantidade incrivelmente pequena de lágrimas no decorrer da leitura.

A coisa de fato bela na obra de Katherine Boo é a força de seus personagens, tirada sabe Ganesha de onde. Mas há algo diferente que torna o livro de Katherine Boo sobre a dura vida em uma favela em Mumbai atraente: é o encanto da humanidade, aflorado quando sua existência em si já é uma situação limite, sem necessidade de seqüestros, vilões malignos ou apocalipses para tal. Não: o antagonista já é o próprio “destino”, se é que ele existe.

Se há poesia na dor? Sim, há. Mas esse é um tipo de verso que ando dispensando – pelo menos na vida real.
Publicada originalmente em distopicamente.blogspot.com
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Oliver 08/06/2013

Em busca e um final feliz
Não é o primeiro livro que me leva a Índia, mas, é o primeiro que me levou a conhecer a realidade de um país em constante crescimento no século 21. EM BUSCA DE UM FINAL FELIZ , não é um livro de auto-ajuda como muitos pensam ao ler o título desse livro, a narrativa é sobre a vida de várias pessoas que moram em uma favela cercada de prédio luxuosos na maior cidade da Índia.

Este é o primeiro livro da escritora Katherine Boo, uma jornalista americana que passou 4 anos na favela anawandi vivenciando o dia-a-dia dos indianos que convivem com esgotos a céu aberto, roubos, ratos , falta de água encanada e sem saneamento básico em uma cidade que a economia cresce a cada dia. Nas 200 e poucas páginas não há nem uma pitada de fantasia, tudo ali em bem real. O livro me despertou sentimentos antagônicos, pois , não gosto muito de ler histórias jornalísticas, mas, a escritora sobe bem mesclar o que ela queria mostrar com a narrativa dos seus personagens.

Katherine Boo mostrou como o capitalismo é capaz de destruir sonhos de pessoas; em pleno século 21 onde o consumismo dá as regras e o capitalismo faz com que as diferenças sociais cresçam ainda mais. Os personagens desse livro (que são pessoas reais), nos fazem vivenciar o sofrimento,o desejo de vencer, de deixar de ser pobre ; nos faz ver que todos esses sentimentos são derrubados pela corrupção que faz pobres derrotarem pobres em vez de todos se unirem contra os corruptos ricos. O livro tem partes que te faz rir, outras se sentir mal pelo rumo que a vida de alguns personagens tomam.
Eu recomendo sim esse livro.
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ricardo_22 03/06/2013

Resenha para o blog Over Shock
Em Busca de um Final Feliz, Katherine Boo, tradução de Maria Angela Amorim de Paschoal, 1ª edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2013, 288 páginas.

Para um jornalista de verdade não basta apenas noticiar fatos que acontecem no dia a dia de uma sociedade. Em alguns casos é preciso viver na pele todas as dificuldades e as vitórias encontradas ao longo de uma vida, e também perceber o que o ser humano é capaz de fazer em busca de seus ideais. Com esse intuito que Katherine Boo, vencedora do Prêmio Pulitzer, viveu durante quase quatro anos em uma favela da Índia, o que a auxiliou na escrita de Em Busca de Um Final Feliz.

Apesar do título poético, o primeiro livro da redatora da revista The New Yorker não pode ser considerado um livro para inspirar seus leitores. A intenção da autora foi escrever sobre a realidade dos moradores de Annawadi, uma favela que está ao lado de um grande aeroporto e de luxuosos hotéis em Mumbai, cidade mais importante da Índia.

Ao melhor estilo livro-reportagem, Katherine Boo faz um relato de tudo o que vivenciou enquanto permaneceu ao lado dos moradores dessa favela, não se focando apenas em histórias felizes, o que passaria uma falsa ideia aos leitores, muito menos destacando apenas os males que de alguma forma facilitaria a venda de seu livro. Ela não queria isso e sim mostrar a realidade de um povo sofrido, mas que acima de tudo queria ir em busca de um final feliz.

“Abdul cumpriria seu dever e estaria quase feliz por fazê-lo. Esconder-se era algo que pessoas culpadas costumavam fazer; ele era inocente e queria a verdade estampada em sua testa. Então, o que mais lhe restava fazer a não ser submeter-se às autoridades oficiais, à lei, à justiça? Conceito que seu conhecimento limitado de história nunca tinham lhe dado razões para acreditar, mas nos quais ele pretendia acreditar agora” (pág. 26).

