Carol 04/04/2022
Só mais uma história que tenta demonstrar que romances sáficos não podem ter um final feliz.
Eu não tinha visto o filme de "Azul é a cor mais quente" e devido a repercussão negativa de sua direção, decidi não assistir, mas ao saber que o livro era escrito de maneira saudável e consciente, fiquei interessada. Devo dizer que foi uma péssima escolha.
"Azul é a cor mais quente" é só mais uma história que tenta demonstrar que romances sáficos não podem ter um final feliz; e no caso dessa HQ, nem um meio feliz. Não é necessário levar em consideração o contexto histórico para analisar isso, sei que o cenário temporal é no início da luta LGBTQIA+ nos Estados Unidos, logo a sociedade seria, de qualquer forma, preconceituosa. Entretanto, não é necessário pensar nisso pois a crítica se volta ao fato de que nem o relacionamento entre as duas garotas era saudável, simples e feliz. Era um namoro claramente tóxico que, pior, tem fruto na traição, o que passa uma mensagem inconsciente ao leitor de que essa promiscuidade errônea que tentam aplicar para pessoas queer seria real. Detestável e deprimente. É como se ao longo das páginas, ficasse visível de que não existe maneira possível de garotas lésbicas serem felizes, porque parece que nem dentro da comunidade e do próprio namoro, podem se sentir seguras.
Por outro lado, os pontos positivos do livro foram a paleta de cores e a maneira que o sexo é retratado. A paleta de cores é em tons terrosos e acinzentados, passando pela psicologia uma sensação de tristeza e apatia, uma história dolorida. A única cor vívida que temos é o cabelo azul de Emma, o que passa a ideia de que tudo é causado por ela, como se ela fosse o centro da história. Além disso, a autora conseguiu retratar as relações sexuais entre as duas de maneira natural e simples, o que é importante para naturalizar relações sáficas que, assim como a grande parte das outras, fazem sexo também.
Portanto, é uma história que eu não recomendo; se você quiser ler/assistir alguma história que mostre de fato o preconceito da sociedade, mas valha a pena assistir, veja "Elisa & Marcela", a história real sobre o primeiro casamento homossexual da América Latina, tenho certeza que, apesar de tudo, te fará passar menos raiva.