Em busca de um final feliz

Em busca de um final feliz Katherine Boo




Resenhas - Em Busca de um Final Feliz


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David 10/10/2019

Que mundo injusto!
Em pleno século XXI, em um país emergente (Índia) com uma economia em ascensão é triste saber que a miséria e o luxo convivem tão perto, isso ocorre em uma das grandes cidades, Mumbai, no interior de uma favela, próximo ao grande e luxuoso aeroporto. Uns poucos com muito e grande parte da população vivendo miseravelmente.
Crianças dormindo com ratos, meninas prometidas em casamentos arranjados, ou seja, sem poder desfrutar um verdadeiro amor, conviver ainda com uma polícia corrupta, um Estado negligente com os pobres, uma justiça falha. É isso que Katherine Boo relato "Em Busca de um Final Feliz".
Em determinados momentos da minha leitura me senti revoltado, em outros, impotente diante de tanta injustiça que traz a Desigualdade Social. O que esperar de um país que ainda é dividido por castas, nossa, isso é odioso!
A autora relata que diante de tantas injustiças e sem perspectivas de uma vida melhor, meninos e meninas preferem dar cabo da vida ingerindo veneno de rato, assim, acabam com suas vidas miseráveis.
Meu Deus! Quanta ganância do ser humano (os poderosos, os políticos, os que podem mais) que não enxergam os seus semelhantes...
História forte, triste, mas é o mundo real, e pior, também ocorre em muitos outros lugares, talvez bem próximo de nós...
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Ticiane 02/08/2019

Não que o livro seja ruim, mas não gostei como a autora narra a história. Adoro livros com esse tema, mas esse não conseguiu me prender.
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Cleane 30/04/2019

A humanidade é desumana
Livro encantador, que te envolve e te leva pra uma Índia até então desconhecida, te faz sentir vergonha da humanidade e valorizar a sua própria vida. Triste,emocionante e infelizmente real. "Você já pensou quando olha alguém, quando ouve alguém, se essa pessoa realmente tem uma vida?"
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JEAN CARLOS 18/05/2017

Esperava mais desse livro.
Me decepcionei com o modo como a autora narra os acontecimentos...cansativo demais.
Carla.Cerqueira 02/06/2018minha estante
Nossa... Tô custando a ler. Que livro superficial....


JEAN CARLOS 12/04/2019minha estante
Não consegui...parei de ler na metade do livro.


Carla.Cerqueira 13/04/2019minha estante
Também. Tá lá encostado


Ticiane 24/07/2019minha estante
Estou tentando terminar pq não gosto de abandonar, mas está difícil, e olha que adoro esses temas!




Simone de Cássia 05/03/2017

Sinceramente não sei se é possível esperar um final feliz nessa busca...Mesmo quando acho que já li todos os horrores do sistema brutal da vida na India, ainda assim me surpreendo. São relatos tão absurdos que até numa ficção seriam considerados abusivos.Uma civilização (?) cheia de contrastes que nos atrai pelo seu exotismo e nos choca pelas suas barbáries. Excelente livro! Nota "A"de absurdo! Abmudo e Abcego!!!
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celia.bandreplothow 13/09/2016

Deprimente mas necessario
A autora narra a vida na India... Livro bem escrito
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Janayna 23/08/2016

A vida como ela é...
Este foi, sem dúvidas, um dos melhores livros que já li na vida. Dificilmente a gente encontra um casamento tão interessante entre uma escrita perfeita e um relato maravilhoso. É uma excelente estória narrada da melhor maneira possível.
Por vários momentos ao longo da leitura eu me esquecia que se tratava de um relato da realidade diária de uma favela na Índia. Me pegava rindo e pensando que estava lendo um romance de ficção.
O que mais me surpreendeu no livro foi isso mesmo, a maneira como Katherine Boo descreveu o dia a dia dos moradores de Annawadi. Impossível não achar que Asha, uma líder comunitária, na verdade mora em uma cidade brasileira. Incrível a semelhança dos atos de corrupção indianos e brasileiros...kk Esses traços humanos nos aproximam, apesar da realidade cultural nada ter a ver com a brasileira.
Também é marcante no livro a questão da dificuldade de convivência entre indus e mulçumanos.
Enfim, adorei também os personagens reais. Não tem como se esquecer de Asha, Manju, Abdul, Sunil e a "perna só".
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Evy 30/06/2016

