O enigma de Espinosa

O enigma de Espinosa Irvin D. Yalom




Resenhas - O Enigma de Espinosa


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Christiane 24/07/2021

A história do filósofo judeu que influenciou uma das maiores mentes nazistas.

Yalom é um terapeuta e psiquiatra que escreveu vários livros, entre eles alguns se utilizam dos filósofos como Niestzsche e Schopenhauer e agora Espinosa para nos ajudar a compreender a mente e o psiquismo do ser humano, além de proporcionar através de uma leitura gostosa uma introdução a estes que são considerados grandes filósofos e para muitos difíceis de compreender ao se ler os livros que eles mesmos escreveram.

Neste aqui é Espinosa, o filósofo judeu holandês que é mais conhecido pela sua excomunhão do que pela sua filosofia, até porque ler A Ética não é tarefa fácil. Yalom desejava escrever sobre ele mas não encontrava a maneira de fazê-lo até que foi à Holanda e visitou o museu do filósofo, com a esperança de encontrar lá algo que pudesse lhe permitir escrever sobre ele, mas foi ao ouvir seus acompanhantes falarem sobre o problema de Espinosa e sobre o nazismo que ele acabou encontrando seu material para a escrita.

Soube nesta ocasião que a ERR, a força tarefa nazista que se incumbiu de saquear as obras de arte para o Reich havia ido lá especialmente para pegar os livros de Espinosa. Yalom então recria esta história misturando história e ficção, e tentando imaginar porque Alfred Rosenberg, que chefiava a ERR poderia querer estes livros e qual era o problema.

Trabalhando com dois tempos, o de Espinosa no ano de 1656 e com Alfred no tempo antes e durante a Segunda Guerra Mundial ele traça um panorama da história dos judeus e também do racismo e antissemitismo, além da filosofia de Espinosa que neste livro se torna acessível.

Yalom vai além pois é um psiquiatra, e tenta desvendar a mente e o psiquismo destas duas figuras históricas, e para isto cria dois personagens fictícios, Franco no caso de Espinosa e Friedrich Pfister para Alfred.
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Sophia1534 16/05/2021

O mais fraco da trilogia
Deixei por último este livro após ter devorado os outros dois algumas semanas atrás. De todos, é o mais fraco, mas não deixa de ser brilhante.

A narrativa alterna entre a história de Bento Espinosa, filósofo do século XVII, e Alfred Rosenberg, uma figura influente do círculo nazista de Hitler. As partes de Rosenberg eram um pouco entediantes e achei que a conexão entre o filósofo e Alfred foi meio... nada a ver. Pareciam apenas duas histórias paralelas enfiadas num mesmo livro, tangenciando-se aqui e acolá.

As partes de Bento eram maravilhosas, cheias de diálogos instigantes e esclarecedores. Fiquei apaixonada pela filosofia de Espinosa e com certeza vou tentar me aprofundar mais nos seus escritos.

No geral, o livro peca em tentar reproduzir a mesma dinâmica dos outros 2. É muito descritivo, os fatos históricos atrapalham o andamento da leitura em vez de auxiliá-la. Ainda assim, a introdução aos pensamentos de Espinosa é feita de modo impecável, um prato cheio para leigos e amantes da filosofia.
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Araceli 08/03/2021

Um dos meus livros preferidos.
Este é um dia meus livros preferidos da vida e Espinoza meu filósofo mais encantador.
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Josi 01/02/2021

Mais um livro incrível do Yalom
Em mais um romance impecável Yalom nos leva pra duas épocas diferentes da história: uma na qual acompanhamos parte da vida de Espinosa e outra na qual acompanhamos a problemática relação de um porco nazista com as refinadas ideias do filósofo. O tratamento psicológico dados aos personagens (incrível, pois psiquiatra e ex terapeuta) nos leva pelos meandros da mente humana e nos dá várias perspectivas à respeito de uma mesma situação. Ainda não tinha tido contato com Espinosa, foi uma ótima porta de entrada para conhecer suas ideias, realmente uma personalidade muitos séculos à frente do seu tempo. De brinde ganhamos um pós escrito onde o autor nos apresenta o quanto de fato histórico ele trouxe para o seu texto (o que é empolgante demais por si só), o que é ficção e o que o orientou a levar a história pra esse ou para aquele lado. É só o segundo livro do ano, mas com certeza vai estar no pódio dos melhores de 2021, leitura recomendadíssima!
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Bruno 22/01/2021