Mesmo com uma ótima escrita, a escolha dos personagens retratados por Boo pode ser considerada uma das principais qualidades do livro, que, além disso, é narrado de forma romanceada e felizmente possui uma estrutura agradável, onde acompanhamos todo o desenrolar de uma história. Por ser a observadora, e consequentemente a narradora, Boo não determinou qual o lado certo ou errado de todas as histórias que presenciou. Ela apenas relatou tais histórias.

Em cada um desses relatos, conhecemos um pouco da história de vida das pessoas, que sabemos desde o início: são reais. Ao mostrar a personalidade de todas as pessoas que tiveram suas histórias contadas, a autora possibilita ao leitor descobrir o que move os desejos de cada um dos moradores, que como todos, possuem sonhos, seja de construir uma família, estudar para garantir um futuro melhor, ou simplesmente ajudar os demais a também terem um futuro melhor.

E por se passar em um país rico culturalmente, encontramos muitas citações referentes a essa cultura, desde a disputa entre hindus e muçulmanos, que é fortemente lembrada, até mesmo a divisão entre castas e a própria desigualdade social, apesar de a Índia ser um país que cresce a cada dia e ter inclusive a 10ª maior economia do mundo, que só não é mais significativa devido à imensa população. E como a favela é o principal cenário, é impossível não encontrar situações que infelizmente existem nesse e em outros tipos de ambientes, como subornos e propinas, seja para serviços ou simplesmente mentiras.

Mais em: http://www.blogovershock.com.br/2013/06/resenha-156-em-busca-de-um-final-feliz.html
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Fernanda 03/06/2013

Resenha: Em Busca de um Final Feliz
Resenha: Penso que cada livro nos apresenta uma mensagem diferente e única, e “Em Busca de um Final Feliz” é aquele tipo de obra onde o leitor se sente comovido e tocado de diversas maneiras. A começar pela história, que surpreende de tal modo a conquistar a atenção de quem venha a ler, e posteriormente pelas emoções que o mesmo nos passa, fazendo com que adentremos totalmente no enredo e é como se fizéssemos parte da narrativa. Há quem não goste do gênero de não-ficção. Até eu mesmo, confesso que não leio muito a respeito deste estilo. Mas claro que nada me impediu de começar a leitura, que já me envolveu pela sinopse e justamente, pelo prefácio de Zeca Camargo.

“Ser pobre em Annawadi, ou em qualquer favela de Mumbai, era ser, invariavelmente, culpado de uma coisa ou outra.” Pg.22

Pare e pense um pouco: você tem a coragem necessária para ler uma história real? Katherine Boo expõe em Mumbai, a favela de Annawadi, de uma maneira detalhada, abrangente e complexa. A narrativa pode parecer mesmo ficção, envolvendo crimes, dramas e muita violência, porém todos os relatos são verdadeiros e os ataques terríveis descritos, têm mesmo as consequências citadas. A linguagem que Boo coloca, é tão rica e poderosa que seria um texto belo se os fatos narrados não fossem tão tristes e intensamente dolorosos. Como bem disse Zeca Camargo “Mas é exatamente nessa capacidade de extrair uma certa poesia de cenas hediondas que está o talento da autora.” Pg.09

“Annawadi ficava, aproximadamente, a 200 metros da estrada do Aeroporto Sahar, uma faixa onde a nova Índia e a velha Índia se encontravam e faziam a nova Índia chegar atrasada aos seus compromissos. Motoristas em veículos utilitários esportivos buzinavam furiosamente para entregadores de bicicleta que saíam das granjas da favela, cada um carregando uma pilha de 300 ovos. Annawadi não era nada especial no contexto das outras favelas de Mumbai. Toda casinha era torta, e a menos torta delas parecia ereta. O esgoto e a doença faziam parte do dia a dia.” Pg. 31

O mais interessante é poder acompanhar as histórias de várias famílias e as situações em que se encontram. Na verdade, seria mesmo interessante se elas estivessem em condições agradáveis, o que claro, não estão. Mas o que vale destacar nesta parte, é exatamente como cada uma dessas famílias interpreta o seu jeito de viver, e que apesar de tudo que passam, tentam não desanimar, correr atrás de seus sonhos e manter a esperança. Por si só, esse já é um fato que torna “Em Busca de um Final Feliz” emocionante e delicado, apresentado as crianças da favela, pessoas sem nenhum sinal de esperança e aquelas pessoas que lutam dia após dia, diante de tanta pobreza e injustiças. Neste ambiente e depois de muitas pesquisas e convivência, a autora conseguiu finalizar uma obra consagrada e acima de tudo, completa. É também, um livro de críticas diante das situações precárias das favelas, e para refletir e se questionar sobre as ações do mundo.