A Índia nua e crua
Um relato impressionante sobre a vida dos moradores de Annawadi, suas lutas diárias pela sobrevivência em meio à pobreza. Os descasos das autoridades, a corrupção, a ganância, a fome e a miséria que move essas pessoas em busca de um final feliz.
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Gabi 08/09/2015

O Cortiço
Uma versão indiana do romance brasileiro "O Cortiço", este livro é uma prova da máxima "há beleza na dor". A autora consegue poetizar a miséria e ao mesmo tempo mostrar sua realidade, de maneira vívida e clara.
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Rosem Ferr 26/02/2015

Em busca de um final Feliz


Preparem os seus corações para uma jornada ao mundo real.

Mumbai- favela de Annawadi- Um crime, uma mulher agoniza ao solo, um jovem em fuga, a policia em seu encalço, duas famílias arruinadas, o luxo e o lixo, emoções exaltadas, parece até cena de filme noir em cenário exótico, no entanto os fatos são reais, as personagens são de carne e sangram.

Somos alertados na sinopse, no prefácio, e até na entrevista em que a autora fala de seu processo criativo sobre o conteúdo da obra, no entanto nenhum alerta é suficiente para os relatos( “causos”) e descrições que defrontaremos nos 17 capítulos seguintes, diante da visceralidade de Katherine Boo, ao expor poeticamente as entranhas da sociedade como um todo, pois é das Mumbais do mundo que ela vai falar.

Abdul esta em fuga, e nós irremediavelmente pegos.

Com um prólogo absolutamente cativante, talhado para nos fisgar ao primeiro paragrafo, mergulhamos em uma escrita mágica, nos afundamos na lama e nem percebemos.

Annawadi é um paradoxo, uma favela entranhada entre um aeroporto internacional e hotéis de luxo, que desenvolveu-se a partir de um alojamento das obras de construção dos leviatãs que a circundam, e se são eles que a alimentam com seus despojos, somente o fazem para inacreditavelmente e ao arrepio de qualquer princípio de moralidade, alimentar-se dela em sua insaciável sede de poder.

O luxo se alimentando do lixo ? É possível ?

É isso que vamos descobrindo no decorrer da narrativa densa, em que o eixo central é a família Husain, mas especificamente Abdul Hakim Husain, nosso guia e herói improvável neste mundo de degredados.

Os moradores de Annawadi sobrevivem do descarte, em condições precárias, insalubres, sem qualquer apoio social, em um cenário dantesco, sub-humano chegando a beira da surrealidade, as situações que desenrolam-se são bizarras, nos estarrecem a cada momento que saímos do transe e chocados nos lembramos que trata-se de uma não ficção e isso é real.

Levando-se em conta que a autora conviveu com essas pessoas, podemos perceber a delicadeza das cores com que ela tece a trama para identificarmos as mais brilhantes, as opacas e mesmo a inexistência de cor, no enredo armado contra a família Husain, contra Abdul.

“...Os pobres não se uniam, competiam ferozmente entre si por lucros tão escassos quanto breves. E essa luta na cidade baixa era apenas uma marola no contexto da sociedade como um todo...”

Em busca de um final feliz, é uma grande história, uma das melhores que já li, pessoas como o inesquecível Abdul, Fátima, Sunil , Manju, Karam, Zehrunisa, Meena, Mirchi, Rahul, Kalu, Asha, são palpáveis nas esquinas e becos escuros das periferias das grandes metrópoles, para onde escorre o sumo das coisas que já não queremos possuir ou pior ver, nas palavras do pequeno Mirchi:


“ -Tudo ao nosso redor são rosas. - Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi,colocava as coisas. - E nós somos a bosta no meio disso.”

Mas esse ainda não é o trunfo de Katherine Boo, a exclusão, racismo, violência, inveja, traição, corrupção é apenas o tempero do que em minha opinião foi sua grande cartada: a revelação do esquema de propina e desvio de verbas públicas, inclusive com participação de ONGs, nos projetos de transferência de renda para populações menos favorecidas.

Fica a dica:

Tendo em vista que nossa política não difere tanto assim da India, eis a grande chance para entender todo o processo e rever nossos valores na escolha de nossos representantes políticos nas próximas eleições.