Excelente escolha do autor na construção da narrativa
O livro surpreendeu muito. Apesar de ja ter lido outros dois livros do autor esse é o que tem a melhor forma de narrativa. O jeito criado pelo autor na construção da narrativa foi muito criativa e deixa a leitura fácil e gostosa. Excelente livro, muito enriquecedor!
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Ayrtonmcn 01/12/2020

A paixão pela razão
O livro acompanha dois personagens históricos: Baruch Espinosa, um judeu que seria banido da sua religião por suas ideias contrárias às crenças e costumes judaicos, mas que também se aplicam a outras religiões, e Alfred Rosenberg, principal ideólogo do antissemitismo nazista.

Os dois personagens estão separados por aproximadamente 260 anos na história, mas o autor utiliza-se de uma única ligação entre ambos para dar origem ao livro: durante o período nazista a força-tarefa criada por Rosenberg confiscou a pequena biblioteca de Espinosa mantida na Holanda e foi escrito em relatório que ela poderia ajudar no estudo do “problema de Espinosa”.

Quando resolvi ler “O Enigma de Espinosa” fiz com a intenção de ser apresentado aos pensamentos de Espinosa. Confesso que não conhecia absolutamente nada a seu respeito.
A forma como Irvin D. Yalom escreve seus romances, explorando as ideias e os pensamentos de personagens históricos através de situações hipotéticas, mas tendo como pano de fundo acontecimentos reais, é impecável e favorece esse primeiro contato.

Bom livro!

“Creio que, quanto mais pudermos conhecer, menos coisas haverá que só Deus conheça. Em outras palavras, quanto maior for a nossa ignorância, mais coisas atribuiremos a Deus.”
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Bianca 26/11/2020

Excelente
Livro narrado pela ótica de dois personagens e em dois tempos distintos, o filósofo judeu Bento Espinosa e o anti-semita Alfred Rosemberg. Ambos personagens reais que tiveram suas narrativas criadas para ilustrar esse brilhante livro. Controverso e contestador, me despertou o interesse pela filosofia.
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Rafael 01/11/2020

APAIXONANTE
É um romance tão bom que eu já reli ele umas mil vezes .
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Elania 12/04/2020

O enigma de Espinosa
Irvin D. Yalom
@editoraagir / 201

"A história é a ficção que aconteceu. A ficção é a história que poderia ter acontecido." ANDRÉ GIDE .

É essa a base dos livros de Irvin D. Yalom, um dos meus autores favoritos.
Irvin traz grandes personalidades para suas obras com grande maestria e mescla isso com fatos históricos e conhecimento profissional e intelectual. .
.
Em o *Enigma de Espinosa* ele aborda fatos ocorridos na vida de Espinosa intercalado com a vida de Alfred Rosenberg.

ESPINOSA - filósofo que foi excomungado da sua comunidade religiosa (judaica) por apresentar ideias diferentes acerca de Deus.

ROSENBERG - alemão, nazista, antissemita que desde cedo sempre carregou um ódio irracional para com os judeus a ponto de se aliar a Hitler. Um parasita sem personalidade e que vivia de migalhas de reconhecimento por parte do Seu ídolo.

Comentários
O livro é maravilhoso....não poderia ser diferente. E como todos os outros livros que li do Irvin, esse também nos traz grandes personalidades, grandes histórias, muita reflexão e conhecimentos históricos, filosóficos e como Irvin aplica sua área de conhecimento -a psicanálise.

#books #psicanalise #2guerramundial #filosofia #psicologia #judeus #nazismo
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jota 26/03/2019

Ataraxia...
Irvin D. Yalom se vale de documentos históricos e recursos ficcionais para retratar dois personagens que existiram de fato, um do bem e outro do mal: o filósofo português de origem judaica nascido na Holanda, Baruch (ou Bento) Espinosa (1632-1677), e Alfred Rosenberg (1893-1946), conselheiro de Hitler e o principal teórico do nacional-socialismo. Mais de trezentos anos separam os dois homens; a conexão entre eles se deu através de outro famoso escritor e pensador, o alemão Johann Wolfgang von Goethe, ou simplesmente Goethe (1749-1832), grande admirador de Espinosa.