"Os eventos recontados nas páginas anteriores são reais, assim como o são todos os nomes. Desde o dia, em novembro de 2007, que entrei em Annawdi e conheci Asha e Manju, até março de 2011, quando completei meu relato, documentei as experiências dos moradores com notas escritas, gravações em vídeo, audiotapes e fotografias. Várias crianças da favela, que aprenderam a manejar minha câmera, também documentaram acontecimentos recontados neste livro.” Pg.279
Leticia.Oliveira 17/10/2015minha estante
Essa história é linda demais, te leva a conhecer um pouco sobre uma cultura de um povo que é pouco conhecida. A autora descreve tudo de uma maneira suave e de forma que impressiona ao mesmo tempo. Fui comprar pra dar de presente a um amigo, e acabei comprando um pra mim tbm, depois que li a sinopse. Eu e meu amigo adoramos o livro... me emocionei com cada parte da história e de como o menino do livro não perde nunca a esperança! livro lindo ...




Lelê 30/05/2013

Resenha:
Não é por acaso que este livro foi o vencedor do prêmio Pulitzer.
Eu classifiquei "Em Busca de um Final Feliz" como um ficção-não-ficção e vou explicar porque.



Os personagens são fictícios, porém, Annawadi e sua miséria é verdadeira.

Aqui vamos conhecer Abdul e sua imensa família; sua mãe, uma mulher forte e guerreira, seu pai, um homem doente e um pouco acomodado, seus irmãos e sua terrível vizinha Fátima, mas conhecida como Perna Só.


"Abdul entendia que, numa cidade poliglota,
as pessoas se separariam e se juntariam do
mesmo modo como ele separava o
lixo, iguais com iguais."
Pag. 39


Tanto Abdul, quanto sua família e vizinhos vivem do lixo dos outros, eles são catadores.
Só que Abdul desenvolve uma maneira de ganhar um pouco mais que os outros com o lixo, e com isso ele e sua família sofrem demais com a inveja dos outros. E isso leva à corrupção. É uma tremenda boa de neve.


" - É fácil quebrar uma única vareta de
bambu, mas, quando você junta as
varetas, não consegue nem mesmo dobrá-las."
Pag. 107


Fátima nasceu com uma deformidade na perna esquerda, por isso o apelido Perna Só, porém ela usa suas muletas como uma arma, ela é agressiva e violenta. Perna Só realmente me tirou o sono.
Por ela ter nascido com essa deficiência, seu valor era menos que zero para sua família, e por isso ela cresceu trancada dentro de casa. Um dia apareceu um velho miserável disposto a desposá-la por um valor mínimo. Sua mãe prontamente a entrega ao velho pelo simples motivo que nunca ninguém iria querê-la, então qualquer valor é válido.
Ela se casa com o velho, e quando eu achei que ela se tornaria boa, ela se transformou em um monstro, coloca todo ódio pra fora e não poupa ninguém. Chega ao ponto de quase destruir completamente a família de Abdul, por pura inveja.

A narrativa de Katherine é incrível, super real mesmo. Ela consegue transportar o leitor para dentro de todo aquele lixo. As questões descritas da política local faz com que tenhamos ódio, um absurdo o quanto são corruptos, desde o simples soldado, passando pelo juiz, até chegar ao próprio governo.
Faz pensar muito nesse mundo que vivemos. Pessoas que vivem reclamando da vida, deveriam ler este livro.
Não conseguia para de pensar em como uma família que vive com menos de cinquenta centavos de dólar por dia consegue ainda ter esperança e buscar a felicidade.
Este livro é sim um tapa na cara de uma sociedade hipócrita e uma lição de vida.

A capa é perfeita, remete vem à realidade da história. A diagramação é simples, sem nada de diferente. A fonte usada é pequena, mas está bem espaçada.

Uma ótima leitura! Recomendo!!

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Saleitura 29/05/2013

Quando a existência é definida pelos sonhos de pessoas reais, a esperança surge.
Para mim ler sobre a favela é sempre um mergulho para dentro e para fora. Para dentro porque esse é o espaço geográfico no qual vivo e por mais diferentes que favelas sejam elas sempre tem pontos em comum e para fora porque geralmente quem escreve não são os próprios habitantes e sim pessoas de fora, como a jornalista Katherine Boo.