Direto, inquietante, esclarecedor.
Leitura NECESSÁRIA!
Pois quando eu mudo, o mundo muda.

By Rosem Ferr

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Sheila 14/11/2014

Em busca de um Final Feliz
Por Sheila: Olá pessoas! Como vão? Resenha nova chegando ai gente! E de uma autora que - confesso! - eu nunca tinha ouvido falar. Neste livro, iremos entrar nem contato com a realidade da população de Annawadi (que eu também não conhecia) uma favela em Mumbai que fica às margens do Aeroporto Internacional.

Na verdade, aqui começa já a aparecer a disparidade: enquanto os moradores de Annawadi não tem ao menos saneamento básico, vivendo em barracos e sobrevivendo em grande parte do lixo que encontram, a poucos metros estão os aviões, turistas chegando e indo embora de Mumbai, hotéis luxuosos e carros de últimos modelos.

Logo nas primeiras páginas, seremos apresentados a Abdul e o mesmo está fugindo. Acontece que Fátima, uma vizinha que tem uma perna só, ateou fogo ao próprio corpo, e acusou Abdul e sua família de terem sido os perpetradores do crime.
Já era quase meia noite, a mulher de uma perna só jazia penosamente queimada, e a polícia de Mumbai vinha em busca de Abdul e seu pai. Em um barraco da favela, ao lado do aeroporto internacional, os pais de Abdul tomaram sua decisão com uma economia de palavras pouco usual. O pai, um homem doente,esperaria dentro do barraco de telhado de zinco onde a família de onze pessoas morava. Não resistiria à prisão. Abdul, o provedor da casa, era quem deveria fugir.
Logo depois, a autora irá voltar no tempo, para nos falar do dia-a-dia das famílias que vivem em Annawadi, suas conquistas, dúvidas, anseios, estratégias de sobrevivência, e os acontecimentos que levaram Abdul e sua família até os momentos narrados nas primeiras páginas, bem como o desenrolar e desfecho deste drama.

Abdul é apenas mais um dos muçulmanos, sempre em conflito com os Hindus, que ocupa com sua família numerosa um dos 355 barracos da favela de Annawadi. Não sabemos sua idade, apenas que pode ter entre 16 e 19 anos (não, certidões de nascimento não são uma das preocupações da população de Annawadi), e todo o sustento de sua família - que mora em um barraco, sem saneamento básico, mas que é considerada acima da linha da pobreza - é proveniente do trabalho de Abdul com lixo.

Perdidos e sem emprego formal entre lugares com acomodações luxuosas, em que as pessoas passam seu tempo de férias tomando champanhe e comendo caviar, boa parte das famílias de Annawadi sobrevive do lixo que consegue no aeroporto, enquanto Abdul é quem compra, separa e revende o lixo assim coletado. Ou seja, o Extremo (com E maiúsculo) em que se encontram em relação aos vizinhos que ocupam os hotéis, do outro lado de uma avenida, é gritante.
Abdul e seus vizinhos ocupavam, irregularmente, um terreno que pertencia à autoridade aeroportuária da Índia. somente uma travessa ladeada por coqueiros separava a favela da entrada para o terminal internacional. Para atender a clientela do aeroporto, havia cinco hotéis caríssimos ao redor de Annawadi: quatro megalíticos de mármore entalhado e um Hyatt de lustroso vidro azul, em cujo último andar Annawadi e várias outras ocupações irregulares pareciam vilarejos atirados de um avião, entre um edifício moderno e outro.- Tudo ao nosso redor são rosas - Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. - E nós somos a bosta no meio disso.
Perdidos entre a pobreza, a ganância de políticos, policiais e cidadãos corruptos, um sistema que os pune de forma intransigente, ainda assim os moradores deste pequeno espaço se permitem sonhar com uma vida sem tantas desigualdades.
- As pessoas do hotel agem de um jeito estranho quando bebem ... Mas quando eu for bem rico, e puder ficar hospedado num grande hotel como esse, não vou agir como um idiota assim.Mirchi deu risadas e fez a pergunta que muitos estavam fazendo a si mesmos em Mumbai em 2008:- E o que você vai fazer, sirrrrrrr, para ser servido num hotel desses?
A escrita de Boo é cativante, sendo o conteúdo de seu escrito algo muito difícil de se ler. Expõe com beleza o aspecto cruel e desumano da forma como essa pequena sociedade, em sua maioria de catadores, se organiza, suas aspirações, seus conflitos, seus medos e suas pequenas vitórias.

