Quando soube que a Novo Conceito lançaria o livro fiquei muito feliz porque ele era um daqueles muito elogiados tanto pela crítica quanto pelo público. Livros assim estão se tornando raro, ainda mais com histórias que passeiam entre o adulto e o jovem. A história de John Corey Whaley é singular. Não estava certa do que iria encontrar e só o que me vem à mente é a palavra singular. Um personagem diversos pontos de vista e uma história que aparenta ser mais de uma.
Cullen Witter, o rapaz que leva uma vida de cidade do interior, que tem uma irmão mais novo muito parecido com ele e que vê o primo morrer de overdose. Cullen está nos últimos momentos do ensino médio e acompanha como um observador a vida, seja na sua família ou na sua cidade, Lily em Arkansas. Enquanto o primeiro de Cullen morria, John Barling, um observador de pássaro jurava que havia visto um pica-pau Lázaro, que todos acreditavam estar extinto desde a década de 40 e Benton Sage chegava a África para sua primeira missão da igreja na Etiópia onde descobre que levar a palavra de Deus é algo diferente do que ele imaginava. Em um dia comum Cullen Witter estava com seu melhor amigo Lucas Cader quando conheceu Alma Ember e também um dia comum quando Benton Sage conheceu Cabot Searcy em um quarto na universidade. É a partir dessa cadeia de acontecimentos e encontros que a história de como Gabriel, um garoto excepcional demais para uma cidade tão pequena, desaparece sem deixar rastros é contada em meio a uma cidade em polvorosa por um pássaro que pode ou não estar de volta.
Preferi fazer um parágrafo de apresentação diferente porque a história merece. Desde os primeiros capítulos ficamos na dúvida sobre aonde o autor quer nos levar com sua história e esse fato é o que move o leitor capítulo a capítulo. A curiosidade genuína que surge a partir de pontos de vistas tão diferente e aparentemente sem um rumo específico. A narrativa é ótima, a voz que o autor imprime a cada um de seus personagens é curiosa e bastante diferente. Cullen é o melhor dos narradores e seu humor irônico leve preenche as páginas com uma fluidez espantosa. As descrições é um acessório a mais para essa história tão singular.
Se você me perguntasse sobre o que esse livro é não poderia responder com sinceridade sem estragar a surpresa. Esse livro por trás da trama é sobre pessoas, segundas chances e o modo como elas podem agir. Corey Whaley tem um modo muito único de contar um drama de forma tão leve e natural, que soa como um daqueles casos que ouvimos no interior. É uma bela história, que vai surpreender o leitor de uma maneira ou de outra. O verdadeiro X por trás do sumiço de Gabriel é algo que não imaginei nem de longe. Muitas pessoas podem não compreender a forma como o autor conta sua história. O problema é que a beleza da história está na forma como ela foi contada. Eu achei o fim ambíguo, fica duas possibilidades no ar e adoraria saber o que o autor pensou na verdade. Existem finais felizes ou não?
Leitura rápida, que flui em um ritmo agradável e que vai cativar o leitor pela sua singularidade. Uma história para ser lida e sentida, não totalmente entendida. John Corey Whaley capta com precisão o clima de cidade pequena e a complexidade do ser humano. O autor troca de primeira pessoa para terceira pessoa quando Cullen está imaginando coisas que não estão acontecendo e essa é uma dica que deixo para você ver o final de outra forma. A edição da (...)
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