Sô 05/12/2018Finalmente descobriremos se Aomame e Tengo se reencontrarão, mas antes disso, vamos ler bastante sobre a rotina diária dos dois nos mínimos detalhes. Pouca coisa acontece, Aomame continua trancada no apartamento se alongando, e Tengo acompanha o pai, que continua em coma, durante boa parte do livro. O diferencial é que teremos capítulos inteiros com o ponto de vista de Ushikawa, um personagem que parecia desprezível, mas que você passa a gostar e a se interessar. Embora essas passagens sejam interessantes, não dá para negar que não acrescenta muita coisa à história em si, uma vez que Ushikawa fica recapitulando coisas que já sabemos. Independentemente disso, a escrita do Murakami é maravilhosa, e faz com que a leitura tenha fluidez, mesmo sem um avanço aparente no enredo.
Os mistérios envolvendo o Povo Pequenino, a Crisálida de Ar e alguns personagens como a Fukaeri e o Líder, permanecem sem resposta. Da mesma forma que Tengo e Aomame ficaram sem resposta a respeito dos mistérios envolvendo esse mundo estranho de 1Q84, nós leitores temos que aceitar a mesma conclusão. O mundo de 1Q84 é um mundo paralelo onde existem essas criaturas, as duas luas pairando no céu e pronto. Só que tem coisas que eu gostaria de entender melhor. O cobrador da NHK, por exemplo, seria o subconsciente do pai de Tengo vagando por aí? E se for isso, porque ele escolheu Aomame e Ushikawa, além do próprio filho, para atormentar? Outra coisa que me intrigou bastante foi a enfermeira Kumi Adachi, que em certo ponto do livro diz que morreu uma vez, o que por si só já é bastante bizarro, mas o fato realmente esquisito é que ela morreu exatamente da mesma forma que a mãe de Tengo e de Ayumi. Não sei ao certo se deixei escapar algo ou se realmente não existe uma explicação.
O jeito é seguir o que o autor propõe e viver a experiência bizarra de 1Q84 junto com os seus personagens, sem buscar uma conclusão lógica para a história.