O mais interessante do livro é que o relato - da história, das pessoas - são todos reais; a autora, que é repórter e editora, ficou de novembro de 2007 à março de 2011 perambulando pela favela de Annawadi, coletando o material para este livro com notas escritas, gravações em vídeo, audiotapes e fotografias.

O resultado? Simplesmente aterrador, mas também magnífico e emocionante. Recomendo!


site: http://www.dear-book.net/2014/11/resenha-em-busca-de-um-final-feliz.html
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Ida 09/11/2014

Em busca de um Final Feliz
O livro Em busca de um final feliz, mostra a fiel realidade pelas quais passam algumas das pessoas que vivem na miséria.

A jornalista e escritora Katherine Boo, escreveu seu livro a partir de uma realidade vivenciada por ela mesma, foram 03 anos e meio de observações, entrevistas, filmagens, reportagens, investigações e constatações, o resultado do seu trabalho, é este livro, uma história real com personagens reais.

A narrativa do livro, foi desenvolvida a partir de relatos de alguns moradores de Annawadi, uma favela que fica a pouco mais de 200 metros do Aeroporto Internacional de Mumbai na Índia, uma área contemplada por luxuosos hotéis que, assinala ainda mais a grande desigualdade social de um país com uma das maiores economias do mundo em contra partida sendo um dos países de maior miséria, fome e abandono social.

Neste contexto, Katherine Boo, desenvolve seu livro narrando o cotidiano desses moradores, o ponto de partida do livro é a família de Abdul Hakim Husain, são no total 11 pessoas e Abdul um jovem que passa todo o seu tempo no trabalho de reciclagem de lixo, vive numa busca incessante pela sua sobrevivência e da sua numerosa família. Conhecemos adiante Asha Waghekar, uma mulher que a partir de contatos dentro e fora da favela, foi gradativamente ocupando uma certa função para os moradores da favela, com seus contatos com um partido político, denominado Shiv Sena, ela passa a desenvolver diversas atividades de assistencialismo social para seus vizinhos, na verdade tudo que era realizado dentro e fora da favela tinha um valor a ser pago e Asha estava feliz por entrar nesse negócio, pois assim poderia ajudar principalmente sua própria família.

Asha tem uma filha, Manju, a única jovem na favela que cursa uma faculdade, orgulho para sua mãe, na qual quando a mesma não está estudando fica em casa realizando os afazeres domésticos enquanto sua mãe mantém seu assistencialismo nas ruelas de Annawadi. Outra moradora retratada é Fátima, a Perna Só. Ela, é uma mulher deficiente, que vive com o marido e duas filhas pequenas, uma pobre mulher, mais uma dentre tantas pessoas desafortunadas desse pobre bairro, uma pessoa mergulhada em sua própria ignorância e sufocada pela miséria que consumia não somente a ela, mas a todos, busca a todo custo chamar a atenção de seus vizinhos, sua frustração por sua deficiência a faz ter atitudes estranhas e questionadoras por todos que a conhecem, a não aceitação da sua deficiência e a inveja que ela nutre, principalmente pela família Husain é latente e com certeza a conduzirá a não ter um final feliz.

Dentre estes personagens reais comentados acima, ela nos apresenta muitos outros, que completam um quadro de disparidade social gritante e deprimente, a história de Abdul, Asha, Manju e da Perna Só, são apenas uma breve introdução de uma triste realidade que assolam a tantas pessoas espalhadas por todo este mundo e que estão entregues à própria sorte. Ao se falar de um final feliz, o que essas pessoas sentem e pensam a respeito?

O contexto da miséria é muito mais complexo, desumano e devastador, Katherine, no decorrer de seus relatos, mencionam como a polícia, a política, os órgãos públicos, judiciários, carcerários, hospitais, etc..etc, enfim, todos, envolvidos numa corrupção de proporções inimagináveis, onde a bomba maior explode sempre do lado dos mais fracos e para a explorada e abandonada Annawadi, com certeza não seria diferente.

