Gezebel 26/06/2022EU VOU SÓ FINGIR QUE O FILME NÃO EXISTEE vou reler essa HQ o máximo de vezes que eu conseguir. Finalmente, chegou o meu primeiro favorito de 2022. Por mais que tenha um ponto de me incomoda profundamente nessa HQ - a diferença de idade entre as protagonistas - e eu entenda que essa possa ser uma realidade tanto dentro, como fora do Brasil, eu ainda assim preciso salientar o quão bom é ler HQs com HISTÓRIAS REAIS SOBRE CASAIS LGBTS. Sim, é válida toda a discussão que se tem em relação ao fato de que LGBTS não apenas sofrem por serem LGBTS e que mais representações do cotidiano devam ser abordadas nessas histórias. MAS, também é importante mostrar a realidade de casais que sofrem dentro de casa, na escola e entre a própria comunidade. Porque, pelo menos dentro da minha bolha de pessoas se aproximando dos 30 anos, essa era a nossa realidade. Fazendo uma comparação meio tosca, é muito bonito sim ver histórias como a do Nick e Charlie que, pelo menos nesses dois primeiros volumes que eu li conseguem encontrar uma realidade de vários LGBTS que dão suporte dentro do seu círculo de amigos, na família, na escola, mas essa ainda é uma realidade um tanto ficcional. Nem todos os LGBTS recebem esse tipo de apoio, ainda.
Eu achei de uma sensibilidade absurda a maneira como a autora representa a relação entre as duas protagonistas, priorizando a importância da confiança e cumplicidade. A realidade de um casal que sofre problemas, mesmo dentro da comunidade. Um casal ativista. Um casal que vê a sua questão vir a tona em momento extremamente intímo e espontâneo. Hoje, eu consigo dizer com clareza o quão errado é ter homens-diretores representando e adaptando histórias de questões do corpo feminino. Questões essas que eles nunca viveram, nunca sentiram e claramente, não têm a empatia para compreender, porque pelo menos nesse caso, ela não basta. Como eu sou feliz de ter lido essa HQ e ter de certa forma, "resetado" aquela experiência distorcida que é o filme.