Israel145 07/09/2012A fantástica "continuação" de Tom Sawyer“As aventuras de Huckleberry Finn” é mais uma das fantásticas obras do escritor Mark Twain que li e guardei no local reservado para livros queridos no meu coração. Derivado diretamente do clássico “Tom Swayer” é um livro muito mais maduro e bem construído que este, não desmerecendo “Tom” de forma alguma, pelo contrário. Quando resolvi ler “Huck Finn” foi pela singela curiosidade de fazer a comparação entre as duas obras, já que ambos estão ambientados na mesma época, com os mesmos personagens e o mesmo estilo. Qual o melhor dos dois? Difícil responder. Prefiro encarar “Huck Finn” como uma continuação que deu certo e que mantém a qualidade de “Tom Sawyer” com novos elementos enriquecedores das fantásticas aventuras dos dois garotos.
O livro em si, trata das peripécias de Huck Finn, um garoto vadio, porém auto-suficiente, que vive largado pela cidade vivendo intensamente a sua infância nas brincadeiras com os outros moleques da vila e se aventurando pelo rio Mississipi. Continuação direta do enredo de “Tom Sawyer”, mesmo tendo ficado rico no final do livro anterior e sendo adotado pela viúva, Huck continua relutando em ser civilizado e acaba arrastado pra uma vida de vagabundagem pelo pai alcoólatra. Mas o rumo da história muda quando Huck forja a própria morte e parte com Jim, um escravo fujão, em sua jangada se aventurando pelo rio e vilas à margem deste, se embrenhando numa divertida jornada, conhecendo os tipos mais pitorescos, vivendo as situações mais absurdas (e engraçadas) sempre se sobressaindo com sua inteligência e esperteza, embrenhado pelo interior de uma América fascinante retratada com cores vivas e sob a perspectiva de um garoto de 12 anos.
Todos os elementos que tornaram “Tom Sawyer” agradável aos olhos dos leitores estão lá. A narrativa do próprio Huck Finn torna a leitura prazerosa e engraçadíssima, pois é o tempo todo visto pela lógica de um guri dessa idade, que confere à obra um humor ácido e mordaz. Faz voltar no tempo e ter vontade de ser criança novamente. Incontestavelmente, Mark Twain é um dos maiores contadores de história da literatura universal. Muitas das histórias aqui contadas e personagens foram adaptadas da própria infância e aventuras de Twain. Segundo consta, definiu com essa obra, mesmo com esse viés humorístico, o romance americano.
Quanto à edição da Martin Claret (série ouro), esta vem recheada de “extras”, com uma mini-autobiografia de Twain (muito engraçada), um capítulo extra com o escravo Jim, o conto “a célebre rã saltadora”, um texto sobre a obra em si e uma biografia de Twain. Sendo esse livro, da até pra aturar o trabalho porco da editora, não vou entrar no mérito tradução, porque não leio em inglês pra comparar com os originais, mas pelo que se comenta sobre a obra, Twain utilizou pelo menos 7 dialetos diferentes falados na região à época. Grande chance de isso ter se perdido na adaptação pro português.
Lembrando que Twain retomou ainda mais algumas vezes os personagens em outros romances. Recomendo muito esse livro!