Quando soube que a Geração lançaria a trilogia da autora Amy Kathleen Ryan fiquei muito ansiosa e passei a observar os lançamentos da editora mês após mês com ansiedade. Como grande fã de histórias que se passam no espaço e com tão pouco número de livros lançadas nesse cenário é fácil entender porque estava esperando a história. Apresentando uma trama que desconstrói a relação humana com a vida e o poder a autora consegue mais do que uma space opera, uma ficção-cientifica rica e bem articulada.
Waverly estava com sentimentos estranhos desde que o boato que Kieran iria pedi-la em casamento surgiu. Ela sabe que como um dos casais mais novos da nave é obrigação deles se casar e ter filhos. A Empyrean funciona assim desde que eles partiram da terra e sua mãe ainda era jovem. Agora é a vez de Waverly casar e Kieran sendo o garoto de ouro que todos sonham ela não entende sua própria hesitação. Desde que a New Horizon surgiu ao lado deles as coisas estão tensas. Por que a outra nave desacelerou para encontrá-los? O capitão não fala nada e nem mesmo Kieran que trabalha com eles sabe o que está acontecendo. Quando uma explosão ecoa pela Empyrean e Waverly, se vê com diversas outras garotas no meio de tiros e gritos ela sabe que tem algo errado. Carregada a força para a New Horizon Waverly desconfia que o que houve que sua nave não foi um acidente. A líder, como a capitã da New Horizon gosta de ser chamada, diz que a Empyrean foi perdida e que todos morreram, mas Waverly sabe que é mentira pelo que estudou sobre as naves. A primeira coisa que Waverly percebe é o culto cego que os habitantes da New Horizon tem em Anne Mather, que manipula a todos com religião e a segunda coisa é o aterrorizante fato de que não há crianças na nave. Essa confirmação faz Waverly estremecer. O que Anne Mather quer com todas as garotas da Empyrean? Por que as mantem separadas? E mais importante, onde estão seus pais e sua nave? Enfrentando um inimigo dissimulado e calculista, Waverly precisará de toda a astucia e força para descobrir essas respostas antes que seja tarde demais para todas as garotas da Empyrean...
É a partir dessa premissa que a autora desenvolve a trama. Dividida entre os pontos de vista de Waverly e Kieran acompanhamos os dois lutando para encontrar suas respostas. Enquanto Waverly luta na New Horizon, Kieran precisa lidar com o caos que se abate na Empyrean após o sequestro das garotas e o súbito desaparecimento de vários adultos e de uma das naves auxiliares. Desenvolvendo tanto a trama como seus personagens enquanto apresenta um mundo de conceitos fascinantes a autora consegue uma trama perspicaz que vai além do espetacular cenário de batalhas espaciais. Com descrições pontuais e uma ambientação rica e crível Ryan consegue instigar o leitor desde o princípio discutindo temas como o poder de manipulação que a fé cega em algo pode ter sobre pessoas comuns.
Waverly é uma protagonista que cresce muito desde o começo do livro, mostrando-se mais inteligente e intrigante do que suposto em um primeiro momento. O que ela vive a bordo da New Horizon muda tudo o que ela sempre imaginou para si e sua realidade nunca mais será a mesma. Já Kieran é uma protagonista ambíguo e que pelo desenrolar da história mostra que nem tudo é o que parece. Ryan se mostra uma grande escritora por conseguindo trazer intrínseco a trama discussões bem interessantes em um livro jovem adulto. A forma como construiu uma ponte entre religião, fé e ciência é fascinante, assim como a maneira que ela lidou com a parte de diversas garotas reféns para procriar. O que ela faz nesse ponto vai surpreender o leitor que estava esperando o óbvio. Misturando batalhas por sobrevivência e poder a autora dita em um ritmo forte o tom da trama, que encerra amarrando bem as pontas enquanto abre novas perguntas assustadoras e sombrias na vida de todos os que vivem em ambas as naves.
Leitura rápida, fluida, com trama que instiga tanto pelo cenário fascinante como pela trama surpreendente, e pelos personagens complexos. Amy Kathleen Ryan mistura com harmonia e perspicácia ficção-científica no melhor estilo space opera com o desenvolver de um tema que coloca na balança poder, religião e fé, até onde o ser humano é capaz de usar a religião para conseguir poder e até onde a crença do outro vai. A edição da (...)
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