Resumindo bastante a trama de O Enigma de Espinosa: Rosenberg, para quem Goethe era uma das maiores expressões da raça e do pensamento ariano, não conseguia entender como o gênio alemão pudesse um dia ter admirado Espinosa, se inspirado na filosofia de um membro da raça inferior que os nazistas estavam determinados a exterminar não apenas na Alemanha, mas da face da Terra. Toda essa história nos é contada por Irvin D. Yalom num volume de cerca de quatrocentas páginas dividido em trinta e três capítulos, um epílogo e mais um adendo: Fato ou Ficção? Esclarecendo as Coisas. Nos capítulos ímpares temos a história de Espinosa, nos pares, a de Rosenberg, tudo muito fácil de acompanhar. E sempre narrado de modo interessante.

Quem leu o best-seller Quando Nietzsche Chorou não vai estranhar tanto assim essa outra narrativa de Yalom. Se as ideias nazistas todos conhecemos facilmente e as abominamos, Espinosa, no entanto, não é um filósofo fácil de se ler e entender, tal qual Nietzsche. Através dessa obra Yalom resume os principais pontos do pensamento do autor de Ética e Tratado Político. Obras que o tornaram um dos mais originais pensadores do mundo ocidental, mas consideradas heréticas por muitos desde o início. Desse modo, Espinosa foi rejeitado por sua própria comunidade em Amsterdã e mesmo excomungado depois, com severas restrições. Suas principais ideias são aqui demonstradas didaticamente, através de diálogos mantidos com outros personagens (nesse caso eles são fictícios, mas podem ter ocorrido, conforme é destacado no adendo Fato ou Ficção) ou da reflexão do próprio personagem.

Espinosa em certa medida é um pensador cartesiano, pelo modo de expor suas ideias, mas outro filósofo, porém da Antiguidade Clássica, o grego Epicuro, é que é citado muitas vezes por tê-lo influenciado com seu conceito de "ataraxia", que seria a obtenção do prazer mediante a prática da virtude, que acreditava ser o único bem superior do homem. Espinosa nunca se casou, vivia e se alimentava simplesmente, fabricava lentes para microscópios e telescópios para se sustentar, sobretudo almejava a paz de espírito, a tranquilidade, a calma, a eliminação das preocupações, da ansiedade (todos sinônimos de ataraxia), buscava insistentemente esse estado de coisas para si. No entanto ele é considerado um filósofo revolucionário, um demolidor de superstições (basicamente de crenças religiosas) porque não acreditava, entre outras coisas, que o Antigo Testamento pudesse ter a antiguidade que lhe conferia a tradição teológica.

Segundo ele a Bíblia não passava de uma série de livros escritos por homens e não uma obra de revelação divina. E Deus, quem seria? Deus é Natureza e a Natureza é Deus, substância única. Neste trecho, através de Yalom, claro, Espinosa explica a um seguidor o que entende por Natureza (Deus):

“Não me refiro a árvores, florestas, relva, oceano ou qualquer outra coisa que não seja feita pelas mãos do homem. Refiro-me a tudo que existe: a uma unidade perfeita, absolutamente necessária. Por “Natureza” designo o que é infinito, uno, perfeito, racional e lógico. A causa imanente de todas as coisas. E tudo que existe, sem exceção, funciona de acordo com as leis da Natureza. Portanto, quando falo de amor à Natureza, não estou me referindo ao amor que você sente pela sua esposa ou pelo seu filho. Estou tratando de uma forma diferente de amor, um amor intelectual. Em latim, a formulação que adoto é Amor dei intellectualis.” Entendeu?

Desse modo, não existe criação, Adão e Eva, e mais: religião não combina com filosofia e quando aliada ao Estado a religião constitui uma ameaça à liberdade de pensamento, acreditava Espinosa. Com esse ponto o nazista Rosenberg concordava plenamente, com outros também, vamos descobrindo durante a leitura. Quando da invasão alemã da Holanda ele se incumbe de saquear a biblioteca de Espinosa, quer conhecer e possuir todos os volumes que o filósofo reverenciado por Goethe teve em mãos um dia, resolver o enigma que dá título a mais um saboroso livro do psiquiatra e escritor Irvin D. Yalom.

Lido entre 19 e 26/03/2018. Minha avaliação: 4,5.

coisas_lidas 23/07/2019minha estante
Resenha exemplar. Parabéns.


jota 23/07/2019minha estante
Obrigado!