Contudo, finalizo dizendo que o livro é sim uma ótima leitura, nos faz pensar e analisar as questões sociais que afligem a tantas pessoas pelo mundo afora, e principalmente nos conduz a uma breve reflexão do nosso papel dentro dele.
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Ericona 11/10/2014

Em Busca de um Final Feliz, livro que levou o maior prêmio literário dos Estados Unidos, o National Book Award, na categoria não-ficção. Katherine é uma jornalista investigativa, muito bem conceituada por seu trabalho extremamente honesto e bem feito. Segundo as minhas pesquisas, Boo ganhou um Prêmio Pulitzer no ano 2000, pela sua cobertura sobre o estado lastimável dos locais públicos que tratam de deficientes intelectuais. Ainda não tive oportunidade de conhecer esse trabalho dela, mas tive, felizmente, contato com o seu livro de não-ficção sobre a vida, a morte, a esperança e uma outra gama de sentimentos sobre os moradores da Annawadi, uma das muitas favelas indianas. Livro cedido a mim pela Editora Novo Conceito, parceira do blog. Não é a mais populosas da Índia nem a mais pobre, de acordo com o que pesquisei, no entanto a dura realidade vivida por seus moradores é tão contundente quanto qualquer outra, de qualquer outro local.
Katherine retrata a realidade dos moradores de Annawadi tal como ela via, sem maquiagem, sem eufemismo, mas, em compensação, com muita sensibilidade. Os moradores de Annawadi, uma favela escondida, por trás do aeroporto e hotéis luxuosos de Mumbai, visualizavam a disparidade do luxo que era ostentado bem "nos seus narizes" e, no fundo, se imaginavam saindo da miséria e ter a chance de desfrutar, mesmo que em uma dose menor, toda aquela vida glamourosa que se dava a poucos metros deles. Boo tem o dom de captar até mesmo o que não pode ser captado pelo olhar ou a lente da sua câmera fotográfica.
Entre tombos na lama do esgoto a céu aberto de Annawadi, nas suas horas de filmagem do cotidiano da favela, e repetidas entrevistas com os moradores do local, Boo construiu uma história que causa comoção, compadecimento, ira e revolta.
Pode-se verificar que aqueles moradores vivem no limite: ignorados pelo sistema corrupto, pelo governo que, além de não garantirem o mínimo possível para que eles tenham uma vida digna, no sentido de terem os seus direitos assegurados, de moradia, saúde e segurança, ainda os extorque ao máximo. Devido a essa corrupção desmedida e cruel, os moradores passam a ver nos outros um rival, alguém que também deve ser extorquido, porque vence o mais esperto, ganha as batatas quem tirar maior vantagem dos outros. E quando digo isso, não os culpo, porque eles não conheceram outra vida. É o meio pelo qual eles entendem que podem sobreviver, que podem resistir num sistema tão implacável. Destroem-se uns aos outros não pelo prazer de serem cruéis, mas sim porque entendem, que, por tudo que já viveram, é o único modo de seguir adiante.
É difícil "manter-se gelo" (se vocês lerem, entenderão essa expressão usada por Abdul) quando fazem de tudo para que você derreta e seja mais um deles. É difícil ser bom e justo quando o sistema massacra tudo, com sua sanguinolenta (usarei agora um termo muito usado pela minha amiga Jaci, do blog Uma Pandora e Sua Caixa) política.
Por tudo que disse aqui, creio que vocês puderam perceber que não é um livro fácil, no sentido de ser uma distração do cotidiano, abstração dos problemas ou coisa que o valha. É um livro extremamente válido, por jogar na nossa cara uma realidade que muitas vezes a gente conhece, na teoria, mas que não paramos para pensar de verdade e denunciar, seja por meio de um livro, seja por meio de um movimento de revolta, de exigência de mudanças. Ninguém quer viver à margem da sociedade, porque é duro, é cruel, é impossível, é deprimente. As pessoas querem ter oportunidades, querem ser vistas como gente. Porque, pelos relatos de Boo, a maior parte dos moradores de Annawadi se sentem à parte do mundo. Cada um deles, por consequência do modo bruto e nada amistoso como são tratados pelo sistema policial local, calcula a sua vida como sem importância alguma. Durante o livro, temos a tristeza de conhecer como funciona o policiamento de Mumbai. As coisas funcionam à base de ameaças, de extorsão e morte.
