Luan 04/04/2015
Um desfecho satisfatório para uma série que deixou a desejar
O aguardado desfecho de uma das trilogias mais festejadas da década não agradou grande parte do público leitor, tampouco os fãs mais vorazes da série. Eu, como alguns devem saber, não esperava muito pelo último volume, até porque me decepcionei com a série - embora Insurgente tenha se mostrado um pouco mais profmissor do que Divergente. E confesso que ao acabar a leitura de Convergente não entendi porque tamanha insatisfação com o encerramento da história da Chicago futurista.
Neste terceiro e último volume - na verdade, penúltimo porque um quarto livro "bÔnus" já foi lançado - Tris e seus chegados passam a conviver com a dúvida e insegurança gerada pela revelação de Edit Prior: a um mundo enorme do lado de fora dos muros que protegem a cidade e é chegada a hora dos moradores de Chicago se juntarem aos demais. Mas nem todos estão de acordo com a ideia, como é o caso da super mãe do ano, Evelyn-Sem-Facção-Mãe-do-Tobias. Ela não medirá esforços para se tornar a líder de Chicago e restabelecer as facções da forma que conhecemos.
Mas há quem realmente tenha se fascinado com a revelação da antepassada de Tris, e queira realmente sair dessa Chicago e descobrir mais verdades do que simples aquela mensagem gravada por Edit: estes são os Leais. E, apesar de algumas resistências e dificuldades, um grupo, entre eles Tris e Tobias, passarão pelo portal que divide os dois mundos e a partir daí revelações incríveis - nem tão incríveis assim, vai - serão descobertas.
E eu fiquei bastante satisfeito ao ver que realmente pelo menos alguns dos moradores sairiam da cidade. Inicialmente, fiquei bastante apreensivo com a possibilidade de que a maior parte do livro se passasse dentro de Chicago - seria uma baita enrolação e um convite a eu não chegar ao fim das 520 páginas da história. Bem, de forma geral, achei um bom livro - não necessariamente uma boa história, mas pra quem consumiu os dois primeiros livros, esse tá de ótimo tamanho.
Uma série com várias incoerências não chegaria ao fim dela ilesa a isso. É claro que muita coisa não se encaixa. - SPOILER - Como infiltraram a mãe da Tris no experimento assim, do nada, e ninguém contestou que uma adolescente surgisse do nada na cidade??????????????????? Se alguém me explicar,a gradeço. Mas, voltando. Ainda estou tentando entender o que explica tamanha revolta da maioria dos leitores. A série toda teve vários problemas.
Desde o início se percebeu que a criação da história foi feita as pressas e sem pesquisa por uma escritora novata. E deu certo. E sob esta perspectiva, o último livro se saiu muito bem. Eu, sinceramente, esperava menos. "Ah, mas você viu a reviravolta toda na história? Não condiz com nada do que foi mostrado antes". Vi e concordo que foi um pouco exagerada essa saída escolhida por Veronica - essa história de gene puro e danificado, eu hein! Eu até tenho pensado que quando ela começou a criar Divergente não fazia ideia de como acabar e preferiu deixar a preocupção pro momento de escrever o desfecho mesmo - sim, não parece algo muito programado.
Mas superado isso, o livro mostra a evolução mais que aparente da escrita de Veronica. A leitura flui muito melhor por vários motivos: a melhor da escrita, muita ação - o que não quer dizer luta ou briga e sim acontecimentos - , e várias revelações. Os personagens, por incrível que pareça, estão mais interessantes. Até Tris e Tobias, quem diria? Li o livro em poucos dias dentro da minha programação. E me entusiasmei conforme a história avançava - oh, que isso, o que fizeram com o Luan??
Sim, quero dizer que gostei sim do último volume - principalmente com aquele último recurso que causou ainda mais revolta aos fãs, mas que eu tanto comemoro quando algum autor tem a coragem. Gostei dentro da perspectiva do que me foi apresentado nos outros dois livros. A história, por si só, funcionou e repito, mesmo com todas as incoerências e exageros de Veronica.
Se lhes interessa: até reconsiderei dar uma nova chance a ela e pretendo ler a nova história que ela está criando e deve ser lançada em 2017 - uau, que avanço, hein, Luan? A diagramação ficou dentro do que os outros dois volumes nos apresentaram - letras grandes, páginas amarelas, boa revisão, capítulos médios. A Rocco normalmente não nos decepciona. Ah, e agora a história é narrada por dois personagens: além de Tris, temos a perspectiva de Tobias - por motivos óbvios e quem leu já sabe o que motivou a autora a realizar esta mudança.
Enfim, para a série toda, daria três estrelas. Para o último volume, dou quatro. E deixo a dica: Veronica, escreva com mais calma, pesquisa, leia, releia, converse, busque inspirações. Não construa simplesmente uma história, recorrendo ao gênero da moda - distopia, no caso - para se tornar fenômeno de vendas como foi com essa. Você mostrou que pode ir além.