Como disse Terry Pratchett em "Quando as bruxas viajam", as histórias nunca são sobre "Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas... o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros." Poucos autores acham interessante falar sobre o criador de porco - ou o catador - que vai viver trabalhando duro e ainda assim vai morrer um pouco mais pobre do que nasceu.

Mas a Katherine foi e é diferente, são justamente essas pessoas os alvos do seu olhar, de sua sensibilidade e inquietação generosa. "Em busca de um final feliz" é um trabalho primoroso, resultado de um esforço de uma mulher capaz enxergar aquilo que muitos fingem não ver ou não vem mesmo, afinal de contas é muito difícil lembrar do frio, da fome, do medo quando se está seguro e confortável.

Tentando não idealizar demais as coisas, ela vai nos apresentando a favela de Annawadi tanto através da descrição do contexto econômico mundial e da economia da Índia como através de seus vários habitantes, desde aquelas pessoas que se envolvem com politica e encontram o que chamamos de ascensão social, passando pela moça universitária, pelos meninos sem pai e sem mãe que acabam virando ladrões, mesmo contra a sua vontade, até vendedores e catadores de lixo.

Achei impressionante como em nenhum momento a autora deixa de frisar a humanidade desses sujeitos, suas dores, suas penas, seus sonhos, sua complexidade de sentimentos e interpretação do mundo, a pobreza não retira de ninguém a humanidade, embora faça as pessoas fazerem coisas inacreditáveis. É incrível como ela consegue fugir de julgamentos precipitados como conseguiu ver as coisas com generosidade.

Uma vez eu li em um livro de português do ensino fundamental um poema de Ulisses Tavares sobre pessoas que existem e parecem imaginação, a leitura do excelente livro de Katherine Boo me lembrou esse poema da página 1 até a página 288 e com ele encerro a resenha:

"Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação."

(Ulisses Tavares)

Resenha por Pandora
http://www.skoob.com.br/estante/livro/26464608

link postagem Saleta de Leitura
http://saletadeleitura.blogspot.com.br/2013/05/resenha-do-livro-em-busca-de-um-final.html


Núbia Esther 29/05/2013

“- Tudo ao nosso redor são rosas. – Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. –E nós somos a bosta no meio disso.”

Do alto dos aviões, os tapumes que beiram o high-tech com seu brilho prateado não conseguem servir ao seu propósito. Annawadi e outros trinta assentamentos irregulares estão destinados a serem a primeira imagem na retina dos que chegam e a lembrança indesejada dos que deixam Mumbai pelo Aeroporto Internacional. A imagem que estava destinada a ser apenas isso, um retrato estático do encontro entre a opulência dos hotéis cinco estrelas e a miséria daqueles que vivem à sombra dos neons e do lixo gerado pelo consumo de luxo, ganha cor e escancara a vida borbulhante daqueles que lutam diariamente e buscam soluções as mais criativas o possível para se reinventar e criar um futuro que extrapole as fronteiras excludentes de Annawadi, que lhes permita vencer a barreira entre a pobreza e a vida levada pelos ricos.

Traduzir toda essa agitação em palavras para fazer um dos relatos mais detalhistas e reais da vida das castas mais baixas da Índia na era da globalização foi a tarefa que Katherine Boo, uma jornalista americana que passou mais de 20 anos fazendo reportagens dentro de comunidades pobres, tomou para si. Mas, mais do que narradora ela permitiu que os moradores de Annawadi contassem sua história e para isso de novembro de 2007 à março de 2011 ela vivenciou o dia-a-dia da comunidade e documentou a experiência dos moradores da favela, além de registros públicos conseguidos após várias petições. Foi assim que surgiu o livro Behind the Beautiful Forevers publicado em 2012 e traduzido e publicado pela Editora Novo Conceito este ano sob o título de Em Busca de um Final Feliz.

“É fácil quando se está a uma distância segura, deixar de lado o fato de que as áreas pobres dentro da cidade são governadas pela corrupção, onde pessoas exaustas rivalizam em um terreno limitado e onde é dolorosamente difícil ser bom. O grande espanto é que, na verdade, algumas pessoas são boas e que muitas tentam ser.”

