legarcia 26/02/2024
É preciso viver a vida, não desperdiça-la
Manuel Bandeira é um de nossos grandes escritores, então, estava satisfeita por começar essa leitura. Bandeira, que por um tempo alinhou-se com os movimentos da Semana de 22, apresenta nesse livro formas de escrever poemas muito diferentes daquelas da época.Para leitores acostumados com a poesia moderna, abstrata e livre, muitas vezes perde-se a noção do quanto escrever daquela maneira era disruptivo e gerava grande choque nos leitores de então.
Em ?libertinagem? podemos encontrar essa nova maneira quando deparamo-nos com diálogos em meio a poemas, pedaços de notícias de jornais? Bandeira escreve que estava cansado do lirismo sem liberdade, da poesia engessada em moldes rígidos e de poetas que necessitavam de um dicionário para utilizar palavras rebuscadas. Defendia uma literatura simples, a qual permitia que o autor explorasse formas novas e utilizasse palavras simples.
No entanto, não creio ser justo dar a Bandeira louros apenas por explorar novas formas de fazer poético quando sua obra vai muito além dessas ideias. Em ?libertinagem? o autor retrata dilemas humanos como a saudade da infância, a vida que poderia ter sido mais não foi? O curto poema ?andorinha? marcou-me pessoalmente. Nele, o eu lírico reflete acerca da dor de passar a vida ?a toa?, sendo que para os humanos, viver assim dói mais do que para a andorinha, a qual faz parte de sua essência ser dessa maneira, enquanto nós precisamos nos preencher existencialmente, porque a dor de poder ser e não ser, de não fazer o que se deve, é uma dor de alma.
Por fim, creio que conhecer a biografia do autor é interessante para uma compreensão maior dos textos. Manuel Bandeira com certeza é um grande escritor e teve papel importante em nossas letras, desde a infância cercado por boas companhias literárias como Sérgio Buarque de Hollanda e o grande Machado. A leitura dessa obra é muito recomendada.