Alves 26/02/2019

Um encontro
Para quem deseja um breve encontro com o pensamento do filósofo da Ética, este livro é um ótimo começo
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Biblioteca Álvaro Guerra 11/05/2018

Nesse livro, o autor constrói uma narrativa que entrelaça ficção e realidade para investigar a vida de dois homens separados por trezentos anos - o filósofo judeu do séc. XVII Baruch Espinosa e o oficial nazista Alfred Rosenberg - , em um romance que explora as origens do bem e do mal, a filosofia da liberdade e a tirania do terror.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788522011803
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Val 22/11/2017

A Melhor Defesa de Deus.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a Minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Baruch Spinoza, ou Bento Espinosa em sua língua mãe, fundador do racionalismo e da moderna filosofia, sempre foi um contestador das religiões. Não por ser ateu. Ele sempre acreditou no Criador, mas de uma forma natural, pura, sem vícios humanísticos como a prevalente nas igrejas, templos e sinagogas. Filho de família judaica portuguesa, nascido e criado em Amsterdã, favorito do rabino por sua inteligência, desde cedo começou a contestar as cerimônias da sinagoga e a dar interpretações corretas, simples e racionais aos textos religiosos. Excomungado do judaísmo holandês, viveu como artesão, professor livre de teologia e como filósofo. Por seu racionalismo, fundou o criticismo bíblico moderno. Sua definição de Deus – abaixo reproduzida - deixa bem claro o posicionamento de sua escola. O difícil, sem dúvida, é contestá-lo sem esbarrar na religiosidade e, portanto, no sentimentalismo religioso e no interpretativo fantasioso.

Esta introdução faz-se imperativa para abordarmos mais uma obra excepcional de Irvin D. Yalom intitulada “O Enigma de Espinosa”. Este escritor judeu americano, psicoterapeuta e fascinado estudioso de filosofia que escolheu estudar medicina por se sentir mais perto de Dostoievsky ou de Tolstoi, não poderia deixar de ser, assim, um grande escritor.

De fato, nesta obra adentramos nas vidas de duas personagens centrais – e reais -, por um lado temos Bento Espinosa – como dito acima - e por outro, Alfred Rosenberg, um forte ideólogo e criador de algumas das principais crenças do Nazismo, com uma estranha fascinação por Espinosa. Ambos, com o liame do grande poeta Goethe como um enigma. Os capítulos vão alternando entre as vidas dos dois protagonistas e, ao explorar a de Spinoza, nos é permitido penetrar em seus pensamentos e ideias, como também mergulhar numa época conturbada, com a inquisição perseguindo os judeus por toda a Europa, mas especialmente pelos governos ibéricos e luteranos alemães. Já na abordagem da vida de Rosenberg, é explorada a sua personalidade e pensamentos, a sua interação com Hitler, além de episódios decisivos para a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha. A forma que o autor cria diálogos ficcionais entre as personagens (que retratam pessoas reais) é credível, a narrativa explora diversos tópicos, onde podemos encontrar filosofia, psicologia, teologia, historia e política, além de termos apresentada uma dualidade de conceitos, pelo meio da narrativa, e ainda nos deparamos com fatos históricos passados no século XVII e no século XX.


Desta forma, Yalom explora a mente de dois homens separados por trezentos anos, dois homens que mudaram o rumo do mundo, as vidas interiores de Espinosa, o virtuoso filósofo secular, e de Rosenberg, o ímpio assassino de massas. Yalom tem um talento único para personificar de forma inesquecível os maiores pensadores da História. Deixa-nos fascinados e os seus livros marcam-nos para sempre, como são o caso dos best-sellers “Quando Nietzsche Chorou” e “A Cura de Schopenhauer”.


O Deus cósmico e universal de Espinosa

Em seu “Livro I da Ética e no Tratado sobre a Religião e o Estado”, Espinosa delineia a sua concepção de um Deus despersonalizado e geométrico, contrária a todas as formas de se idealizar Deus como uma espécie de entidade, oculta e transcendente, que age conforme os seus desígnios e a sua vontade suprema. Vejamos:
“Pare de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pare de me culpar da tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho..., não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pare de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse, como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pare de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... Aí é que estou batendo dentro de ti.