Quando a Novo Conceito disponibilizou a lista de lançamentos para a solicitação de exemplares, de início não havia pedido Em Busca de um Final Feliz para resenhar. Tinha receios de que a história descambasse para a “glamorização” da pobreza como bem citado pelo Zeca Camargo no prefácio, mas, ao mesmo tempo me vi curiosa para conhecer mais profundamente a Índia pouco mostrada e citada de forma superficial nos romances que li que se passavam naquele país. Pedi o livro e comecei a leitura sem esperar muito da obra, mas de repente me peguei cativada pelo relato de Katherine e pelos moradores de Annawadi. Abdul e seu negócio rentável de reciclagem de lixo que mantém a família Husain acima da linha da miséria, mas que de uma hora para outra, vê sua vida explodir depois das ações desesperadoras de Fátima Perna-Só; Kamble e a impossibilidade de arranjar emprego por não ter como fazer uma cirurgia, paga pelo governo, mas cobrada por baixo dos panos pelos médicos; Asha e sua busca incessante pelo poder, ainda que para isso tenha que mergulhar na mais sórdida corrupção; Sunil e a esperança ingênua de conseguir ‘ser alguém’ catando lixo; Manju e a esperança de se tornar a primeira mulher de Annawadi a se formar na faculdade e a vontade de se dedicar à educação em um país no qual 60% dos professores da rede pública não tem formação superior.

Pegando como ponto de partida, a ação desmedida de Fátima Perna-Só de atear fogo ao próprio corpo e acusar o pai, a irmã e o próprio Abdul de levarem-na a tal ato. Trabalho esse facilitado pelo sistema jurídico altamente corrupto, que não perde tempo em tentar extorquir todo dinheiro que puder dos que caem em suas teias. Boo vai contando uma história que poderia se passar por um romance de ficção e dos bons, mas, infelizmente é a história nua e crua retratada aqui e o quadro não é nada bonito, ainda que a esperança sempre esteja presente como uma boia salva-vidas solitária na qual todos se agarram como podem.

[Blablabla Aleatório] - http://blablablaaleatorio.com/2013/05/28/em-busca-de-um-final-feliz-katherine-boo/
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Bruuh 22/05/2013

"Em busca de um final feliz" é um relato real dos moradores de Annawadi, uma favela que fica ao lado do Aeroporto Internacional de Mumbai.
Katherine Boo morou durante quatro anos em Annawadi e relata nesse livro o dia a dia das pessoas que lá vivem.

"Os eventos contados nas páginas anteriores são reais, assim como o são todos os nomes."

Annawadi formou-se pelos "pedreiros" que construíram o Aeroporto. Ao terminarem a obra, viram que "sobrou" um pedaço de terra. Fizeram dali sua moradia, já que seria prático estar por perto caso o prédio precisasse de alguma manutenção. Agora Annawadi é um assentamento com mais de 300 barracos, onde 3.000 moradores vivem em uma eterna pobreza.

Com base nisso, conhecemos Abdul Husain, um homem (garoto?) de olhos fundos, quieto, corpo rijo e curvado pelo trabalho, ele mora em um barraco com mais 9 pessoas. Abdul é catador de lixo e sua família é a que fatura mais dinheiro com isso na favela, graças a ele, que trabalha em nome da família, pois seu pai tem tuberculose. Porém, a família Husain está enrascada: Fátima, conhecida como Perna Só, atirou fogo nela mesma...


"Ser pobre em Annawadi, ou em qualquer favela de Mumbai, era ser, invariavelmente culpado de uma coisa ou outra."

No hospital, Perna Só culpa Abdul, junto com sua irmã, Kehkashan e seu pai, Karam.
Agora sua mãe, Zehrunisa, luta para tirá-los da justiça. Porém, policiais pedem propina para retirar a acusação contra eles.
Perna Só paga propina para colocarem algo incriminador para os Husain em seu depoimento. E isso vira uma bola de neve.

Dentro da história há Asha, uma mulher de 40 anos que tem como maior ambição tornar-se a Senhoria da Favela. Ela anda com políticos e ajuda-os a criar empresas fantasmas. Ela promete melhoras em Annawadi em troca de voto dos moradores. Sua filha, Manju, é a mais linda da favela e a única que está cursando faculdade. Para Rahul, seu filho, conseguiu que ele trabalhasse como garçom no Hotel em frente à favela. Sua casa tem um ventilador de teto, televisão e piso, algo que os moradores de Annawadi sonham em ter.