Fátima, a annawadiana de uma perna só, extremamente vaidosa e tão carente de afeto e atenção. Por um momento a detestamos por ela culpar e castigar quem não tinha nenhuma culpa pela sua desolação e mazelas. Porém, ao mesmo tempo, se formos analisar a sua infância e toda a sua vida, de maneira cautelosa, podemos entender, ainda que minimamente, as suas ações. Quando digo entender, não digo que isso justifica fazer o que ela fez. Porém, não podemos colocar as "Fátimas" da vida num poste e linchá-las até a morte. Esse não é e nunca será o caminho. Abdul, um menino retraído, que não conhecia nada da vida a não ser um trabalho, precisou conhecer os outros lados da vida e ampliar a sua visão de mundo em decorrência de uma terrível injustiça pela qual passou. A vida às vezes lança peças em nós que verdadeiramente não são justas, porém, de um modo louco e inexplicável, nos faz crescer e maximizar o que conhecíamos por vida. Asha, mulher que deixou que seu coração fosse ressecado pelas as suas vivências na infância e adolescência, o que a tornou uma mulher extremamente racional e inescrupulosa. Manju, filha de Asha, cheia de sonhos, mas, sempre que as suas asas parecem surgir, é impedida de voar por não ter ousadia de peitar o sistema e o que quer que seja para ser quem ela quer ser. Sunil, um garoto inteligentíssimo, que tanto queria ser feliz, sair da favela, para ter uma condição melhor de vida. Acabou que esse menininho passou por maus bocados, trilhou por caminhos tortos até poder voltar ao caminho correto, ainda que seja o caminho mais rechaçado pelo sistema regente em Mumbai.
Poderia falar com mais detalhes de cada um dos personagens. Todos, à sua maneira, me tocaram e ficaram em minha memória. A miséria, a fome, o trabalho incessante, que dava um lucro tão pouco, mas tão pouco, que mal dava para aquela gente se alimentar.
Katherine falou de favela, de pobreza, mas, sobretudo, de seres humanos, que, ainda que destituídos de riquezas materiais, tentam preservar um fiapo de esperança em dias melhores em seus corações e, principalmente, são inteligentes, criativos e dão o seu jeito de sobreviver em meio ao caos.
Esse livro de não-ficção é indicados para mim, para você e para todos que não temem conhecer uma realidade dolorosa, mas, principalmente, real e que precisa ser mudada. Não porque ser pobre é feio. Não há nada de errado em ser pobre, a não ser pela pobreza, pela falta de oportunidades, pela luta desumana para sobreviverem. A pobreza deve ser combatida porque todos, todos sem exceção, merecem ter seus direitos garantidos. Os governantes nos devem isso. É uma tarefa difícil? Sem dúvida, especialmente quando a corrupção impera. Nós também temos a nossa parcela de culpa pela corrupção e desmandos do governo imperar. Quando nós nos dermos conta da força que temos, e, unidos, lutarmos contra quem não quer mudar a nossa realidade, talvez possamos fazer um mundo melhor.

site: http://ericaferro.blogspot.com.br/2014/04/resenha-em-busca-de-um-final-feliz.html
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Joislan 07/10/2014

Uma triste realidade
O Livro da Autora Americana, Katherine Boo, é um conjunto de relatos sobre a vida dos moradores de Annawadi, favela localizada nos arredores do Aeroporto Internacional de Mumbai, na Índia. A autora conviveu durante algum tempo com esses personagens, colhendo seus relatos e histórias, testemunhando a luta diária daquelas pessoas pela sobrevivência em meio a lama e o lixo, vendo como faziam para conseguir um pouco de "conforto" em seus barracos, de onde tiravam seu sustento e como lidavam com as autoridades locais. Katherine viu a corrupção, a ganância, a fome e a miséria que movia aquelas pessoas na busca diária por uma vida melhor. E conseguiu, competentemente, colocar essa experiência em linhas, nos puxando para dentro dessa triste realidade, para mostrar o quanto reclamamos de barriga cheia e não damos o devido valor ao que temos.
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