Mari 05/10/2010
Hamlet, uma complicada... garota?
Um dos personagens mais conhecidos da literatura inglesa é, sem dúvida, o príncipe Hamlet. A história era uma lenda islandesa do século XIII, que ficou mundialmente conhecida graças a William Shakespeare, que, no primeiro ano do século XVI, escreveu a genial peça de teatro “Hamlet, o príncipe da Dinamarca”.
A história fala sobre um príncipe impulsivo de nome Hamlet, que teve seu pai morto. Pouco tempo depois, sua mãe casara-se com o irmão do rei, Cláudio, que passou a ser o novo rei da Dinamarca. Quando o espectro do pai contou a Hamlet que fora assassinado por Cláudio, o príncipe lançou mão de uma falsa loucura e usou artimanhas impressionantes, procurando uma confissão e, posteriormente, sua vingança. A partir disso, seguiu-se uma série de tragédias.
Hamlet é, certamente, um dos personagens masculinos mais complexos e difíceis de interpretar. Mas e se Hamlet fosse uma mulher, ou melhor, uma garota? E se o príncipe dinamarquês fosse uma adolescente problemática dos dias de hoje? A história seria diferente ou teria o mesmo desfecho trágico escrito por Shakespeare? Talvez sim, talvez não... Provavelmente foi nisso que Pedro Bandeira pensou ao fazer sua analogia ao clássico inglês, no livro “Agora Estou Sozinha...”. Nesse livro, a personagem principal é Telmah, uma adolescente que teve sua mãe assassinada pela mulher que, algum tempo depois, casaria-se com seu pai. Assim como aconteceu com Hamlet, o espírito assassinado conta à Telmah a verdade, pedindo vingança. A partir disso, o mesmo: uma loucura fingida, um exílio, um teatro e um desfecho, trágico, porém, diferente.
Como uma alusão a Hamlet, o livro saiu-se muito bem, apresentando a mesma história e o mesmo perfil dos personagens. Ao passo que Hamlet ama Ofélia, Telmah ama Tiago; Hamlet é enviado à Inglaterra, Telmah é internada num hospício; Hamlet deve vingar-se de Cláudio, e Telmah, de Alice.
O livro traz aspectos interessantes da história original, porém, numa linguagem simples e compreensível ao público mais jovem, o que pode até ocasionar a atração dos leitores de “Agora Estou Sozinha...” para outras versões de Hamlet – como adaptações, por exemplo – e até para a obra original.
Além dessa linguagem mais simples, o autor lançou mão da narração dos fatos de forma cronologicamente diferente, e, no final, mudou a tragédia habitual para uma ‘pequena tragédia’. Destinado ao público juvenil, que está começando a conhecer a literatura clássica – em todas as suas vertentes -, “Agora Estou Sozinha...” prova que um complexo personagem masculino pode sim se tornar uma adolescente dos tempos atuais.