Há Sunil, amigo de Abdul, ele é um catador de lixo de 12 anos. Antes de Annawadi, ele viveu em um orfanato de feiras. No orfanato, porém, as freiras desviavam roupas e doações que recebiam e quando Sunil completou 11 anos, o jogaram na rua, pois era "difícil de tratar". Ele tem uma irmã, e tem o orgulho ferido por ela ser mais alta que ele.

Com isso, conhecemos diversos moradores e suas histórias, desde a menina que apanhava por tudo ou o homem que fazia listras em cavalos e dizia que eram zebras para que as pessoas alugassem para aniversários de crianças. As histórias juntam-se para mostrar as realidades dos moradores. Aliás, para contar se Abdul e sua família conseguiram justiça ou não, é necessário conhecermos alguns moradores que ajudam ou que pioram a situação da família Husain. Pontos de vistas diferentes são mostrados.

O livro não tem uma narrativa pesada, porém mostra-nos a desumanização exposta. Políticos
e policiais corruptos, e a consequência disso para os moradores de Annawadi que lutam para sobreviver e criar seus filhos. Pessoas com virtudes, defeitos, ambições. Pessoas cheias de sonhos que moram ao lado de Aeroporto e Hotéis de luxo e que vivem dos lixos dos mesmos, quando não conseguem algo melhor. Katherine também relata no livro muito da cultura indiana, desde as castas de cada morador, suas superstições, seus deuses, etc. Ela introduz palavras indianas ao livro, o que faz você realmente entrar em Mumbai.

Essas páginas mostra-nos o que há por dentro de uma favela dentre as milhares que existe por aí. Uma crítica às políticas desumanas, às condutas daqueles que tem o poder de ajudar, mas que fazem exatamente o contrário. Um livro super recomendado.

" (...) Uma vida decente era aquela em que o trem não o atropelava, onde você não ofendia o senhorio da favela e a malária não te pegava. (...) "
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Janaina.Granado 21/05/2013

Em busca de um final feliz

"Quando a existência é definida pelos sonhos de pessoas reais, a esperança surge."

Não comece a leitura achando que irá encontra um belo romance, com histórias lindas que te fazem suspirar, Em Busca de um Final Feliz está muito longe de ser um livro de romance, o título pode nos enganar. O livro trata de histórias reais de famílias que vivem na Índia, pessoas pobres que lutam a cada dia para sobreviver, em meio ao lixo e a miséria das favelas.
O livro é triste e belo ao mesmo tempo, triste por pensar que realmente isso existe, no Brasil também existe, mas o livro nos traz histórias da Índia, um país que a TV só nos mostra a parte bela, onde tudo é lindo, e onde há riqueza.
O livro é belo pois nos mostra que em meio a miséria, a dor, a pobreza, a doença, ainda existe esperança no coração das pessoas, ainda existem pessoas que querem fazer a diferença, mudar nem que seja a sua comunidade, ensinar as crianças a falar uma outra língua, ou a pelo menos escrever, tentar de alguma forma fazer com que a vida de muitas crianças se tornem melhor e possam crescer com o mínimo de dignidade.

No livro iremos encontrar diversas famílias que fazem parte desse universo pobre da Índia, temos Abdul um garoto que com seu trabalho no lixo tenta garantir o sustento de sua família, temos Manju uma garota que sonha em trazer um futuro melhor as crianças da favela, temos Sunil um garoto que sonha em um dia conseguir sair dessa miséria, e temos outros personagens complexos como a mãe de Abdul, a mãe de Manju, personagens que são reais e que já não tem tanta esperança em um futuro melhor, já não pensam iguais aos jovens.

Uma coisa que sei que existe mas que me revoltou muito no livro, foi a corrupção, as propinas de ambos os lados, eram moradores querendo dinheiro para poder ajudar seus vizinhos, era a polícia querendo propina dos mais pobres, isso sem falar nos políticos. Tudo por causa do dinheiro, pessoas morrem como senão fossem ninguém, como a Índia é um país populoso, parece que quanto mais pobres morrendo, melhor é, diminui os gastos com as pessoas, isso é revoltante.

A autora consegue nos trazer uma obra com um documentário sobre famílias reais, o estudo que ela fez foi muito bem feito, ela foi a fundo, passou anos na favela para poder escrever o livro. Foi uma excelente pesquisa, Katherine está de parabéns.
Esse é o quarto livro que leio ambientado na Índia, os outros trouxeram romances, cultura indiana, mas nenhum conseguiu ir a fundo nesse universo pobre que assola a Índia.

