Oscar8 31/05/2014
Max conta boas histórias
Resenha publicada na revista Metal Warriors, n. 8.
Foi lançado no segundo semestre de 2013 a esperada autobiografia de Max Cavalera. Escrita em parceria com o jornalista norte-americano Joel McIver responsável por várias biografias de grandes bandas e músicos de Metal (Slayer, Motorhead, Black Sabbath, Metallica etc.).
A biografia conta desde a infância feliz e saudável de Max passando pela rebeldia e revolta ante a perda do pai, a criação do Sepultura, o primeiro contrato com a Cogumelo, a estabilização da formação, a ascensão da banda que rendeu o contrato com a Roadrunner e o lançamento dos clássicos ‘Beneath the Remais’ e ‘Arise’, a participação no Rock in Rio 2, a conquista do exterior, o sucesso global com os aclamados ‘Chaos A.D.’ e ‘Roots’ o casamento com Glória e a adoção de seus 5 filhos, a paternidade, a dolorosa separação do Sepultura, a criação do Soulfly, o hiato de 10 anos sem falar com o irmão Igor (ou Iggor como é tratado em todo livro), o Cavalera Conspiracy, o vício em álcool e drogas analgésicas, os dias atuais e os planos para o futuro e muito mais.
Max relembra casos, conta histórias hilárias, trás relatos tristes e sombrios, fala do processo de composição, conta da sua amizade com bandas e lendas do Metal (Ozzy e Lemmy aparecem em histórias inacreditáveis). Além de David Grohl que escreve o prefácio do livro e mostra um respeito e admiração total por Max, o livro ainda conta com depoimentos de: Sharon Osbourne, Sean Lennon, David Ellefson (Megadeth), David Vincent (Morbid Angel), Corey Taylor (Slipknot), Dino Cazares (Fear Factory) e muitos outros.
Críticas pesadas sobram especialmente para Wagner Lamounier (Sarcófago e fundador do Sepultura) chamado de ladrão. Monika Bass (ex mulher de Iggor) chamada de piranha e Paulo Jr. muito criticado em vários momentos do livro, Max diz que Paulo demorou 10 anos para aprender a tocar baixo, que não gravava os álbuns do Sepultura, que nos shows abaixavam o som do baixo já que Paulo não tocava nada mesmo e várias outras criticas. Já para Andreas e especialmente Iggor muitos elogios.
Existem algumas falhas no livro, na principal o documentário ‘Ruído das Minas’ nas palavras de Max vira ‘Metal em Belô’ ou ‘Belô Metal’. Reputo a falha principalmente ao jornalista McIver que deveria ter checado os dados e informações prestadas por Max, ou uma nota de rodapé dada pelos revisores ou tradutor explicando a pequena confusão.
Mas em comparação com os inúmeros acertos e histórias saborosas e deliciosas os erros são pequenos.
E em tempos que figurões da mpb querem censurar biografias, uma história engraçada e que espero não seja lida por Caetano Veloso e Gilberto Gil sob pena de censura. Durante as gravações de Arise no Estúdio ‘Nas Nuvens’ no Rio de Janeiro, a banda gravava durante as madrugadas com o produtor norte-americano Scott Burns. Mas um quadro com os dois ‘astros’ mpbistas já citados se beijando na boca enlouquecia Scott que fez sumirem com o quadro maldito para as gravações continuarem, pois ele dizia que não conseguia trabalhar com quadro tão grotesco.
E fechando com uma frase de Sharon Osbourne:
‘Quando se separou, o Sepultura estava perfeitamente pronto pra se tornar o próximo Metallica. Foi bem triste.’
Ótima obra que merece ser ouvida no volume máximo!