Menezes 15/09/2009
Cade a corrupção?
Um casal espera as 7:15 em rodoviária, o horário de partida de um ônibus que vai levá-los a uma outra vida longe dos prolemas da capital, mas não estamos diante de um romance de evasão e sim dos momentos que precedem essa evasão tão buscada, principalmente, por nós, paulistanos, e como a estrutura promete não vamos sair desse terminal até o final do romance. É quase que predomina e é o quase que falta para ele se tornar inesquecível.
Se fossemos classificar estaríamos diante daquela literatura que vai se concentrar em um momento só para destrinchar questões fundamentais, no caso são as duas horas que vão anteceder a partida do casal. Por que eles estão fugindo? Pra onde vão? São as duas questões que podem assombrar no primeiro capítulo, mas logo na orelha ou no segundo capítulo já sabemos que ele é um executivo corrupto e que estão indo para o interior depois de um escândalo, mais especificamente para a casa da sogra, a mulher não quer ir pois criou uma vida na capital, a filha é muito inocente em suas 5 primaveras e ama demais o pai, essas pequenas tensões vão se acumulando para explodir principalmente pois há um amante na história para apimenta esse romance que é quase que uma análise naturalista da vida conjugal, o que Rodrigo Lacerda faz brilhantemente ao que se propõem, mas que ainda assim, deixa no ar que poderia ser amis interessante.
Em primeiro lugar, porque temos um ótimo primeiro personagem, o marido, que é corrupto, e por incrível que pareça NÃO TEMOS personagens corruptos interessantes na nossa literatura tupiniquim e o que poderia render algo mais interessante que uma briga conjugal, mas vai ficar adormecido, sendo que em um plano mais geral ele meio que vai eximir até o final do romance.
Depois a tensão explode e depois já se encaminha numa resolução, o que poderia se transformar em um épico se resume a um romance bem simples.
A melhor parte do romance é em demonstrar como um pai pode ser o elemento de união, que realmente ama a filha e ao contrário da mãe, como tal se apresenta, pode ser o elemento que desestrutura a família, pode não amara a filha e pode querer uma independência que não segue os padrões modernos. A mãe que na atualidade é o elemento de união e que representa a família, em Outra vida é colocada de lado, o que provoca uma inversão moral interessante mas que também fica no quase. Bem conduzido, com um lirismo coloquial muito bonito, mas que poderia ser melhor.
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