A leitura não fluiu com tanta rapidez, mas eu não fiz questão de ler rápido, porque é uma história tensa, cheia de dramas, a medida que lia eu parava para refletir a situação, é um livro que não irá agradar a todos, mas quem gosta de ler sobre fatos reais, e sobre outros países irá gostar, eu recomendo, uma ótima leitura que nos faz refletir em nossa vida, as vezes reclamamos de barriga cheia, com esse livro muita gente vai aprender a dar valor aquilo que tem, mesmo que não seja muito coisa, perante ao povo indiano tenha certeza o que você tem é muita coisa sim.

Mais em http://livrospuradiversao.blogspot.com.br
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Mell 16/05/2013

Todos procurando lutar contra esse sistema opressivo e encontrar um final feliz
Blog: http://croissantparisiense.blogspot.com/
video-resenha Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=tYfLDzNRXXA


Nada como cair de paraquedas numa nova realidade para quebrar a sua expectativa.

Em busca de um final feliz conta a história de algumas pessoas da favela Annawadi, lá de Mumbai, na Índia. É um livro de não ficção, ou seja, o que você irá ler é, se não a realidade, baseado em fatos reais a partir de uma pesquisa feita pela autora que, aliás, conviveu por um bom tempo com as personagens nesse ambiente hostil e opressivo.

Annawadi é uma favela pequena para os padrões de Mumbai, só que ali o contraste entre riqueza e pobreza é imenso. A favela se localiza entre um dos maiores aeroportos de Mumbai e alguns dos mais luxuosos hotéis da cidade. Ou seja, é como uma poça de esterco que destoa do ambiente ao seu redor. Aí se encontra a antítese trabalhada no livro.

Assim, Boo nos apresenta vários tipos existentes nessa favela. Catadores de lixo, ladrões de lixo, moradores corruptos "engajados" na política local, comerciantes de lixo, educadores, raros universitários, aleijados... Todos guiados por um sistema político, econômico e social maior que os engole. Todos procurando lutar contra esse sistema opressivo e encontrar um final feliz. Todos marcados por algum tipo de anomalia social.

A imagem da capa já transparece o assunto abordado no livro. E ao contrário do que muitos vieram me falar a respeito desse gênero literário, indico para todos que vivem num mundo limitado e que pensam que as mazelas do próprio país são únicas e as piores de uma escala. Portanto, indico à todos, à você que está lendo essa resenha agora.

A leitura é rápida, fluída e, ao contrário de romances e fantasias, irá despertar frustração e nojo (da humanidade) no leitor. Uma sensação de impotência... A menos que não seja um humano.
Angela Grazi 23/05/2013minha estante
O link do video esta errado ;)




laysadyoliveira 06/05/2013

Este não é o tipo de livro que estou acostumada a ler, na verdade é o primeiro neste estilo que leio, e digamos que foi melhor do que eu esperava. Achei que seria um livro triste, que passasse uma mensagem e só, mas não é só isso.
Este é um livro documentário, escrito por Katherine Boo, que demorou certa de quatro anos para ser escrito, já que Boo passou todo este tempo convivendo com a realidade do local, para assim criar o livro.
O livro retrata a realidade de moradores de Annawadi, favela localizada em Mumbai, que é escondida por um extenso muro de concreto, já que fica do lado do aeroporto e de hotéis de luxo na Índia. Os personagens reais desta história vivem de forma sub-humana, sem muitas oportunidades, porém tendo ainda esperança que tudo pode melhorar. Cada um com sua história de vida sendo retratada.
Ler este livro com certeza faz você ter um pouco de choque sobre a realidade que se passa naquela região, e que poderia ser aqui do nosso lado, e será que faríamos algo sobre isso, ou simplesmente ignorar?
Talvez a autora ter realmente convivido com tudo que foi descrito, os detalhes são enormes e muito bem retratados, parecendo que estamos lá daquele momento. Provavelmente nos emociona ainda mais sabendo sobre estes detalhes.