Baruch de Espinosa (1632-1677)

site: http://contracapaladob.blogspot.com.br/
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




Cláudia 08/02/2017

Bento, Baruch, Benecditus? Tanto faz... Espinosa!
Eu já tinha conhecimento de algumas coisas sobre os pensamentos de Bento Espinosa, mas fui agradavelmente surpreendida com suas ideias. Há tanta coisa que concordo que podia jurar que em algum momento tínhamos nos encontrados e trocado experiências! Algo bom demais de se ler.
"O Enigma de Espinosa", de Irvin D. Yalom, Editora Agir, é um livro surpreendente, de natural beleza e ideias avançadas em pleno século XVII. Tão avançadas que esse judeu de raízes portuguesas foi descomungado da comunidade judaica proibido de ter qualquer contato com qualquer membro dessa comunidade, inclusive amigos e familiares! Nenhum judeu deveria ler o que ele escrevia ou chegar a menos de 4,5m da sua presença física.
Yalom faz uma ponte simultânea entre nosso filósofo e Alfred Rosenberg, um servo fiel de Hitler, antissemita e principal responsável pela política racial do III Reich.
Que interesse misterioso teria Rosenberg pelos livros do pensador à ponto de confiscar todos os exemplares do Museu de Rijnsburg (Holanda) e não queimá-los, como era de padrão? Por que foi alegado que aquelas obras serviriam para o estudo do "problema de Espinosa"?
O tal relatório sobre os saqueamentos de Rosenberg, podemos encontrar na internet, ele está entre os documentos oficiais do julgamento de Nuremberg.
Para responder essas e outras perguntas, nosso autor constrói com uma maestria narrativa ficcional em que vai intercalando supostos acontecimentos da intimidade do filósofo santo e iconoclasta e do cruel assassino em massa, numa história sobre as origens do bem e do mal, sobre a filosofia da liberdade e a tirania do terror.
Irvin passou anos estudando a vida de Espinosa, o filósofo o intrigava - era só no mundo, sem família, sem fazer parte de qualquer sociedade - um filosofo que escreveu livros que mudaram o mundo de forma efetiva. Ele antecipou a secularização, o Estado liberal-democrático e a ascensão das ciências naturais, preparando assim o terreno para o Iluminismo.
O fato de ter sido excomungado pelos judeus aos 24 anos e censurado pelos cristãos pelo resto da vida sempre fascinou o escritor - e eu, de passagem! Essa estranha identificação com Espinosa acabou sendo reforçada quando Irvin ficou sabendo que Einstein, um dos seus primeiros heróis, era espinosista. Sempre que ele falava de Deus, era o Deus do Espinosa que se referia - "um Deus inteiramente equivalente à natureza, que inclui toda substância e que NÃO joga dados com o Universo" -, um Deus que significa que tudo acontece, sem exceção, e segue as imperturbáveis leis da natureza.
Irvin escreve um romance de ideias, assim como fez em seus livros anteriores sobre Nietzsche e Schopenhauer.
O livro é um enigma do começo ao fim, tem muita história consistente tanto sobre o que foi a vida do filósofo e sobre a Segunda Guerra Mundial.
Rosenberg também é um personagem importante, real e problemático.
O livro é uma "dança" de ideias emblemáticas, que só vai acrescentar e nos fazer refletir sobre tantas coisas injustas que acontecem desde que o mundo é mundo e lançar sobre nossos ombros uma luz; a luz que TODOS deveriam usar com consciência, mas em inúmeras vezes faltam-nos coragem, atitude, ou pior, medo.
Um livro com a história de um filósofo que viveu no século XVII, mas na verdade tão atual. Tão visionário.
Para quem gosta de Filosofia, mas "foge" dela por motivos óbvios: o seu grau de dificuldade, tá aí um livro que vai faze-lo entender as ideias de um dos maiores filósofos do século XVII de uma forma "descomplicada".
Se eu já gostava de suas ideias, agora posso defendê-las com certo grau de entendimento e ideias para me apoiar, afinal, estamos falando de Bento Espinosa, ou se preferir, em hebraico, Baruch Espinosa, ou em latim Benecditus Espinosa.
Boa leitura!

site: http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2016/04/bento-baruch-benecditus-tanto-faz.html
Cesar.Ming 10/02/2018minha estante
Olá, não acho este livro nas livrarias para comprar. Toparia vender seu usado? Obrigado. César




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