Um dos trechos que mais me impactou, é o seguinte:
O sistema de justiça criminal da Índia era um mercado, assim como o do lixo, Abdul entendia isso agora. A inocência e a culpa poderiam ser compradas e vendidas como um quilo de sacolas plásticas. página 137

Em nenhum momento existe a nomeação de vilões ou heróis nesta histórias, são apenas pessoas normais, tentando sobreviver estando “Em Busca de um Final Feliz”
Confesso que não foi um livro que senti extrema vontade de acabar logo, devorar as páginas, porém tem uma leitura agradável. Talvez o que tenha me desestimulado um pouco, foi a enorme quantidade de personagens que iam aparecendo, e demorou um pouco para me acostumar com todos. Indico para todos terem a oportunidade de descobrir sobre esta realidade tão diferente da nossa.
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@APassional 24/04/2013

Em Busca de um Final Feliz * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Preparem os seus corações para uma jornada ao mundo real.

Mumbai - favela de Annawadi - Um crime, uma mulher agoniza ao solo, um jovem em fuga, a polícia em seu encalço, duas famílias arruinadas, o luxo e o lixo, emoções exaltadas, parece até cena de filme noir em cenário exótico, no entanto os fatos são reais, as personagens são de carne e sangram.

Somos alertados na sinopse, no prefácio, e até na entrevista em que a autora fala de seu processo criativo sobre o conteúdo da obra, no entanto nenhum alerta é suficiente para os relatos (“causos”) e descrições que defrontaremos nos 17 capítulos seguintes, diante da visceralidade de Katherine Boo, ao expor poeticamente as entranhas da sociedade como um todo, pois é das Mumbais do mundo que ela vai falar.

Abdul está em fuga, e nós irremediavelmente pegos.

Com um prólogo absolutamente cativante, talhado para nos fisgar ao primeiro parágrafo, mergulhamos em uma escrita mágica, nos afundamos na lama e nem percebemos.

Annawadi é um paradoxo, uma favela entranhada entre um aeroporto internacional e hotéis de luxo, que desenvolveu-se a partir de um alojamento das obras de construção dos leviatãs que a circundam, e se são eles que a alimentam com seus despojos, somente o fazem para inacreditavelmente e ao arrepio de qualquer princípio de moralidade, alimentar-se dela em sua insaciável sede de poder.

O luxo se alimentando do lixo? É possível?

É isso que vamos descobrindo no decorrer da narrativa densa, em que o eixo central é a família Husain, mas especificamente Abdul Hakim Husain, nosso guia e herói improvável neste mundo de degredados.

Os moradores de Annawadi sobrevivem do descarte, em condições precárias, insalubres, sem qualquer apoio social, em um cenário dantesco, sub-humano chegando à beira da surrealidade. As situações que desenrolam-se são bizarras, nos estarrecem a cada momento que saímos do transe e chocados nos lembramos que trata-se de uma não-ficção e isso é real.

Levando-se em conta que a autora conviveu com essas pessoas, podemos perceber a delicadeza das cores com que ela tece a trama para identificarmos as mais brilhantes, as opacas e mesmo a inexistência de cor, no enredo armado contra a família Husain, contra Abdul.

“...Os pobres não se uniam, competiam ferozmente entre si por lucros tão escassos quanto breves. E essa luta na cidade baixa era apenas uma marola no contexto da sociedade como um todo...”

Em busca de um final feliz, é uma grande história, uma das melhores que já li, pessoas como o inesquecível Abdul, Fátima, Sunil, Manju, Karam, Zehrunisa, Meena, Mirchi, Rahul, Kalu, Asha, são palpáveis nas esquinas e becos escuros das periferias das grandes metrópoles, para onde escorre o sumo das coisas que já não queremos possuir, ou pior, ver. Nas palavras do pequeno Mirchi:

“ -Tudo ao nosso redor são rosas. - Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. - E nós somos a bosta no meio disso.”

Mas esse ainda não é o trunfo de Katherine Boo, a exclusão, racismo, violência, inveja, traição, corrupção é apenas o tempero do que em minha opinião foi sua grande cartada: a revelação do esquema de propina e desvio de verbas públicas, inclusive com participação de ONGs, nos projetos de transferência de renda para populações menos favorecidas.

Fica a dica:
Tendo em vista que nossa política não difere tanto assim da Índia, eis a grande chance para entender todo o processo e rever nossos valores na escolha de nossos representantes políticos nas próximas eleições.

Direto, inquietante, esclarecedor.
Leitura NECESSÁRIA!
Pois quando eu mudo, o mundo muda.

By Rosem Ferr

Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 24/04/2013:

http://www.arquivopassional.com/2013/04/resenha-em-busca-de-um-final-feliz.html
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